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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SC era destino de leite fraudado no RS, afirma Ministério Público Fraude consistia na adição de água para aumentar volume e de sal para mascarar a diluição.

Fraude consistia na adição de água para aumentar volume e de sal para mascarar a diluição.

Sétima fase da Operação Leite Compen$ado foi deflagrada na manhã desta quarta-feira 

Foto: Diogo Zanatta / Especial

Caio Cigana e Darci Debona
Duas indústrias de Santa Catarina estavam entre os destinos de leite fraudado que foi alvo da sétima fase da Operação Leite Compen$ado, deflagrada na manhã desta quarta-feira, no norte do Rio Grande do Sul. A adulteração investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE) consistia na adição de água para aumentar o volume do produto e de sal para mascarar a diluição.
De acordo com informações levantadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul a unidade da Aurora Alimentos em Pinhalzinho e a Kerlac, de Rio Fortuna, estavam entre os destino de cargas de leite da Cotrel, em Erechim, uma das empresas suspeitas de trabalhar com leite adulterado.
— A Cotrel sabia que o leite era de má qualidade mas mascarava o resultado- afirmou o promotor do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Mauro Rochembach.
Ele também informou que foram apreendidos na Cotrel relatórios de inconformidade do leite enviado para a Aurora de Pinhalzinho.
— Eles emitiam relatório de inconformidade porém recebiam as cargas- afirmou o promotor.
Outras empresas do Rio Grande do Sul e do Paraná também recebiam o leite.
Rochembach disse que o responsável pelo posto da Cotrel e o diretor responsável pela unidade devem ser denunciados pelos crimes de adulteração de alimento e associação criminosa. A unidade da Cotrel vai continuar funcionando em Regime Especial de Fiscalização. O Ministério da Agricultura também fará a rastreabilidade do leite.
De acordo com o promotor de defesa do consumidor Alcindo Bastos Filho, o Ministério da Agricultura vai agora questionar as indústrias sobre o destino que deram ao leite fraudado. A intenção é saber se o produto foi rejeitado ou processado e colocado no mercado. Mas, como as substâncias usadas na fraude não fariam mal à saúde, não deve haver recolhimento de lotes.
Até o início da tarde desta quarta-feira, o MPE confirmou o cumprimento de 16 dos 17 mandados de prisão. Uma pessoa continuava foragida. Além de Erechim e Jacutinga, onde um posto de recebimento de leite foi interditado, a operação ocorreu em Maximiliano de Almeida, Gaurama, Viadutos e Machadinho. Estão envolvidos produtores, transportadores, responsáveis por postos de resfriamento, laboratoristas e motoristas de caminhões.
O Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Chapecó, colaborou na operação. O promotor de Justiça do Rio Grande do Sul, Mauro Rochembach, disse que há uma colaboração entre promotores e policiais dos dois estados para coibir a fraude no leite.
Em Santa Catarina somente neste ano foram presas 39 pessoas nas operações Leite Adulterado I, II e III.
O que dizem as empresas
Cotrel
"Estamos nos inteirando dos fatos. A cooperativa entende que vem cumprindo a legislação e fazendo todos os testes e análises necessários. Vamos analisar as provas que estiverem nos autos".
Nasser Khalaf, advogado da Cotrel
Aurora
A Aurora Alimentos emitiu uma nota condenando a adulteração do leite e assegurando aos clientes e consumidores que não industrializou leite adulterado pois realiza testes laboratoriais de qualidade em toda matéria-prima.
Informou que é a primeira empresa do mundo a adotar um sistema de rastreabilidade do campo até a saída da indústria e que realiza programas de qualidade do leite para capacitar os produtores.
A Aurora também anunciou a suspensão de recebimento de leite da Cotrel até a conclusão das investigações.
Além disso convocou as indústrias lácteas, sindicatos do setor e órgãos como Ministério da Agricultura, Cidasc, Epagri e Embrapa, para uma reunião no dia 15 de dezembro, às 8 horas, na Sede da Fiesc, em Florianópolis.
O objetivo é tomar ações conjuntas para coibir as fraudes.
Kerlac
O Diário Catarinense entrou em contato com o laticínio no início da tarde e foi informado que o responsável não poderia atender no momento, solicitando ligar posteriormente. A reportagem já entrou em contato novamente, mas ainda não havia obtido retorno até as 16h50min desta quarta-feira. O DC continuará tentando o contraponto da Kerlac. 

DIÁRIO CATARINENSE 



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