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sábado, 8 de novembro de 2014

Todos somos responsáveis pela privacidade alheia


Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da reportagem e utilize o espaço de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quintas-feiras.

As fotos de famosas vazadas no fim de semana se espalharam rapidamente pela internet (caso você não tenha acompanhado o caso, leia aqui). E isso, por si só, é um problema. Demonstra que os usuários da internet carecem de uma consciência que respeite a privacidade. Se a internet é um meio de comunicação democrático, também temos todos responsabilidade pelo o que publicamos e compartilhamos.

Em fóruns da internet como o Reddit e o 4chan, onde as imagens foram disseminadas e compartilhadas, internautas estavam em êxtase pelo vazamento, quase que em celebração da façanha do "hacker" de obter e distribuir as fotos íntimas. Mas o invasor, embora tenha a maior parcela de culpa, não é responsável pelos compartilhamentos que garantiram a presença das imagens por toda a internet.

A imprensa, sem dúvida, tem sua parcela de culpa. Contudo, diferente dos milhares de anônimos que compartilham as fotos, protegidos pela "multidão", a imprensa terá de responder pela divulgação das imagens na Justiça, se a mesma for acionada. No Brasil, o Marco Civil da Internet garante inclusive uma exceção para conteúdo como esse, obrigando qualquer provedor de conteúdo a imediatamente retirar imagens íntimas cuja reprodução não foi autorizada pela pessoa retratada.

O respeito à privacidade não acaba no crime original, ou seja, na invasão. A privacidade é uma mentalidade coletiva. E não podemos fingir que isso só acontece com pessoas "famosas". Tivemos muitos casos recentes de mulheres que foram expostas. Mesmo sem a fama, as imagens ainda se espalharam pela internet e encontraram público entre pessoas que as conheciam.

O gosto pelo "proibido", tão normal, precisa, sim, ser substituído pelo respeito. Não é a legislação que vai solucionar esse problema, embora ela possa ajudar. Ainda assim, precisamos de empatia.
Se queremos ter a nossa privacidade e nossos momentos íntimos respeitados, temos que respeitar os momentos e a privacidade dos outros. Não cabe a ninguém divulgar uma imagem que não é sua, muito menos quando ela foi obtida por meio de um acesso não autorizado.

Você pode, e deve, se proteger. Evitar que fotos íntimas sejam sincronizadas com serviços em nuvem e não deixar fotos "perdidas" na sua caixa de e-mail ou na lista de mensagens enviadas. Cuidado ao vender seu telefone usado, já que dados podem ser recuperados mesmo depois de apagados. Dicas válidas, sem dúvida.

Nem tão válidas são as recomendações que sempre culpam as mulheres por estarem se "expondo". Não há nada de errado em aproveitar sua intimidade da maneira que você ache melhor. Os culpados são aqueles que roubam a privacidade desses momentos e não se pode admitir inversão de valores ou de responsabilidade para justificar nossa curiosidade mesquinha.

Quem hoje não está disposto a frear a curiosidade para respeitar a intimidade de outra pessoa estaria, no lugar de vítima, pedindo justamente por isso. É essa reflexão que precisamos fazer.

http://g1.globo.com/tecnologia/blog/seguranca-digital/post/todos-somos-responsaveis-pela-privacidade-alheia.html

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