Leandro foi considerado culpado por quatro crimes. Defesa diz que vai recorrer de dois deles.
Leandro reconhceu uma faca usada no crime e disse que estava sob o efeito de drogas
Foto: Salmo Duarte / Agencia RBS
Sentado no banco dos réus, o acusado de estuprar, matar e esquartejar a estudante Mara Tayana Decker de 19 anos ouviu durante a sentença a pena máxima que poderia receber por todos os crimes pelos quais foi denunciado: Leandro Emílio da Silva Soares, 27 anos, recebeu condenação de 56 anos de prisão pela morte da jovem - uma das maiores condenações já aplicadas a uma só pessoa em Joinville.
A pena considera 30 anos por homicídio, 15 anos por estupro, oito anos por cárcere privado e outros três por ocultação de cadáver. Assim, Leandro permanecerá detido e não terá o direito de apelar em liberdade. Foram quase 12 horas de julgamento, numa sessão que começou às 9h30 e terminou próximo das 21h30 de ontem.
— 56 anos... Ele merecia um pouco mais, mas já fico mais aliviado. Que ele fique e cumpra essa decisão na cadeia. Agora só vai restar a dor e a saudade — desabafou Romildo José Decker, pai de Mara.
Bastante emocionada após o julgamento, Luiza Ribeiro, mãe de Mara, pediu que a tragédia com a filha sirva de exemplo para a proteção de outras jovens.
— Que isso sirva de exemplo para a juventude, as moças. Quando saírem, irem a uma danceteria, nunca deixem uma delas sair sozinha. Que acompanhem, chamem um táxi. Porque, assim como tem o bem, tem o mal — aconselhou.
Rever imagens da filha e detalhes da noite do crime, lamentou a mãe, foi como vivenciar a morte de Mara novamente. Durante o julgamento, as roupas da garota e a mala onde o corpo dela seria escondido foram expostos no salão do júri.
— Para mim, agora, foi como se tivessem matado minha filha duas vezes. Eu tive que rever tudo de novo — disse.
Responsável pela denúncia e pela atuação no júri que garantiu a condenação de Leandro, o promotor Ricardo Paladino se mostrou satisfeito com a pena imposta ao réu. Já prevendo que a defesa de Leandro deve recorrer ao Tribunal de Justiça na tentativa de reduzir a sentença, o promotor disse estar confiante de que são remotas as chances de mudanças na decisão.
— Não acredito minimamente em qualquer tipo de modificação da pena porque a prova do processo é muito consistente com o que aconteceu, exatamente conforme declarado na sentença de pronúncia e na denúncia — declarou.
Como defendia a condenação máxima pelos quatro crimes atribuídos ao réu, Paladino anunciou que o Ministério Público não tem intenção de recorrer para tentar aumentar pena.
— Satisfação por ver que a justiça foi feita e que foram reconhecidos pelo corpo de sentença a prática de todos os crimes. E a esses crimes foi imposta a sentença máxima — afirmou.
Nomeado advogado de defesa de Leandro para atuar no júri, o criminalista Antônio Lavarda adiantou que deve apelar apenas em relação às condenações por estupro e cárcere privado. Isto porque, reconhece o advogado, Leandro é réu confesso quanto ao homicídio e não há dúvidas de que o corpo da vítima foi esquartejado.
— Devemos recorrer no que diz respeito ao estupro, porque não há prova de que ele tenha a violentado. A questão do cárcere privado também precisa ser verificada, não há certeza de que ele a manteve no quarto enquanto estava viva — argumentou.
Provas
O promotor Ricardo Paladino apresentou durante a acusação depoimentos que contradisseram a fala de Leandro além de provas como a mala usada no crime e roupas usadas por Mara Tayana na noite do homicídio. Segundo o promotor, as marcas nas vestimentas provam que a estudante foi arrastada.
Ao exibir o laudo cadavérico, ele solicitou que um tapume impedisse que os familiares da vítima vissem as fotos por serem muitos fortes.
— Isso não é a Mara, é o resultado de um monstro — afirmou promotor mostrando fotos do cadáver aos jurados.
O promotor mostrou aos jurados a posição do corpo quando ele foi encontrado e provas de que a morte era recente quando Mara foi encontrada no sábado. De acordo com o laudo, as lesões no pescoço e Mara não foram provocadas por uma gravata como disse o réu, mas por outro material. Os peritos ainda teriam constatado o estupro, ato também negado por Leandro.
— Amarrou ela pra estuprar, pra judiar, pra fazer sofrer — gritou Paladino ao exibir as provas e detalhes de todas as agressões sofridas pela vítima.
Por fim, o promotor mostrou imagens das câmeras de segurança do bar onde Mara e o acusado estavam. A estudante aparece com uma garrafa na mão, o que contraria a versão de Leandro de que ela teria jogado um gelo no réu.
DIÁRIO CATARINENSE
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