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sábado, 29 de agosto de 2015

Cantiga da lavadeira, poesia de Mauro Mota

Lavadeiras, s.d.


Homero Massena (Brasil, 1886-1974)

óleo sobre tela


Cantiga da Lavadeira



Mauro Mota





Libertos da trouxa tremem

as calças e os paletós.

Doem na pedra pano e carne

sem anotações no rol.



Canto azul da lavadeira

lavado na ventania.

Mistura de corpos gastos,

de sabão, espuma e anil.



O suor da blusa operária

(chora o lenço de Maria)

Transita o amor pela anágua.

geme o lençol de agonia.



O sonho dorme na fronha,

a camisa precordial,

nódoas da fome da criança

na toalha da mesa oval.



Nas águas têxteis do rio,

há sabor de sangue e sal.





Em: Antologia Poética, Mauro Mota, Rio de Janeiro, Editora Leitura: 1968, p. 80.

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