A presença islâmica no território português ao longo da história originou mais de 600 palavras e expressões, especialmente nas áreas do vestuário, mobiliário, agricultura, instrumentos científicos e utensílios diversos.
Algema
Veio do árabe al-jama’a, pulseira. Um bom argumento para quem insiste em permanecer solteiro: em espanhol, esposa é mulher casada; esposas (no plural) e esposar significam respectivamente algemas e algemar.
Algodão
Veio do árabe al-qutun, que também originou algodón, em espanhol. A palavra árabe se separou do artigo al, e qutun deu no italiano cotone, que foi parar no francês coton, no inglês cotton e no português cotão, aquela bolinha de poeira parecida com um algodãozinho nojento. A língua portuguesa tem palavras, referentes ao algodão, formadas ora com algo(d), ora com coton(i). Uma fábrica de tecidos de algodão pode ser chamada de algodoaria ou cotonifício.
Cacareco
É mais usado no plural, cacarecos, e significa coisa velha, de pouco valor. A palavra cacareco foi formada de duas outras, ambas com o sentido de objeto sem valor: cacaréu e tareco. Cacaréu veio de caco + -aréu, terminação que significa aumento, coleção (como em fogaréu, mundaréu, sinônimo de mundão, grande quantidade de alguma coisa). Tareco veio do árabe tarayk (coisa de pouco valor) e popularmente virou treco.
Fulano
Veio do árabe fulan, alguém. Beltrano veio de Beltrão que mudou o final para rimar com Fulano (em espanhol, Beltrão é Beltrano). Sicrano tem origem desconhecida.
Mesquinho
Veio do árabe miskin, infeliz, desgraçado.
Sucata
Veio do árabe suqata, objeto sem valor. No princípio, sucata era apenas qualquer peça de metal inutilizada pelo uso ou enferrujada, sendo refundida para novamente ser utilizada. Depois o sentido se ampliou para o de ferro-velho e, mais ainda, para o de conjunto de coisas imprestáveis, de qualquer material.
Tabefe
Veio do árabe tabih, cozido. Tabefe era apenas um doce feito de leite, açúcar e ovos. Virou sinônimo de bofetada porque a farinha de trigo, que entra no cozimento do leite com o açúcar, é batida com a mão aberta.
Zero
A palavra árabe çifr, vazio, zero, veio do sânscrito ûnya, vazio. Os árabes adotaram a noção do zero, criada pelos indianos por volta de 600 a.C. O árabe çifr passou pelo latim medieval (cifra) e originou o português cifra e o italiano zefiro, nome criado, no século XIII, a partir do latim zephiru, pelo sábio italiano Leonardo Fibonacci, que introduziu os algarismos arábicos na Europa. Zefiro depois foi reduzido a zero, provavelmente porque a palavra aparecesse escrita abreviadamente assim: zero.
DÚVIDAS DOS LEITORES
1ª) Qual é o aumentativo de cidade e qual o feminino de rinoceronte?
A palavra cidade em si não tem aumentativo, pois cidadão é o habitante de uma cidade, e cidadela é uma fortaleza que defende uma cidade. No caso de uma grande cidade, podemos usar metrópole, que é uma palavra de origem grega. Quanto ao feminino de rinoceronte, trata-se de um substantivo epiceno, ou seja, não distingue o macho da fêmea. É como cobra, jacaré e outros animais. Deve ser o rinoceronte macho e o rinoceronte fêmeo.
2ª) As frases abaixo estão corretas?
a)- Tenho de ir à óptica buscar meus óculos novos.
b)- Hoje vou ao médico, tenho exame ótico marcado.
As frases estão corretas. Ótica ou Óptica é o lugar onde são feitos os óculos. Óptica se refere aos olhos. Ótica, na sua origem, refere-se ao ouvido. Hoje em dia, porém, a forma ótica também é aceitável para as lojas que vendem óculos. Um exame ótico deve ser um exame do ouvido.
3ª) Quando usamos à vista (uso da crase)?
O uso do acento da crase na locução “à vista” é muito polêmico. A maioria dos estudiosos defende o uso do acento grave por tratar-se de uma locução adverbial de modo. E as locuções adverbiais femininas devem receber o acento da crase, assim como: à toa, às claras, às escondidas, à deriva, às pressas, etc.
4ª) Leitor quer saber: “A minha dúvida é quanto a uma palavra antiga usada para caracterizar um motorista ou chofer, que se não me engano seria "Sinesífero". Estou certo? ou não mais existe tal palavra?”
Existe sim. É cinesíforo, com “c”. Vem de “cine”, que em grego significa “movimento”, daí o cinemática, que estuda o movimento, e a cinematografia. Cinesíforo seria aquele que “produz o movimento”. Houve época em que os puristas, que eram contra os galicismos (palavras de origem francesa), exigiam que a palavra chofer fosse substituída por cinesíforo, mas não deu certo. O motorista e o chofer estão aí vivíssimos na língua portuguesa.
http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/palavras-de-origem-arabe.html
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