A vitalidade dos neurônios, o bom humor e a
memória afiada vêm da associação de uma variedade de alimentos com ação
antioxidante e anti-inflamatória, que protegem o cérebro. Diversos problemas da
esfera cerebral, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico e autismo, podem
ser controlados com uma alimentação adequada.
Ansiedade
Ansiedade é um transtorno neurológico muito
comum, e também um dos mais difíceis de entender e tratar. A ansiedade é uma
sensação de angústia, de apreensão, de desconforto emocional. Um pouco de
ansiedade é normal, mas muitas vezes a reação é desproporcional. Atualmente há
uma série de termos específicos para definir este problema: ansiedade
generalizada, transtorno do pânico, fobia, ansiedade social, transtorno
obsessivo compulsivo, estresse pós-traumático, ansiedade de separação e muitas
outras ansiedades.
Intestino
e serotonina
O intestino contém 100 milhões de neurônios,
bem mais do que a medula espinhal. Neurotransmissores ligados ao bem-estar são
produzidos principalmente no intestino, como serotonina, dopamina e
norepinefrina, mais encefalinas (derivados da família das endorfinas) e
neuropeptídios. E ainda tem mais, o cólon também é fonte de benzodiazepínicos
endógenos, substâncias químicas psicoativas com ação calmante (mesmo princípio
ativo do medicamento Valium ou Diazepam).
Influência
da dieta
Uma dieta desregrada, que sobrecarrega e
inflama o cólon, é prejudicial para todas as pessoas e mais ainda para os
portadores de ansiedade e depressão. Além disso, alguns alimentos são danosos
ao sistema nervoso central, deixando o indivíduo mais ansioso. É importante
reduzir estimulantes como a cafeína, açúcar, gorduras trans, adoçantes e outros
aditivos alimentares, e optar por uma alimentação balanceada com mais vegetais
e frutas, sementes oleaginosas, grãos, ovos, peixe e iogurte.
Triptofano
O triptofano é um aminoácido precursor de
serotonina, um neurotransmissor que detona a ansiedade, melhora o humor e ainda
reduz a vontade de comer doces. O triptofano também é responsável pela produção
de melatonina, um hormônio poderoso que ajuda a ter uma boa noite de sono. A
vitamina B6 e o mineral magnésio são outros nutrientes envolvidos na produção
da serotonina, agindo como cofatores, ou seja, facilitam o caminho metabólico
para que o triptofano seja convertido em serotonina e melatonina. Fontes:
leite, iogurte, queijos, peito de peru, carnes magras, peixes, nozes, amêndoas,
castanhas, aveia, banana, abacate, leguminosas, sementes de gergelim e
girassol, tâmaras.
Complexo B
A deficiência de
qualquer uma das oito vitaminas que compõem a família B pode prejudicar a saúde
mental. O folato, B6 e B12 são particularmente importantes nos processos
mentais, pois ajudam a incrementar a serotonina (ligada ao bem-estar), além de
agir na redução dos hormônios do estresse (cortisol e adrenalina). Fontes:
carne, ave, peixe, ovo, folhas verdes, banana, abacate, batata-doce, inhame, sementes oleaginosas, levedo de cerveja,
leguminosas, cereais integrais.
Magnésio
O magnésio acalma os nervos por diversos
mecanismos. Além de agir na musculatura contraída, ele também é bloqueador
natural de um receptor cerebral chamado NMDA. Este receptor, estimulado pelo
cálcio, leva a uma hiperexcitação do cérebro, resultando em irritabilidade,
ansiedade, depressão e estresse. O magnésio age como antagonista, impedindo
esta hiperexcitação, ajudando a modular o sistema nervoso. Fontes: folhas verdes, brócolis,
espinafre, água de coco, tomate, salmão e outros peixes, aveia, linhaça e arroz
integral. A alface, além de magnésio, é rica em lactulina, uma substância com
grande ação calmante: pode caprichar na salada e também acrescentar no suco.
Ômega-3
Os ácidos graxos essenciais agem na
comunicação entre as células do sistema nervoso e na fluidez das membranas
celulares dos neurônios, e assim, afetam a nossa capacidade de pensar, aprender
e memorizar. Ômega-3 tem ação ansiolítica (antiansiedade) comprovada por
diversos estudos. Outras pesquisas mostram que quanto maior o consumo de peixe
por uma população menor é a incidência de depressão. Fontes: peixes de água
fria (salmão, atum, sardinha, cavala), frutos do mar (ovas e ostras), chia,
linhaça e nozes.
Vitamina
D3
A vitamina D3 é na verdade um hormônio, que
age como um anti-inflamatório para os neurônios, e também está envolvida na
produção adequada de serotonina. Pesquisas mostram que a deficiência de D3 está
ligada à depressão, ansiedade e outros transtornos psicológicos. Nossa
principal forma de obtenção de vitamina D3 é pela ação dos raios solares sobre
a pele, e por isso sentimos tanto bem estar quando pegamos um pouco de sol.
