A palavra semente, por si só, desperta a
percepção de nascimento, continuidade, prolongamento, perpetuidade.
Semente de, alguma coisa, mesmo sendo mencionada de maneira figurada, é
secundária. O primordial é que alguma coisa ou algo nascerá dessa
semente.
Para que a semente brote é preciso que
haja terra, que pode ser fértil ou nem tanto, água para hidratar e
energia solar para aquecer.
Germinar é o objetivo da semente que ao
sair do seu estado latente se sente estimulada pelo meio em que se
encontra a superar as tão prováveis intempéries.
Um bom exemplo é a planta carnívora que
se tornou carnívora em razão da batalha pela sobrevivência e consequente
evolução da espécie, pois ao germinar em local inóspito, com solo pobre
em nitrogênio, passou a capturar insetos e pequenos répteis, ricos em
nitrogênio, para garantir a sua continuidade.
Toda semente guarda um segredo que vai sendo desvendado à medida que brota e se desenvolve.
Me lembro de quando meu filho, com
apenas 5 anos, encontrou uma semente listradinha caída na calçada. Ao
recolhê-la veio me perguntar o que nasceria daquela semente. Eu sabia
tratar-se de girassol, porém não revelei e aproveitei a oportunidade
para incentivar a curiosidade e atitude nele propondo que plantasse para
descobrir. Tão logo chegamos em casa ele correu para o canteiro e
plantou a sementinha. Todos os dias cuidava e observava se ela estava
brotando. Quando, numa manhã, viu que um pequenino broto verde havia
rompido a terra sua alegria foi indescritível. Ficava, a todo o momento,
agachadinho, observando o crescimento da plantinha. E ela cresceu muito
até que um dia nos presenteou com um lindo girassol.
Assim como este exemplo do girassol,
tantas outras sementes são cultivadas por cada um de nós, todos os dias,
em diferentes canteiros.
E quando a palavra semente se metamorfoseia em semente da palavra e passa a ser plantada no canteiro do outro?
Somos o único ser que utiliza a palavra
como veículo para expressar pensamentos, ideias, opiniões. Todavia,
alguns, em razão da trivialidade do uso, negligenciam, deixando de lado a
responsabilidade dessa importância.
Quantos plantam a palavra e aguardam
para colher a discórdia, a mágoa, a desunião, o ressentimento. Quantos
ainda soltam suas sementes ao vento e espreitam, de longe, na
expectativa de que brote em algum terreno descuidado. Quantos se deixam
influenciar por palavras enganosas vindo a colher frutos de tristeza,
decepção, dívidas, amarguras.
A palavra, seja ela escrita ou falada,
tanto pode acalmar as lágrimas que, como se rios fossem, correm
revoltosas chocando-se sobre as rochas do desespero, quanto pode incitar
a avalanche que se precipitará soterrando sentimentos, relacionamentos,
convivências.
A palavra que levanta também pode ser a
que derruba; a que acaricia, pode ser a que golpeia; a que motiva pode
ser a que desencanta; a que une pode ser a que esquarteja.
Palavras são sementes e sementes são perspectivas. É por esta razão que devem ser usadas com parcimônia.
http://educaja.com.br/2014/09/sementes-sao-perspectivas.html
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