O que os pais devem fazer ao descobrirem que o filho está envolvido com drogas?
Por Jaime Kemp
1. Não negue suas suspeitas
Por favor, por mais difícil que seja, não escolha ignorar, sufocar ou esconder de si mesmo o temor de que ele esteja experimentando drogas. A droga não escraviza uma pessoa de uma hora para outra. Ela precisa de tempo para tornar alguém dependente e você, pai, pode tomar algumas providências efetivas para tentar ajudar seu filho Não pense que a curiosidade, a fuga, o prazer, a depressão, enfim, aquilo que impulsiona seu filho à droga vai parar num passe de mágica ou quando você ou ele determinarem. Se você não agir rapidamente, estará desperdiçando um tempo precioso.
2. Aprenda a reconhecer os sintomas perigosos que indicam o abuso de drogas
a. perda de energia e ambições
b. declínio significativo no aproveitamento escolar
c. dispersão da atenção
d. comunicação prejudicada - dificuldade até para articular palavras
e. dificuldade para conviver com outras pessoas chegando até a desrespeitá-las, ficando arredio
f. rosto pálido, olhos vermelhos, olhar estagnado, com reações lentas como se estivesse sonolento
g. aparência negligenciada
h. exasperação à menor crítica
i. mudança de comportamento - antes, empreendedor, ativo, competitivo - depois passivo, acomodado
j. amizades misteriosas: telefonemas furtivos, amigos que não se identificam e que nunca aparecem
l. necessidade de ter mais e mais dinheiro. Começam a sumir objetos e quantias guardadas em casa.
3. A dissimulação e a mentira são dois inimigos poderosos
Para vencer esses inimigos do cotidiano do seu filho, você precisa procurar conhecer e conversar com os pais dos amigos dele, com seus professores e com a vizinhança. Não exclua a possibilidade de ter que revelar suas suspeitas e até ser obrigado a pagar o preço de passar por embaraços e constrangimentos.
Pai, talvez você e sua esposa não tenham precipitado seu filho ao abismo das drogas, mas cuidado, seu orgulho pode fazê-lo resistir em admitir um problema seríssimo.
4. Seja coerente com seu filho
Elabore regras claras e justas em três áreas:
a. estipule um "horário de recolher", determine a hora em que ele deve voltar à casa.
b. acostume-o a prestar contas sobre o dinheiro que gasta, seja salário ou mesada.
c. observe atentamente quem são seus amigos, onde ficam e o que gostam e costumam fazer.
5. Mantenha um diálogo sempre aberto com seu filho
Sei que isso nem sempre será fácil; talvez alguns possam considerar uma ilusão, mas garanto que todo empenho, disposição e esforço são valiosos, mesmo que o progresso seja vagaroso e pequeno.
Seu interesse em ajudar seu filho, que está confuso e sendo enganado pela breve euforia fantasiosa da droga, a princípio pode irritá-lo, mas em algum momento seu gesto de dedicação e carinho fará com que ele reconheça seu cuidado, afeto e aceite seu auxílio.
Também julgo importante que os pais formulem um plano de ação, buscando ajuda e conselhos com psicólogos cristãos, obreiros ou pessoas que atuem na área de ajuda ao dependente químico em quem confiem e que reputem equilibradas.
6. Prepare-se para tempos difíceis, porém, não desanime, não desista!
Não se dê por vencido, mesmo que o processo de libertação da droga seja extenuante, lento e de avanços mínimos. Lembre-se, seu amor incondicional por seu filho é uma força muito mais contundente e poderosa do que qualquer droga!
Fumo

Informações sobre os efeitos prejudiciais do fumo ao corpo humano acumulam-se nas últimas cinco décadas. Mesmo com todas as evidências conclusivas de que esse vício representa um perigo à saúde, mais que 35% de adolescentes e jovens brasileiros renderam-se aos "prazeres" desse hábito
Na mesma proporção das roupas que o jovem usa, do estilo de cabelo que adota, fumar também revela como ele é. Permita-me sugerir, querido pai, o que acredito que seu adolescente esteja tentando comunicar ao aderir ao vício do tabaco:
- Eu pertenço...
