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sábado, 10 de janeiro de 2015

TEXTO: AS SURPRESAS DESSA VIDA


AS SURPRESAS DESSA VIDA

Gilbamar de Oliveira Bezerra

Quantas surpresas na vida
modificam nosso dia
algumas trazem tristezas
outras muita alegria
são tantas que vem com riso
nos fazendo perder o siso
várias com melancolia

Diversas nos enternecem
mas tantas nos fazem sofrer
vem na forma de carinho
à noite ou ao amanhecer
destroem ou edificam
amargam ou adocicam
transformando nosso viver

Elas são interessantes
tem aquelas engraçadas
capazes de mudar tudo
que nos levam às risadas
muitas são tão cabeludas
que até falam as mudas
quando são amarguradas

Mas há surpresas ingênuas
sem nenhuma consequência
que somente surpreendem
não trazendo malquerença
por vezes hilariantes
uns fatos estonteantes
com jeito de inocência

Uma dessas aconteceu
certa noite em meu apê
ao ouvirmos um barulho
que altas horas faz tremer
já ficamos de prontidão
com pedaços de pau na mão
não sabíamos o que fazer

Minha esposa me olhou
então retribui o olhar
quando novo baque surdo
me fez da cadeira pular
alguma coisa havia
meu coração já sabia
precisava verificar

Qual não foi nossa surpresa
quando tudo descobrimos
um pássaro assustado
foi somente o que vimos
um pardalzinho, coitado,
bobo, desorientado,
e dessa surpresa nós rimos

Por um acaso da vida
não sei que horas do dia
o bicho havia entrado
sem querer pois não queria
ficava se debatendo
por pouco enlouquecendo
mas fugir não conseguia

Algo devia ser feito
pra ajudar o passarinho
senão passaria a noite
provocando burburinho
restava abrir janelas
para que por meio delas
pudesse voar o bichinho

Mas de tão apavorado
pra longe de nós voava
o pardal atemorizado
quando me aproximava
ficava se debatendo
ia nos ares tremendo
chegar perto não deixava

Eu tentava agarrá-lo
minha mulher isso também
mas de tão apavorado
não permitia que ninguém
dele se aproximasse
e por mais que eu tentasse
nem com reza ou com amém

Tínhamos boa intenção
queríamos libertá-lo
mas pra isso acontecer
teríamos que pegá-lo
disso ele não sabia
então de medo morria
e se quiséssemos matá-lo?

Corremos para lá e pra cá
dois cansados já suando
chegávamos perto e ele
saltava escorregando
encontrava as paredes
se tivesse duas redes
eu o acabava pegando

Que bichinho desvairado!
Em alguns poucos momentos
escondeu-se num armário
e já cheio desse tormento
desisti de persegui-lo
é bem mais fácil pegar grilo
que pardal em movimento

Achei melhor esquecê-lo
que fosse à pata que o pariu
se ele veio de repente
que se fosse como surgiu
ou secasse até morrer
eu não queria mais sofrer
faz de conta que ninguém viu

Tão-logo o silêncio se fez
voltei ao meu computador
fazendo minhas poesias
cantando loas ao amor
falando de fantasia
de beijos, paz e alegria
de quanto a paixão causa dor

Porém nem mesmo um verso
encontrei tempo pra rimar
porque logo o pardalzinho
alvoroçou-se pra voar
saiu do esconderijo
esquecendo do perigo
na ânsia de se mandar

Mas ele, nervoso, nos viu
e muito mais se apavorou
voando feito foguete
na parede ele topou
despencou bem ao meu lado
trêmulo, desesperado,
cheio de medo me olhou

Tão ágil quant'o guepardo
perseguindo seu almoço
dei um pulo da cadeira
com um grande alvoroço
agarrando o passarinho
com cuidado, com carinho
pra não quebrar nenhum osso

Eu vi medo nos seus olhos
ele parecia chorar
certamente não pensava
que logo iria voar
ainda tentou se mexer
num último gesto que
dizia: eu quero lutar!

Frente à janela aberta
segurando o pardal na mão
avistando a lua cheia
e lá embaixo a escuridão
quis mostrar só simpatia
mas isso a ave não via
de tão tenso seu coração

Pela última vez o olhei
sorrindo abobalhado
mas ele lá me fitando
com olhar desconfiado
botei meu braço pra fora
muito frio àquela hora
como ar refrigerado

Devagar abri meus dedos
para fazer tudo certo
quando o pardalzinho notou
que já estava liberto
abriu asas altaneiro
e na pressa do desespero
pela noite escura voou

http://movimento-sem-sala.blogspot.com.br/2012/07/mensagens.html

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