Na casa da vovó
Domingo era dia de casa da vovó. Mal eu acordava, Pedrinho, meu irmão caçula, já vinha gritando:
– Anda, Joca, anda depressa, sua moleza! Nós já estamos indo pra casa da vovó!
Vovó Lena morava numa casa, no bairro Floresta. Não era uma casa luxuosa, nem muito grande, mas seus nove netos mal podiam esperar chegar o domingo. Gostávamos tanto de passar o dia lá! Não sei se era por causa de seu enorme quintal cheio de árvores, onde brincávamos sem parar, ou se era pelo tamanho do coração da vovó, que nos enchia de mimos e fazia todas as nossas vontades.
No quintal, havia muitas árvores: mangueiras, jabuticabeiras e até um antigo jatobá. Ali, armávamos nossas cabanas e nos transformávamos em índios; construíamos nossas naves nos altos galhos do velho jatobá e virávamos astronautas; fazíamos nossos barcos e já éramos piratas. Então, vovó chegava com sua enorme bacia de pipoca, jarras de suco... Fazíamos nosso piquenique.
Ah! Aquele domingo! Como me lembro daquele domingo, tão diferente dos outros! Chegamos à casa da vovó, ela não nos esperava na varanda para nos abraçar, como de costume. No lugar dela, lá estava tia Maria, que foi logo chamando o papai:
– Vem depressa, Antônio! Mamãe não está passando bem! – Crianças, não façam barulho! -ela nos recomendou.
Nós, crianças, sentamos nos degraus da varanda. Como podíamos brincar sem fazer barulho?
Meia hora depois, chegava o Dr. Rodrigo, médico da família, com sua maletinha preta. Ficamos apreensivos.
– Pedrinho, o xodó da vovó, por ser o menorzinho, foi logo perguntando:
– O que tá acontecendo? Cadê a vovó? Por que ela não tava nos esperando?
– Cala a boca, menino! – gritou Tetê, a prima mandona.
De repente, percebi. Estávamos nervosos, porque tínhamos medo. Vovó estava doente!
Tio Zeca e tia Naná apareceram. Levaram-nos para sua casa, tentaram nos distrair. Contaram-nos histórias, organizaram brincadeiras, mas não tinha graça. Tia Naná fez pipoca, mas não era a pipoca da vovó...
Nunca mais comi a pipoca da vovó... Nunca mais vi a vovó...
Hoje, depois de tantos anos, passo, com meu netinho, naquela velha rua da Floresta. Tento mostrar-lhe a velha casa de minha avó, lugar de sonhos e brincadeiras de minha infância, porém ele não a vê. Em seu lugar, está um alto prédio todo envidraçado, abrigando muitas famílias.
Mas eu ainda sinto os carinhos da vovó e a presença da casa com seu quintal.
Cláudia Araújo
3.1 : Use V( verdadeiro ) ou F( falso ) para as afirmativas abaixo:
a-( ) A casa da vovó era grande e confortável.
b-( ) As crianças gostavam de ir lá porque podiam brincar bastante.
c-( ) Tia Naná e tio Zeca tentaram e conseguiram substituir a vovó.
d-( ) A menina ainda guarda lembranças da infância.
3.2- “Ah! Aquele domingo! Como me lembro daquele domingo, tão diferente dos outros!”
-Por que aquele domingo foi considerado diferente?
a-( ) A vovó tinha ficado doente
b-( ) A vovó fez pipocas
c-( ) Brincamos o dia todo nas árvores do quintal
-Qual foi a primeira diferença que os meninos notaram?
a-( ) A casa estava que era só barulho.
b-( ) Vovó esperava as crianças na entrada da casa.
c-( ) A vovó não nos esperava na varanda como era de costume.
3.3- Lá, naquele quintal, as crianças faziam de tudo, EXCETO:
a-( ) armavam suas cabanas
b-( ) nadavam no riacho
c-( ) construíam suas naves
d-( ) faziam seus barcos
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