Artista teria sofrido um infarto na clínica de repouso onde vivia
Em 1998, atriz lançou CD com poesis de Vinicius de Moraes
Foto: Ver Descrição
Atriz conhecida das telas de televisão e do cinema, Odete Lara morreu nesta quarta-feira, aos 85 anos, no Rio. A artista teria sofrido um infarto pela manhã, em um clínica de repouso em que vivia. Nesta quinta-feira, o corpo será cremado em cerimônia da cidade fluminense de Novo Friburgo, onde morou por muito tempo em um sítio.
Em sua carreira, Odete participou de quase 40 filmes, sendo considerada a musa do Cinema Novo, participando de produções como Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri, e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha. Outro filme de destaque foi Moral em Concordata (1959), no qual atuou ao lado de outra musa da época, a gaúcha Maria Della Costa, morta em 24 de janeiro.
Na televisão, a estreia se deu em 1952, na recém-inaugurada TV Tupi, em uma versão da peça Luz de Gás, com Tônia Carrero e Paulo Autran. Sua última atuação foi na novela Pátria Minha (Rede Globo), em 1994, como Valquíria Mayrink, mulher frustrada por ter perdido a riqueza.
Em 1975, Odete Lara publicou Eu Nua, em que contava sua história de vida. Filha de operários, sua trajetória foi marcada por tragédias: a primeira aos seis anos, quando a mãe se matou jogando-se num poço. A outra, 10 anos mais tarde, quando o pai também se suicidou, tomando soda cáustica. No livro, ela admitia ter pensado em suicídio.
Depois do lançamento, ele deixo o Rio, onde morava, e isolou-se em um sítio em Nova Friburgo, dedicando-se ao zen-budismo. Em entrevista para ZH em 2004, ela contou que não ter mais interesse em atuar como atriz:
– Acostumei-me de tal forma com a vida simples e tranquila que não me vejo mais voltando à roda-viva.
Em 2002, a cineasta Ana Maria Magalhães apontou sua lente para a carreira de Odete no filme Lara, biografia ficcional em que ela é representada pelas atrizes Maria Manoella e Christine Fernandes.
Odete em 1969 Foto: Ivan / Agência RBS
Leia entrevista feita por ZH com Odete Lara publicada em 2004
"Ana Maria foi cuidadosa e delicada"
Em 1975, Odete Lara se desnudou no livro Eu Nua. Aí o público soube que sua história era muito mais complexa. Odete contava como a vida da filha de operários, que sonhava ser atriz, foi marcada por tragédias: a primeira aos seis anos, quando a mãe se matou jogando-se num poço. A outra, 10 anos mais tarde, quando o pai também se suicidou tomando soda cáustica. No livro, ela admitia ter pensado em suicídio.
O espanto causado pelas revelações fez com que Odete se retraísse. Deixou o Rio e foi – ainda linda aos 47 anos – morar em Friburgo. Isolada, dedicou-se ao budismo. Eu Nua, Minha Jornada Interior e Meus Passos em Busca da Paz foram relatos de uma vida incomum. Depoimentos de alguém que poderia ter mergulhado no desespero, mas se salvou. E que tem a serenidade para, aos 74 anos, ver sua vida no cinema e concluir: “Nunca contei com a fidelidade ao livro”. (Márcio Pinheiro).
ZERO HORA
Nenhum comentário:
Postar um comentário