Pesquisas dizem que o homem pensa em sexo, em média, 35 vezes ao dia. Já a mulher, cerca de 20 vezes. Imagine, agora, quando o pensamento extrapola e não é mais um desejo e sim uma obsessão, desde o despertar até o adormecer. A busca por mais excitação é tão incessante que chega a prejudicar as vidas íntima e social. A partir daí, o gosto por sexo vira assunto sério, uma doença. Mas é uma patologia silenciosa e pouco abordada em função da vergonha que sentem os que são afetados por ela, o que torna o diagnóstico e o tratamento ainda mais difíceis.
– Nesse quadro clínico, a pessoa persistente e recorrentemente envolve-se ou apresenta preocupação com intensas fantasias ou comportamentos sexuais que levam a consequências negativas, com dificuldade em controlar o tempo investido nessas atividades. Apresentam angústia pessoal e prejuízo em algumas áreas importantes da vida. Em outras palavras, a sexualidade se torna o centro da vida da pessoa, causando sofrimento pessoal e consequências negativas às outras esferas – afirma Jaqueline Brendler, especialista médica e sexóloga.
Os nomes para quem tem o sexo como ideia fixa são muitos. Desde compulsão sexual – vulgarmente chamados de tarados ou ninfomaníacos – TOC um tipo de transtorno obsessivo compulsivo por sexo, hipersexualidade, desejo sexual hiperativo ou desordem do desejo sexual hiperativo. Segundo Jaqueline, o diagnóstico é feito no consultório médico pelos relatos do próprio paciente.
A maioria das pessoas, na média de atividade sexuais, sacia-se com um ou dois orgasmos. Contudo, isso não acontece nas situações de desejo sexual hiperativo, reitera a profissional.
– O interesse sexual permanece intacto e a busca interminável por nova excitação e novo gozo também. Isso pode levar a mulher e o homem a machucar o genital, principalmente através da masturbação. As mulheres e os gays usam mais brinquedos sexuais que homens heterossexuais. É comum não usar camisinha , durante as praticas sexuais, então, às vezes, a primeira pista que o parceiro está com desejo sexual hiperativo é uma DSTs ou a repetição de DSTs.
O tratamento inclui medicação e terapia. Segundo a especialista, a duração depende principalmente da motivação da pessoa, frequência às sessões de terapia e do uso do medicamento. Para ela, a motivação para tratar-se é mais forte se o número de áreas afetadas e de pessoas for maior.
– Ninguém escolhe ter um problema sexual. Todos os casos são horríveis, pois a pessoa sofre muito, tem vergonha de si mesmo por desejar sexo o tempo todo, mente e engana pessoas importantes da sua vida. A vergonha vem mais do mentir, do enganar pessoas importantes e usar o outro como objeto. É importante pedir desculpas às pessoas atingidas, não por haver culpa e sim por reconhecer que houve sofrimento. Essa é uma parte da vida da pessoa que ela quer esquecer. A terapia servirá para entender isso e elaborar a totalidade do quadro.
Estudo alemão e cuidado em não estigmatizar o comportamento
Recentemente, um dos primeiros grandes estudos sobre mulheres viciadas em sexo e o quanto isso impacta sua vida cotidiana apontou que 3% delas podem ser consideradas hiperssexuais. Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Hamburgo-Eppendorf pediram para que cerca de mil mulheres na Alemanha dissessem o quanto elas se masturbavam ou assistiam pornografia e quantos parceiros sexuais tinham.
Especialmente a frequência de atividade sexual impessoal, em comparação com o número de parceiros sexuais, foi um indicador mais forte para o comportamento hiperssexual. Segundo os autores do levantamento, os resultados contradizem pesquisas anteriores, que apontavam as mulheres hiperssexuais envolvidas em formas mais passivas de comportamento sexual. Também contraria a suposição de que as mulheres hiperssexuais usam apenas o comportamento sexual como forma de controlar e influenciar as relações interpessoais.
O estudo apontou ainda que os comportamentos hiperssexuais em mulheres se assemelham aos encontrados em homens viciados em sexo, como a dependência da pornografia, masturbação excessiva e promiscuidade.
Por fim, os pesquisadores ponderam que ainda é um desafio identificar os indivíduos que podem necessitar de tratamento, sem falsamente estigmatizar os outros e que têm comportamento sexual não-patológico. O estudo foi publicado no Journal of Sexual Medicine.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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