Quase universalmente, a primeira vez que um rapaz ou uma moça experimenta um cigarro é no contexto de um grupo. Em outras palavras, ele começa a fumar por causa da pressão exercida pelos seus colegas.
A nicotina é um tipo de veneno que, geralmente, causa náusea quando são dadas as primeiras tragadas. Então, é necessário muito estímulo e encorajamento da turma para apreciar e perseverar um hábito que, a princípio, pode ser repugnante.
- Eu já cresci!
Poucos adultos avaliariam um jovem pela quantidade de maços de cigarro que ele consome. O adulto estima maturidade pela responsabilidade que a pessoa consegue assumir e cumprir. Por outro lado, para os adolescentes, a maturidade relaciona-se aos privilégios conquistados. Nós, às vezes inconscientemente, comunicamos que fumar é prerrogativa de adulto.
- Eu posso!
Ninguém quer ser passado para trás, ninguém gosta de ser enganado ou menosprezado. Uma das maneiras que uma pessoa encontra para se impor é mostrando-se auto-suficiente, dona de si.
Fumando, ela se sente assim. Até as marcas de cigarro sugerem isso. Uma delas escolheu um fazendeiro forte, ágil, destemido, que domina seu cavalo e conduz o gado com determinação e destreza. Um vencedor! (Só não dizem que, alguns anos após ter feito aquela propaganda, o maravilhoso "cow boy" definhou até morrer de câncer no pulmão!)
- Eu sinto raiva!
Muitos jovens estão crescendo à medida em que a raiva também cresce em seu íntimo. O alvo tem endereços certos, tais como: autoridades, os pais, Deus e, até, eles próprios. Às vezes, quando um jovem está zangado resolve fumar para desafiar, ferir e atingir aos outros e/ou à pessoa de quem sente raiva.
- Eu sou viciado!
Para mim, há um momento em que o vício do fumo toma conta do jovem e é preciso muita força de vontade para reverter o processo. Uma vez que foi ultrapassada a fase inicial e experimental, o resto fica por conta da nicotina, que se torna dona da situação.
O batimento cardíaco, a digestão, a pressão sangüínea, o sono e a temperatura corporal são afetados pelo fumo. Mas a pessoa se acostuma com a droga e, uma vez viciada, fica muito difícil abandoná-la.
A grande maioria dos fumantes gostaria de parar com o vício, mas são impedidos porque não encontram em si mesmos força de vontade, disciplina e motivação necessárias. Obviamente, a nicotina é o fator que impossibilita a pessoa deixar de fumar.
O que fazer quando descobrir que seu filho fuma?
1. Seja exemplo
Pai, se você tem o hábito de fumar, não espere que seu filho se abstenha desse vício. Ele não é hereditário, mas o exemplo do pai geralmente influi para que o filho faça opção semelhante.
Foram feitas pesquisas que comprovam o fato de que um não-fumante recebe a fumaça expelida dos cigarros e também acaba, por tabela, inalando nicotina.
2. A pessoa que fuma não acrescenta nada de significativo à sua vida
Um dos alvos que o pai deve ter é mostrar ao filho como desfrutar a vida e desenvolver-se como ser humano vencedor, sem depender de vícios para realizar-se, impor-se ou encontrar prazer.
3. O fumo sempre prejudica a vida de uma pessoa
O pai deve alertar o filho, desde pequeno, sobre os prejuízos concretos que o fumo acarreta à saúde. Por exemplo, está comprovado por pesquisas médicas que o cigarro diminui o tempo de vida das pessoas. Os próprios fabricantes de cigarro são obrigados a imprimir nos maços um alerta sobre esse risco.
