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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Batimentos lentos e o marca-passo. Veja como o funciona o marca-passo e como ele pode ajudar no tratamento das arritmias.

Batimentos lentos e o marca-passo.
Veja como o funciona o marca-passo e como ele pode ajudar no tratamento das arritmias.

O sistema elétrico do coração pode, eventualmente, apresentar bloqueios que impedem a passagem do impulso elétrico, fazendo com que ele bata mais lentamente. O resultado disso é a arritmia conhecida como bradicardia ou batimentos lentos do coração, que podem ser acompanhados também de desmaios, tonturas ou fadiga.
As bradicardias mais frequentes são classificadas em três tipos, a depender do local em que o bloqueio do sistema elétrico do coração esteja acontecendo. Quando o bloqueio ocorre no nódulo sinusal, que é responsável pelo correto batimento do coração, dizemos que há disfunção do nódulo sinusal. O bloqueio do impulso elétrico pode ocorrer ainda no nódulo atrioventricular ou nos ramos direito ou esquerdo do sistema elétrico do coração. O importante é que qualquer que seja o tipo do bloqueio, ele pode levar à diminuição do número de batimentos cardíacos. A depender da gravidade dos sintomas, pode haver necessidade de implantar um marca-passo artificial.


"O marca-passo monitora a atividade cardíaca e, quando não há nenhuma pulsação natural, ele libera um impulso elétrico que causa a contração do músculo cardíaco."

O marca-passo é um dispositivo leve e pequeno que serve para estimulação elétrica através de um gerador de pulsos e eletrodos. O gerador elétrico é composto por um circuito eletrônico miniaturizado e uma bateria compacta. O marca-passo monitora a atividade cardíaca e, quando não há nenhuma pulsação natural, ele libera um impulso elétrico que causa a contração do músculo cardíaco. O dispositivo fica ligado ao coração através de eletrodos, através dos quais os sinais elétricos são transportados do coração para o aparelho e do aparelho para o coração.

O uso do marca-passo é importante porque doenças, ou mesmo o processo de envelhecimento, podem comprometer o ritmo normal do coração, fazendo com que ele bata de forma irregular e/ou lenta (bradicardia). O aparelho dá ao coração o suporte necessário para minimizar ou acabar com esses sintomas. Existem ainda os marca-passos para tratamento e profilaxia de taquicardias graves que podem ocasionar a morte súbita e são chamados de cardioversores-desfibriladores implantáveis. 

Para os paciente portadores de falência total da bomba cardíaca ou insuficiência cardíaca congestiva, existem os ressincronizadores cardíacos. Trata-se de um tipo de marca-passo composto de três eletrodos, posicionados em átrio direito, ventrículo direito e no seio coronariano, o que permite o controle da dissincronia ventricular, ou seja, os ventrículos que batem em tempos diferentes, devido ao bloqueio do ramo esquerdo, principalmente, passam a se contrair simultaneamente e com mais força de contração. Isso melhora a congestão pulmonar, o número de internamentos, a qualidade de vida e permite que o paciente aguarde na fila de transplante cardíaco.


CIRURGIA PARA IMPLANTE DE MARCA-PASSO

São realizados atualmente dois tipos de cirurgia. O método mais tradicional é a cirurgia endocárdica, que consiste na introdução dos eletrodos do marca-passo através de veias que chegam ao coração. Há ainda a cirurgia epicárdica, em que é realizada uma cirurgia cardíaca, sob anestesia geral, em que os eletrodos são implantados diretamente no músculo cardíaco e o marca-passo numa bolsa criada abaixo da pele no tórax ou no abdome (para crianças principalmente).


A cirurgia endocárdica é considerada um procedimento relativamente simples e seguro e é realizada sob sedação e anestesia local, ou seja, o paciente não sente dor e dorme durante todo o procedimento, que dura entre duas e quatro horas. Normalmente, o marca-passo é colocado na região do tórax, logo abaixo da clavícula, podendo ser do lado esquerdo ou direito. 

O gerador é colocado por uma incisão de aproximadamente 2 cm na pele, a partir da qual se cria uma pequena “bolsa” entre a pele e o tecido acima do músculo. Os eletrodos são colocados através da veia dentro do coração com o auxílio de raios-X. Após a colocação dos eletrodos, devem ser realizados testes para assegurar que tanto eletrodos como gerador funcionam corretamente. O gerador é então conectado aos eletrodos e inserido dentro da “bolsa”.

Em geral, após o procedimento, o paciente permanece no hospital por um período mínimo de 12 horas, podendo seguir para sua casa no dia seguinte. Antes da alta hospitalar, é necessário passar por um eletrocardiograma e uma radiografia de tórax para verificar os pulmões e a posição dos eletrodos. 

Em termos de inovações, já existem marca-passos compatíveis com ressonância magnética, marca-passo subcutâneo (sem eletrodos) e um marca-passo que é quase do tamanho de uma cápsula, que é implantado dentro do coração e não precisa trocar a bateria.

As principais recomendações após implantar o marca-passo também são relativamente simples, quando não óbvias: não molhar a ferida e o curativo por um período de cinco dias após o implante; retirar o curativo e deixar a ferida aberta após o quinto dia; tomar analgésicos comuns em caso de dor (como os que são à base de dipirona e paracetamol ou anti-inflamatórios, indicados pelo especialista); evitar carregar peso no lado do marca-passo por um mês; evitar movimentos como pentear os cabelos ou tentar alcançar locais altos com o braço do mesmo lado do marca-passo durante um mês. A sutura (os pontos) é absorvida pelo organismo.

Não há nenhuma restrição quanto ao uso de aparelhos eletrônicos mais comuns, como eletrodomésticos, TV, rádio, geladeira ou forno micro-ondas. Ao usar o celular, no entanto, recomenda-se sempre falar do lado oposto ao do marca-passo e evitar carregá-lo nos bolsos superiores das camisas.

Em situações em que é preciso passar por detectores de metais, como em bancos e em aeroportos, a recomendação é que essa passagem seja feita rapidamente, evitando estender o tempo de ação dentro do campo magnético.

Será necessário contatar o médico cardiologista antes de o paciente agendar exames de ressonância nuclear magnética, litotripsia (laser para quebrar pedras nos rins) e radioterapia. O mesmo se dá para procedimentos cirúrgicos em que se utiliza bisturi. O ideal é marcar consulta com o médico que realizou o implante para revisar o marca-passo em até seis semanas após a cirurgia. Todo portador de marca-passo deve fazer o controle do aparelho com um mês, três meses e, a partir daí, a cada seis meses. A bateria poderá ter uma longevidade que costuma variar de três a dez anos, com média de seis anos. A maior parte dos problemas relacionados com o marca-passo são resolvidos através da programação. 


Lenises de Paula van der Steld / CRM BA 7819

Especialização em Medicina Interna. Especialização em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Especialização em marcapasso pelo IDPC . Estágio em Eletrofisiologia no Incor,em Aalst - Bélgica e Maastrich -Holanda. Chefia do Serviço de Marcapasso e Arritmias do Hospital São Rafael em Salvador.

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