DÊ VALOR À VIDA – USE O CINTO DE SEGURANÇA.
Hoje o telefone da minha casa tocou e era o marido da minha mãe, desesperado porque um taxista “entrou” na traseira do carro no meio da Avenida Rebouças. Eu ajudei a acalmá-lo e o orientei; no fim ele acabou apenas dolorido.
Quando eu tinha 17 anos, minha irmã pegou a irritante mania de ficar falando “Põe cinto de segurança!” mesmo quando eu estava no banco de trás. Eu queria matar essa menina. Eu até sabia que no fundo ela tinha a sua razão, que aquilo era lei e que não mudaria em nada a minha vida… Mas não obedecia! Por birra e por comodidade… Até mesmo pelo prazer de poder escolher não colocá-lo. Pura imbecilidade, afinal eu sabia dos riscos e mesmo assim fazia essa opção. Pois bem, anos depois eu passei por algumas situações que transformaram a minha forma de enxergar o trânsito e a minha própria vida.
Em plena luz do dia, no cruzamento entre a Avenida Angélica e a Rua Alagoas, um carro em alta velocidade – na pressa para ultrapassar um caminhão em uma curva fechada – entrou na contramão em direção ao meu carro. Eu estava parada no semáforo e conversando com uma amiga, rindo sobre um episódio que tinha acabado de acontecer com outros amigos, quando em frações de segundos congelamos ao avistar o carro e entender o que estava prestes a acontecer. Prendemos a respiração. Não haveria tempo para nada: desespero, lágrimas, despedidas. E então o motorista teve o reflexo de desviar para a faixa ao nosso lado – mais na contramão ainda – que, por sorte, estava vazia. E foi embora. Sobrevivemos.
Uma outra vez eu estava de passageira no banco de trás com meu namorado e um outro casal de amigos nossos estava nos bancos da frente. Ironicamente estávamos tentando “desenterrar” os cintos de segurança traseiros para que os pusessemos… Já que estava dando bastante trabalho, acabamos iniciando a viagem mesmo assim. Duas quadras depois, o carro estava a cerca de 40km/h e acelerando quando, de repente, um pedestre (literalmente) se jogou na frente do carro – o que fez com que a freada brusca nos fizesse voar para frente. Preocupados com o pedestre, ficamos até surpresos quando ele se levantou e pediu desculpas, saindo apressadamente e visivelmente bêbado. Quem imaginaria que algo assim poderia acontecer? No meio da cidade, tão devagar… Mas aconteceu.
Eu mesma Já bati o carro: certa vez bati em um carro que bateu em outro carro, que bateu em outro carro. Nessas horas, se algo acontecer, não fará diferença se a culpa foi minha ou não. Não seria melhor prevenir? Já entrei na contramão em labirintos paulistanos mal sinalizados e desviei de acidentes iminentes. Em alguns casos tive que me esforçar para proteger os passageiros que estavam no banco de trás – expostos, desprotegidos, vulneráveis – sem cinto de segurança. Por isso, após passar por situações como essa, ver tantos acidentes no noticiário, conhecer a legislação e por ser uma atitude tão simples não consigo mais entender a insistência na recusa em colocar esse acessório, que pode nos proteger e impedir que “o pior aconteça”. Somos vulneráveis. Carros são pura lataria, passíveis de falhas e longe de serem à prova de acidentes.
E vejam só: ao chegar em casa, o marido da minha mãe – que sempre resmunga quando me escuta dizer “Você poderia por o cinto de segurança, por favor?” e que insiste em circular por aí sem utilizá-lo, quer esteja no banco da frente ou no de trás – me disse:
– Estou super dolorido, mas graças a Deus estava com cinto de segurança. Adivinha em quem eu pensei assim que percebi que o pior não havia acontecido. Obrigado!
Podem me chamar de mãe, de chata e do que quiserem. Precisamos dar mais valor à vida.
https://2minutinhos.wordpress.com/author/miweiser/
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