4. Continue amando e aceitando incondicionalmente seu filho, apesar dele estar fumando
De qualquer forma, mesmo que você descubra que seu filho está fumando, ame-o e aceite-o como pessoa, como o filho que você tanto ama, mas deixe absolutamente claro que o vício que ele tem não o agrada porque é prejudicial à saúde dele.
Na verdade existem circunstâncias em que o fumo é o sintoma de algum desajuste ou problema. Assim, ele não é a causa, a raiz que deve ser combatida, mas a conseqüência. Os pais devem ser sensíveis e não descarregar sobre seus filhos sua decepção e desagrado por eles estarem fumando, de forma que isso os impeça de averiguarem o que se esconde por trás desse grito de rebeldia, ou de socorro. Como na maioria das ocasiões em que enfrentamos problemas na nossa vida, o diálogo, a compreensão e o amor são a melhor solução.
Álcool
No estilo de vida da sociedade atual tornou-se praticamente aceitável que os adolescentes bebam. O efeito da bebida alcoólica para as crianças, adolescentes e jovens é pernicioso, destruidor e atinge, também, muitas moças e rapazes cristãos que convivem em nossas igrejas.
Eles aprendem a beber observando seus pais e através do bombardeio impiedoso da mídia. É habitual assistirmos programas humorísticos onde o bêbado surge caracterizado como alguém divertido, engraçado, alegre; em muitos programas de auditório ou shows de entrevistas e música, as pessoas aparecem fumando e segurando uma dose de whisky em suas mãos; geralmente, na maioria das novelas, há um personagem ou outro que não dispensa os pseudos prazeres de um copo.
Aparentemente, é quase impossível isolar e proteger nossos filhos de uma sociedade viciada.
Entretanto, creio que existam algumas formas de prepararmos nossos filhos para enfrentarem essa ameaçadora realidade.
Primeiramente, e como tenho enfatizado incessantemente neste livro, o exemplo é o fator de maior impacto na vida de um filho. O que seu exemplo tem comunicado a seu filho? Você é disciplinado e equilibrado em relação à bebida?
À medida que envelheço reconheço, cada vez mais, que em muitas coisas sou semelhante a meu pai. O círculo continua e agora minhas filhas refletem muito do que eu sou. Que grande responsabilidade pesa sobre os ombros de todos os pais e de todas as mães!

Em segundo lugar, é essencial dialogar com seu filho sobre o perigo dos excessos com a bebida. O álcool tem sido considerado símbolo de divertimento e prazer, envolvendo seus adeptos numa áurea de refinamento e status, mas não revela com honestidade as mazelas que traz em seu rastro.
Converse com ele sobre os motivos, as carências, as decepções, as frustrações, enfim, o sofrimento e a insatisfação que leva um homem a permitir que a bebida o escravize e vença. Responda correta e adequadamente às perguntas que ele fizer, até aquelas mais embaraçosas, mesmo sobre os membros da família que têm o vício de beber.
Busquem juntos, na Palavra de Deus, o que ela ensina sobre o assunto. Os jovens precisam entender claramente o que a Bíblia quer dizer quando afirma que seus corpos são santuários de Deus (1 Co 6.19,20); quem ou o quê deve controlar sua vida (Ef 5.18,20); o exemplo que ele deve transmitir aos outros (1 Co 10.23 a 11.1); a responsabilidade de ser bom mordomo de seus bens e talentos (Mt 25.14-30).
Já em terceiro lugar, desafio todos vocês a dispensarem a seus filhos um tempo de qualidade que proporcione o desenvolvimento de um relacionamento íntimo com eles. Empenhe-se nessa tarefa desde quando eles ainda são pequenos, mas em especial durante sua adolescência e juventude.
Pai, se você for amigo íntimo de seu filho, ele terá liberdade e confiança para compartilhar com você seus conflitos, dúvidas e alegrias.
