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domingo, 21 de dezembro de 2014

O que é a Morte Súbita?

O que é a Morte Súbita?
O cardiologista Alessandre C. Rabello explica o que pode levar a esse trágico fim, qual sua relação com as doenças cardiovasculares e com o esforço no esporte.

"A morte súbita é um evento inesperado e dramático, sendo conceituada como a morte que ocorre, no máximo, em uma hora após início dos sintomas..."
A morte súbita é um evento inesperado e dramático, sendo conceituada como a morte que ocorre, no máximo, em uma hora após início dos sintomas e, de modo geral, em poucos minutos, não sendo decorrente de trauma ou violência. Geralmente, não gera sintomas prévios, contudo, alguns pacientes podem sentir dor no peito, falta de ar, tonturas ou desmaios e palpitações. A morte súbita cardíaca é a morte inesperada causada por uma perda súbita da função cardíaca em bombear o sangue e configura-se como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, acometendo mais de 200.000 pessoas/ano só nos Estados Unidos e 712 pessoas/dia no Brasil, principalmente, na faixa etária mais produtiva.
A morte súbita pode acometer desde recém-nascidos até adultos. Nos adultos, as principais causas são as doenças do coração, sendo a doença das artérias coronárias (infarto agudo do miocárdio) a mais importante. O infarto agudo do miocárdio é apenas uma das causas de morte súbita cardíaca. No infarto do miocárdio há uma obstrução nas artérias coronárias que diminui o fluxo de sangue para o músculo cardíaco, fazendo com que falte oxigênio e ele sofra. Isso pode levar ao aparecimento de arritmias cardíacas letais que levam à perda de consciência e, consequentemente, à morte. Em indivíduos abaixo de 35 anos, as principais causas são doenças congênitas (cardiomiopatia hipertrófica, respondendo por até um terço dos eventos fatais, seguido pela anomalia de artérias coronárias, síndrome do QT longo, síndrome de Brugada, síndrome WPW e outras).
Existem indivíduos portadores de doença cardíaca avançada, nos quais a dilatação e o enfraquecimento do coração podem predispor ao aparecimento de arritmias cardíacas, ditas malignas. Isso acontece em pacientes que já sofreram infarto ou em portadores de doença de Chagas, por exemplo. No estado da Bahia, assim como em outras regiões do Brasil, a doença de Chagas destaca-se como responsável por doença cardíaca e arritmias potencialmente letais. Hoje, sabemos que um dos principais fatores de risco para o aparecimento de arritmias cardíacas malignas e morte súbita é a presença de disfunção cardíaca, ou seja, enfraquecimento irreversível do coração. Isso é explicado pelo fato de corações doentes possuírem circuitos arritmogênicos no músculo cardíaco e ele predispor ao aparecimento de taquicardias muito rápidas no coração (taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular).
Entende-se como arritmia cardíaca toda e qualquer alteração no ritmo dos batimentos cardíacos. A grande maioria das arritmias é benigna e não oferece risco de morte súbita. No entanto, em pacientes com doença cardíaca, algumas arritmias podem representar esse risco. 

Existem basicamente dois tipos de arritmias: bradiarritmias (ou bradicardia) e as taquiarritmias (ou taquicardias). O paciente sofre de bradiarritmia quando os batimentos cardíacos ficam muito lentos (menor que 50 batimentos/min) a ponto de gerar sintomas de tonturas, cansaço ou desmaios. Isso pode ocorrer em decorrência da degeneração natural do sistema elétrico do coração, podendo gerar bloqueios cardíacos e/ou pausas transitórias nos batimentos. Alguns medicamentos específicos para o coração podem desencadear bradicardias, sobretudo quando uso em doses elevadas. 
No caso das taquiarritmias, o coração bate muito acelerado (maior que 100 bpm) e isso pode gerar sintomas de palpitações e mal-estar. Em pacientes portadores de doença cardíaca avançada, que envolve dilatação e enfraquecimento do coração, podem aparecer formas malignas de taquicardias, habitualmente com frequência cardíaca acima de 200 batimentos/min, como a taquicardia ventricular. Esta é a grande responsável por mais de 80% das mortes súbitas cardíacas. 

O tratamento envolve a desfibrilação imediata com restauração do ritmo normal do coração e, posteriormente, investigação extensa a respeito das possíveis causas do aparecimento da tal arritmia.

É interessante observar também que, apesar de ser um termo inadequado, comumente, na prática clínica, utilizamos o termo “sobrevivente de morte súbita”. Trata-se de pacientes que sofreram uma parada cardíaca que foi adequadamente abortada com manobras de ressuscitação cardíaca. Contudo, isso nem sempre acontece, pois a maioria das mortes ocorre fora do ambiente hospitalar, sendo necessário um atendimento rápido para evitá-las e para que se impeça também o aparecimento de sequelas decorrentes da parada cardíaca. Para isso, é necessário que se realize manobras de ressuscitação imediatas. A cada minuto que se passa sem a desfibrilação, a chance de uma vítima se recuperar diminui em 7 a 10 %. A morte cerebral e a morte permanente ocorrem de quatro a seis minutos após a parada cardíaca. Poucas tentativas de ressuscitação são bem sucedidas após 10 minutos.

http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/morte-subita-pode-ser-evitada/

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