Estava lendo e refletindo sobre Educação Emocional, pois é um assunto
muito importante e deve ser tratado com o maior cuidado, afinal falar
sobre sentimentos é tão delicado quanto mexer num vespeiro. Abordo dessa
forma porque vem de longe a educação que sempre ensinou o homem e a
mulher a camuflarem os sentimentos.
A mocinha apaixonada tinha que disfarçar seu amor e mostrar-se
desinteressada para que o rapaz se sentisse motivado a conquistá-la.
Caso ela demonstrasse seu amor, seria desprezada, pois homem não gosta
de “mulher fácil”. Este termo “mulher fácil” era muito usado quando eu
era adolescente e eu não me conformava com essa prática.
Outro modelo exigido era em relação ao homem que, quando se dizia
apaixonado corria o risco da mulher “traí-lo”, pois ao se sentir segura
do amor do companheiro procurava emoções em outros braços. É até
engraçado para não dizer trágico ter essa prática como verdade.
Havia também restrições quanto a manifestação de alegria, pois ao se
sentir imensamente feliz, havia sempre alguém para dizer que ao rir
muito hoje iria chorar amanhã.A educação que se recebeu até o século
passado era a de que não se deveria demonstrar a felicidade, pois a
inveja dos outros acabaria atraindo más energias que acabariam com a
nossa alegria. O sucesso também nunca deveria ser compartilhado, por
receio de se perder o que se havia conseguido. Estes conceitos colocavam
em risco inclusive a autoestima, dando maior força à parte contrária do
que ao próprio talento.
Ouvíamos isso, como uma ladainha, a cada manifestação de qualquer uma destas situações.
Agora os elogios e os pedidos de desculpas nunca receberam igual
importância, muito pelo contrário, nunca foram estimulados e muito menos
ocuparam lugar de destaque. Porém, a raiva, o desprezo, os insultos,
estes sim, sempre foram valorizados e nunca foram mantidos escondidos.
Diante de qualquer situação em que um homem se sentisse atingido,
partiria para a briga, e caso se saísse bem seria aclamado como herói.
Porém aquele que usasse o bom senso e não revidasse, principalmente
usando as mãose sim a inteligência,era tido como fraco e sem “brios”.
Estes conceitos e comportamentos foram passando de pai para filho
através do tempo e foram se enraizando. Os que tiveram consciência de
que estes conceitos eram uma grande bobagem podiam não agir dessa forma,
mas não faziam nada para valorizar o inverso.
E até hoje vivenciamos situações em que este comportamento
prevalece.Percebemos o quanto as pessoas relutam e sentem dificuldades
em pedir desculpas, em dizer “eu gosto de você”, “eu torço por você”. É
por esta razão que tanto a família quanto a escola precisamvalorizar e
trabalhar as emoções.
É muito importante que o indivíduo consiga entender e lidar com as
próprias emoções. Este aprendizado é muito importante principalmente
quando se trabalha valores. Companheirismo, solidariedade, respeito
humano são valores que devem ser desenvolvidos através da educação
emocional, pois não há como explicar estes sentimentos sem ser através
da emoção.
Deixo claro aqui que não estou pregando que deva ser introduzida mais
uma matéria no currículo escolar para trabalhar a Educação Emocional,
mas sim que devemos estar sempre atentos para diante de uma oportunidade
exaltar esses tópicos, afinal aprendemos o tempo todo, em todos os
lugares e com todas as pessoas e situações.
Portanto, como sabemos que as crianças aprendem por modelos, tanto os
pais quanto os professores precisam agir com a emoção atrelada à
responsabilidade para que possam promover bons exemplos. E, a partir do
momento que o indivíduo desenvolver bons pensamentos e boas emoções em
relação às suas ações e em relação às ações do outro teremos, quem sabe,
uma convivência de melhor qualidade.
E você, o que pensa sobre isto? Você se preocupa em trabalhar valores emocionais no seu filho?
Esse texto foi originariamente publicado na minha coluna no site www.itu.com.br
http://educaja.com.br/2015/07/educacao-emocional.html