Fontes alimentares: a melhor fonte é o óleo de fígado de bacalhau. Ovos, carne,
peixe, leite integral e manteiga também contêm pequenas quantidades.
Teanina
Este aminoácido,
proveniente da planta do chá, favorece o aumento dos níveis de ácido
gama-aminobutírico (GABA), dopamina e serotonina, neurotransmissores relacionados
com a sensação de relaxamento e bem-estar, e com a diminuição da ansiedade.
Fontes: chá verde, chá preto, chá branco e chá vermelho.
Probióticos
Uma quantidade
enorme de pesquisas tem evidenciado que quando o nível de boas bactérias que
compõe a microbiota intestinal está baixo, a ocorrência de problemas de humor,
como depressão e ansiedade, é muito mais comum. Isto acontece porque existe uma
forte ligação entre o intestino e o cérebro, e como foi dito acima, o intestino
produz mais serotonina do que o cérebro. Fontes: lactobacilos presentes no
iogurte natural e em vegetais fermentados, como chucrute, azeitonas e picles.
Chás
Diversas infusões herbais combatem a
ansiedade e podem ser tomadas à vontade. Coloque uma colher de chá bem cheia da
erva escolhida em uma xícara, acrescente água fervente, cubra e deixe em
infusão por 3 a 5 minutos, coe e tome ao natural ou adoce com um pouco de mel.
Se quiser, adicione uma pitada generosa de canela em pó. Opções: camomila,
erva-doce, erva cidreira, hortelã, folhas de maracujá, melissa, alecrim,
mulungu.
Suplementos
Fitoterápicos, aminoácidos, vitaminas do
complexo B e minerais têm o poder de reduzir a ansiedade e ajudam a relaxar.
Eles modulam o stress aumentando o nível de neurotransmissores calmantes como
serotonina e GABA. O uso de suplementos deve ser feito sempre com
acompanhamento médico. Opções: 5-HTP, magnésio, ômega-3, vitaminas do complexo
B, valeriana, passiflora, kava, L-teanina.
Estimulantes
na medida certa
Muita atenção com bebidas estimulantes como
café, chá preto, chá verde, mate, chocolate, guaraná e refrigerantes, pois são
fontes de xantinas (cafeína, teína, teobromina), substâncias que excitam o
sistema nervoso central e em excesso podem aumentar a ansiedade. Bebidas
estimulantes podem ser consumidas com moderação, não mais que duas doses por dia.
Lista
negra
Muitos alimentos podem agravar um quadro de
estresse e ansiedade, dependendo da sensibilidade individual. Evite ingerir
grandes quantidades de açúcar (reduz o triptofano), glúten, adoçantes
artificiais, carboidratos refinados, gorduras hidrogenadas trans, glutamato
monossódico, corantes, fast-food (comida de lanchonete) e alimentos
processados. Todos eles podem inflamar e oxidar os neurônios.
Prato
variado
O segredo da tranquilidade reside em comer de
forma saudável, incluindo no cardápio diário frutas e legumes de todas as
cores, folhas verdes variadas, proteínas, todos os feijões, sementes
oleaginosas, ovos, iogurte com lactobacilos vivos, alimentos ricos em ômega-3
(como peixe, linhaça, chia e nozes) e ômega-9 (azeite, azeitonas, abacate). E
não se esqueça de fazer alguma atividade física. Assim não há ansiedade que
resista!
Texto elaborado por: Dra. Tamara Mazaracki.
Título
de Especialista em Nutrologia – Associação Brasileira de Nutrologia;
Membro
Titular da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia;
Pós-graduação
em Medicina Ortomolecular, Nutrição Celular e Longevidade – FACIS-IBEHE –
Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo e Centro de Ensino Superior de
Homeopatia;
Pós-graduação
em Medicina Estética – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino – IBRAPE.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas:
*Nutrition
Journal 2010. Nutritional and herbal supplements for anxiety and
anxiety-related disorders: systematic review.
*Psychoneuroendocrinology 2014. Symptoms of depression
and anxiety in anorexia nervosa: Links with plasma tryptophan and serotonin
metabolism.
*International Journal of Applied Science and
Technology 2012. The Magnificent Effect of Magnesium to Human Health: A
Critical Review.
*ISRN Psychiatry 2013. The Effect of Methylated
Vitamin B Complex on Depressive and Anxiety Symptoms and Quality of Life in
Adults with Depression.
*Brain, Behavior, and Immunity 2011. Omega-3
supplementation lowers inflammation and anxiety in medical students: A
randomized controlled trial.
*Physiological
Research 2015. Vitamin D in Anxiety and Affective Disorders.
*The FASEB
Journal 2014. Vitamin D hormone regulates serotonin synthesis.
*Pharmacology Biochemistry
and Behavior 2013. Anti-stress effect of theanine on students during pharmacy
practice.
*Trends in Neuroscience
2013. Gut–brain axis: how the microbiome influences anxiety and depression.
* Psychiatry Research 2015.
Fermented foods, neuroticism, and social anxiety: An interaction model.
Nenhum comentário:
Postar um comentário