Não existe um berçário de palavras. É muito difícil identificar o momento exato em que uma palavra nasce. No máximo, os dicionários apontam o ano em que uma palavra apareceu pela primeira vez numa publicação.
As palavras podem se formar com elementos da própria língua. Por exemplo, quando se quis inventar um nome para o veículo que transporta o papa pelas ruas acenando para as pessoas, o que é que se fez? Juntou-se a palavra papa com a terminação –móvel (de automóvel) e, pronto!, nasceu a palavra papamóvel.
Há palavras que são importadas de outros idiomas. Por exemplo, van veio do inglês van, que é a redução de caravan, caravana.
O estudo da origem e da evolução das palavras é chamado de etimologia.
PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
1. SUFIXAÇÃO
Observe as palavras abaixo.
TINTEIRO – AÇUCAREIRO – PALITEIRO – SALEIRO
Que têm elas em comum? Claro! Todas começam com uma palavra que já existia e acabam em -eiro. Essa terminação significa “objeto que contém”. Assim, tinteiro é o objeto que contém tinta; açucareiro, o que contém açúcar; paliteiro, o que contém palito; saleiro, o que contém sal. A essa altura o leitor assanhado deve estar pensando: quer dizer então que aquele pano que envolve a criança da cintura para baixo ficou com o nome de cueiro porque contém... Isso mesmo!
Esse tipo de terminação que se junta a uma palavra para formar outra palavra é chamado pela gramática de sufixo. Várias palavras da nossa língua são formadas por esse processo, a sufixação.
O sufixo -eiro não significa apenas “objeto que contém”. Ele pode ter, além de outros, os seguintes sentidos:
(a) “quem exerce uma profissão ou uma atividade” (quem faz pão é padeiro, quem vende leite é leiteiro, quem faz ou conserta relógio é relojoeiro, etc.);
(b) “natural de” (quem nasce no Brasil é brasileiro; quem nasce em Minas Gerais é mineiro, etc.).
Quer dizer, o mesmo sufixo pode ter vários significados.
No caso dos aumentativos, eles se formam, na sua maioria, em português com o sufixo -ão: problemão, carrão...
Às vezes, a noção de aumentativo não é clara, mas está na origem da palavra:
portão veio do aumentativo de porta;
colchão veio do aumentativo de colcha porque antigamente se usava uma colcha mais grossa em cima do estrado da cama;
papelão veio do aumentativo de papel e depois passou a designar o papel ridículo de alguém.
A terminação aumentativa -ão é tão popular que motivou alguns equívocos. Inicialmente a doença se chamava sarampão, depois o povo cismou que era um aumentativo e transformou o nome da doença em sarampo.
Da mesma forma, o cigano espanhol gachó, senhor, originou o português gajão. De novo, o povo cismou que era um aumentativo e, pronto, o gajão virou gajo.
São casos de formação de palavras, chamados pela gramática de derivação regressiva, porque a palavra regride, fica menor. Outros exemplos: portuga (de português), comuna (de comunista), japa (de japonês), boteco (de botequim) e vários substantivos abstratos derivados de verbos: ajuda (de ajudar), compra (de comprar), choro (de chorar), castigo (de castigar).
DÚVIDAS DOS LEITORES
1a) Qual o termo que eu devo usar. “Você foi pra casa” ou “Você foi para casa”?
Usar a forma “pra” numa fala informal não tem problema. Agora, se for um texto que exija o chamado padrão culto da língua portuguesa, ou seja, se for um texto formal, aí devemos usar “Você foi para casa”.
2a) O termo “eu vi ele” está certo?
Só podemos dizer que “viu ele” em situações informais. Em qualquer texto formal, o pronome reto “ele” só pode ser usado se for o sujeito da oração: ele viu, ele fez. Se for o objeto direto, somos obrigados a usar o pronome oblíquo: “eu o vi”, “eu a encontrei”.
3ª) Queremos parabenizar ... ou Queremos parabenizarmos ...?
O certo é “queremos parabenizar”. Em locuções verbais, usamos o infinitivo impessoal, ou seja, aquela forma que não varia: Ninguém diz que “Eles podem saírem”; ou “Nós devemos viajarmos”. O certo é: “eles podem sair” e “nós devemos viajar”.
4ª) Leitor nos escreve: “Outro dia ao folhear uma revista automobilística portuguesa, fiquei surpreso ao ler a seguinte frase: O carro tal, à esquerda tem o porta-malas mais pequeno que o outro. E a pergunta é: Isto existe no nosso português? Se existe, quando pode ser dito?
Em Portugal, é frequente e perfeitamente aceitável o uso de “mais pequeno”. No Português falado no Brasil, deve ser evitado, não porque esteja errado. É apenas inadequado. Essa é apenas mais uma diferença entre o português falado em Portugal e no Brasil. Não devemos reduzir o caso a uma simples discussão de certo ou errado. Em Portugal é mais pequeno; no Brasil é menor.
http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/como-nascem-palavras.html
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