Amado leitor, é sábio prevenir os problemas e dedicar-se a um filho procurando orientá-lo a fim de que ele evite e fuja do mal. Mas o que você fará se um dia alguém o trouxer para casa carregado, bêbado, desnorteado? Qual deve ser a resposta de um pai ao constatar que seu filho é um alcoólatra?
Mesmo quando esmagados pelas evidências, muitos pais negam o envolvimento de seus filhos com o álcool e/ou drogas. Alguns, quando se convencem e reconhecem o problema, procuram um culpado, muitas vezes os amigos, a escola, etc. É verdade que os amigos são uma influência poderosa na vida dos adolescentes e jovens, mas essa dificuldade, em particular, diz respeito a seu filho e não adianta procurar apontar culpados. Se os pais continuam obstinadamente cegos, se insistem na negação, isto só agrava e retarda a possibilidade de solucionar o problema.
Por outro lado, há pais que explodem, esbravejam, descontrolam-se afetando seriamente sua relação com os filhos e, até mesmo, afastando-os de si, quem sabe definitivamente, precipitando-os a afogar suas dores e frustrações em mais e mais bebida. Concordo que esta pode ser, perfeitamente, a resposta de um pai que se sente malogrado na sua função paterna, decepcionado, entristecido, fracassado, culpado ao ver seu filho derrotado pelo álcool. Entretanto essas reações só atropelam ainda mais o caminho para o arrependimento e para a cura.
Se for a primeira vez que seu filho tem esse procedimento, converse amorosamente com ele e tente entender o porquê de ter acontecido. Verbalize seus sentimentos sem agressividade, sem acusações ou ataques. Mesmo que isso tenha ocorrido várias vezes, seja: "... pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tg 1.19). Seja rápido para perdoar e: "Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou" (Ef 4.32).
Isso não quer dizer, que o filho não será disciplinado de alguma maneira ou não arcará com as conseqüências de seus atos. Mas seu principal propósito será o de sempre manter a linha de comunicação desimpedida e, ao lado dele, procurar uma resposta e solução para o problema.
Responda sinceramente: você está mais preocupado com tudo que ele está passando ou com o que isso pode representar à sua reputação e imagem pessoal e familiar perante seus amigos e conhecidos? Talvez você sinta culpa, ansiedade por ter cometido erros na educação do seu filho e ache que esses erros são a causa de tudo o que está acontecendo. Os pais devem ter o cuidado de não carregarem tal culpa, mesmo entendendo que erraram em vários aspectos enquanto criavam seus filhos. Tal sentimento não leva a lugar algum.

Os pais devem aproveitar essa crise na vida dos filhos para confirmar seu amor e aceitação. Abrace-o e diga-lhe o imenso valor que ele tem para você. É através das crises da vida que é possível acontecer a transformação de relacionamentos e aprofundar a comunicação e o amor entre todos da família.
É normal os pais colocarem esses fardos às costas e os carregarem sozinhos, receosos sobre o que os outros pensarão se descobrirem o que está acontecendo. A Bíblia conclama que levemos as cargas uns dos outros (Gl 6.2). Penso que, às vezes, é mais fácil levar a carga de outra pessoa do que nos abrirmos para compartilhar nossas dores.
Compartilhe suas necessidades, angústias e dores seletivamente, com um pastor, amigo cristão, que seja aberto, compreensível e confiável. Você precisará de orações, conselhos e até de informações. Muitos têm enfrentado experiências semelhantes à sua, e a igreja é fortalecida quando se torna um hospital onde as pessoas são tratadas, curadas e recebem o carinho e o amor de seus irmãos.
JAIME KEMP é atualmente diretor da Sociedade Religiosa Lar Cristão. Foi missionário da Sepal por 31 anos e fundador da Missão Vencedores Por Cristo. É conferencista e autor de 33 livros. Aceita convites para seminários e palestras.
Fonte: Bíblia World Jovem – Coluna: Filhos e Pais
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