Florianópolis
É com profundo pesar que a Polícia Civil Catarinense se despede hoje, 16, do Delegado Renato Hendges, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina (ADEPOL). Hendges faleceu nesta manhã, em Florianópolis, aos 65 anos, por problemas de saúde.
O velório acontecerá durante o dia de hoje, entre 12h e 19h, na Academia da Polícia Civil (ACADEPOL), na Capital e, posteriormente, seu corpo será cremado em Balneário Camboriú em horário a ser definido.
Delegado Renatão, como era carinhosamente conhecido, ingressou na Polícia Civil como Comissário de Polícia em 1974 e em 1983 foi nomeado Delegado de Polícia, aposentando-se em fevereiro deste ano. Durante sua carreira trabalhou nas cidades de Ibirama, Blumenau, Rio do Sul e Florianópolis.
O Delegado Geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D'Ávila, em nome dos demais policiais civis, agradece pelos 40 anos de serviços prestados à Instituição e manifesta sentimentos de condolências aos familiares.
Hendges na Polícia Civil
Renatão trabalhou com o bem mais precioso: a vida, principalmente nos casos de sequestros. Liderar momentos de tensão com criminosos, aliados à aflição dos familiares das vítimas é uma das características marcantes do delegado. Tanto que, em 1991, com a criação da Divisão Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC), Renatão foi escolhido como titular e de lá não saiu, até sua aposentadoria, agora em março, por motivos de saúde.
Foram mais de duas décadas atuando na área de sequestros (em Santa Catarina, Mato Grosso, Alagoas e Buenos Aires), resgatando vidas e solucionando estes tipos de casos. Entre os casos mais relevantes, está uma investigação que iniciou em uma Lan House catarinense e que desvendou uma rede de pedofilia que agia em oito estados brasileiros. Outra operação de grande repercussão foi a “Cativeiro”, que resultou na prisão de 31 pessoas, os quais tiveram, somados, uma sentença de 1907 anos – a maior pena em Santa Catarina. Ele avalia que o caso do empresário da família Batistella, em 1991, em Lages, foi um dos casos mais complicados, com 66 dias de cativeiro.
Na área de sequestro, onde Renatão é referência nacional, qualquer falha pode pôr em risco a vida da vítima no cativeiro. “Sempre busquei as informações com quem tinha conhecimento e fomos criando nossa própria tecnologia e modo de atuar, que resultou na identificação dos autores em todos os casos, prisões, resgate das vítimas e também de valores. Nossa doutrina era orientar a família em como negociar com os criminosos e só depois da vítima em segurança, a Polícia Civil agia”, destacou Renatão. Ele acrescentou que tiveram alguns casos, analisando os riscos, que tiveram que atuar antes da liberação da vítima.
“Eu me sinto realizado: profissionalmente, pelos policiais com quem trabalhei, resultados alcançados e respeito que conquistei; familiarmente, pois estamos unidos; e socialmente, com o trabalho junto às crianças carentes, com quem me comprometi”, ressalta o delegado.
Para a filha e também policial civil, Marcia Hendges, o pai é homem forte, de decisões firmes, que amou a profissão acima de tudo. Levou a Polícia Civil de Santa Catarina aos noticiários nacionais. Acolheu e foi acolhido por policiais do Brasil inteiro, afinal polícia não se faz sozinho. Teve uma equipe de excelência, tornaram-se amigos, parte da família, policial é assim. “Ser policial, ele me mostrou na prática que é um sacerdócio, e sabemos que é assim, sem discussão. Pra ele foi. Ser filha desse homem e dividir a mesma profissão não nos dá orgulho, nos dá responsabilidade”, finalizou Márcia.
Polícia Civil - Divulgação
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