IMPOSTÔMETRO:


Visite o blog: NOTÍCIAS PONTO COM

Visite o blog: NOTÍCIAS PONTO COM
SOMENTE CLICAR NO BANNER --

ANÚNCIO:

ANÚNCIO:

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Recordar e aprender: qual é a pronúncia correta? Rúbrica ou rubrica? Colméia ou colmeia?



1. Rúbrica ou rubrica? Colméia ou colmeia? 

Temos uma norma ortográfica, mas nunca teremos uma norma fonética. Os estudiosos se dividem, argumentam, explicam e cabe a nós, falantes da língua portuguesa, escolher uma ou outra proposta.
É importante lembrar que, neste assunto tão movediço da língua falada, qualquer opinião imperativa (= “não pode”, “é proibido”, “está errado”) é perigosa. Trata-se de uma opinião que deve ser respeitada, mas nunca vista como uma verdade absoluta. Devemos seguir os mais conceituados e, em casos divergentes, aceitar as duas opções como variantes legítimas.

O que não podemos esquecer é que a fala vem primeiro e a escrita vem depois. A escrita é uma tentativa de representar, com sinais gráficos, uma realidade sonora.

É absurdo afirmarmos que o “certo” é rubrica (=a sílaba tônica é “bri”), porque não tem acento na escrita. O fato é o inverso: devemos escrever sem acento, porque rubrica é um vocábulo paroxítono (pronúncia normal para uma palavra terminada em “a”). Se, com o tempo, a pronúncia /rúbrica/ for consagrada pelo uso da maioria dos falantes, a língua padrão tem a obrigação de aceitar as duas opções, como já aconteceu com tantas outras: acróbata e acrobata, biótipo e biotipo...

As diferenças regionais também devem ser respeitadas: poça (/pôça/ ou /póça/), pego (/pégo/ ou /pêgo/), grelha (/grêlha/ ou /grélha/)... Há também as diferenças entre o português falado no Brasil e o de Portugal: sílaba “tônica” aqui é sílaba “tónica” lá; sogros no Brasil é pronunciado com timbre fechado (/ô/), em Portugal é com timbre aberto (/ó/).

Muitos ensinam que devemos pronunciar “/colmêia/”, com timbre fechado, porque não tem acento gráfico: colmeia. Se fosse com timbre aberto, o ditongo “éi”, pela regra antiga, deveria receber acento agudo: colméia.

Temos aqui um belo raciocínio às avessas. Nos dicionários antigos, conservadores, lusitanos, palavras como “colmeia” e “centopeia” aparecem sem acento gráfico, porque, em Portugal, a pronúncia preferencial é com timbre fechado (/colmeia/ e /centopeia/). Mas não é assim que falamos no Brasil. Se aqui a maioria fala com timbre aberto (/éi/), os nossos principais dicionários e o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras faziam muito bem em registrar colméia e centopéia, com acento agudo.

O principal objetivo do novo acordo ortográfico é unificar a grafia e não a fala. Se Portugal e Brasil pronunciam diferentemente palavras como colmeia, centopeia, assembleia e outras, isso não importa. O importante é que a grafia seja a mesma. Pelo novo acordo, o ditongo /éi/, nas palavras paroxítonas não haverá mais acento gráfico: ideia, estreia, assembleia, colmeia, centopeia... 


2. Como é mesmo que se fala?
A pronúncia “correta” de algumas palavras sempre provoca discussões. Uma das dúvidas mais frequentes diz respeito ao timbre: a vogal tônica é aberta (/é/, /ó/) ou fechada (/ê/, /ô/)? Qual é a pronúncia correta: /pégo/ ou /pêgo/; /póça/ ou /pôça/?

Algumas palavras apresentam diferenças quanto à pronúncia brasileira e à lusitana. No Brasil, por exemplo, pronunciamos COLMEIA, CENTOPEIA e eu FECHO (do verbo FECHAR) com timbre aberto; Em Portugal, preferem COLMEIA, CENTOPEIA e eu FECHO com timbre fechado (/ê/).

Há também diferenças regionais: em São Paulo, a POÇA d’água apresenta timbre aberto (/póça/) e o particípio irregular PEGO (do verbo PEGAR) é pronunciado com timbre fechado (/pêgo/); no Rio de Janeiro, a POÇA d’água tem timbre fechado (/pôça/) e ele foi PEGO, com timbre aberto (/pégo/).

Os dicionários Aurélio e Houaiss afirmam que a pronúncia oficial do vocábulo OBESO é aberta (/obéso/). O Aurélio faz uma observação: no sul do Brasil, é frequente a pronúncia com timbre fechado (/obêso/). Acredito que a pronúncia com timbre fechado esteja se impondo em todo o país. 
Na minha opinião, deveríamos considerar como “corretas” as duas pronúncias: /obéso/ e /obêso/. Isso não seria uma exceção, pois já ocorre com outros vocábulos. Os dicionários Aurélio e Houaiss consideram, por exemplo, BLEFE e GRELHA com dupla pronúncia.

Merecem atenção também as palavras que sofrem metafonia (mudança de timbre da vogal tônica no plural = /ô/ > /ó/): jogo – jogos; povo – povos; porco – porcos; novo – novos...

O problema é que muitas palavras não sofrem metafonia (=mantêm o timbre fechado no plural): almoços, bolos, cachorros, esposos, globos...

Existem algumas dúvidas: segundo os nossos principais dicionários, caroços, corvos, fornos e socorros têm timbre aberto, e acordos, contornos, soros e transtornos, timbre fechado.

Existe um velho “macete”, que não funciona 100%, mas ajuda muito: se o feminino tiver timbre aberto, o mesmo ocorrerá no plural: porco – porca – porcos, novo – nova – novos; caso contrário, todos ficam com timbre fechado: cachorro – cachorra – cachorros, esposo – esposa – esposos.

Uma exceção seria o SOGRO. No feminino não há dúvida: é SOGRA, com timbre aberto; mas no plural há problema: no Brasil, SOGROS apresenta timbre fechado e, em Portugal, a pronúncia é com timbre aberto.

O mais importante de tudo é respeitar as diferentes pronúncias. Regionalismos e sotaques não são “crimes”.

São variantes linguísticas válidas.

Nunca esqueça que a língua falada vem antes da escrita.

Em razão disso tudo, a reforma é somente ortográfica. Nada muda na pronúncia das palavras.

http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/recordar-e-aprender-qual-e-pronuncia-correta.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário