O que é o descolamento de retina e como tratar
Problema de visão frequente nos mais velhos, o
descolamento de retina precisa ser tratado para não causar cegueira. Saiba mais
sobre ele e seus sintomas
A terceira idade pede por mais atenção à saúde,
especialmente a ocular. O descolamento da retina, por exemplo, é uma situação
comum nessa fase da vida. É um problema grave que, se não for tratado, pode
levar à cegueira total e irreversível. Mas o que ele é?
A maior parte do globo ocular é formada pelo humor
vítreo, uma substância de consistência gelatinosa. Atrás dele – bem no fundo do
olho –, fica a retina, uma fina camada responsável por captar as informações
externas e transmiti-las para o nervo óptico. Dali, elas são levadas até o
cérebro para que sejam decifradas e se transformem em imagens.
Pois bem: o humor vítreo e a retina ficam
encostados. Porém, com o avanço da idade, a composição química dessa “gelatina”
muda, tornando-se mais líquida por dentro. E isso pode fazê-la se despregar.
“Por ser muito frágil, o vítreo rasga e começa a
vazar para o fundo do olho, causando o descolamento da própria retina”, explica
o oftalmologista Rony Preti, fundador do Preti Eye Institute, em São Paulo. A
movimentação do fluído pressiona a membrana, provocando seu rompimento e, como
consequência, ela desgruda do fundo do olho.
Quando isso ocorre, a retina deixa de receber
oxigênio adequadamente devido à falta de circulação. Isso que gera a perda
progressiva da capacidade de enxergar.
Mas a velhice não é a única causa. Levar uma bolada
no olho ou não protegê-los durante um salto de paraquedas são outros fatores de
risco, por exemplo. Miopia e predisposição genética também aumentam a
probabilidade de desenvolver essa encrenca.
“Além disso, a quimioterapia realizada por pacientes
de qualquer tipo de câncer pode alterar a composição do humor vítreo e, com
isso, acelerar o surgimento do problema”, complementa Preti, que também é
professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com ele, quando a região central da retina
é atingida, o paciente começa a ver “moscas volantes” no campo de visão. Oi? “É
como se a pessoa enxergasse moscas pretas ou teias de aranha o tempo todo.
Essas manchas também podem ter a aparência de uma marca d’água ou uma cortina
preta”, aponta.
Por outro lado, se o dano acometer a periferia da
retina, a doença se torna assintomática. Aí que mora o perigo: como a chateação
não causa dor, essa estrutura vai ficando desnutrida. É o início um processo de
degeneração celular, que leva a uma perda visual irreversível.
“Essa é a área onde há o maior risco de ocorrer o
descolamento”, alerta o especialista. Por isso é tão importante consultar o
oftalmologista, principalmente com o avançar dos anos.
Como é o diagnóstico e o tratamento
O exame principal para identificar a condição é o
mapeamento da retina. “Pingamos uma gota de colírio para dilatar a pupila do
paciente e, com uma luz e uma lente de aumento, avaliamos o fundo do olho”,
informa Preti.
Enquanto a retina não tiver se desgrudado
propriamente, dá para reverter a situação com tratamento à laser. Ao atingir a
parte fragilizada, a mini-queimadura provocada pela técnica promove uma
cicatrização que fecha o rasgo. “Dessa maneira, prevenimos que o descolamento
ocorra”, afirma o médico.
Mas se já tiver acontecido, a única saída é a
cirurgia, que tem como objetivo pregar a retina novamente no fundo do olho.
“Uma vez colada, os receptores responsáveis pela visão voltam a receber
nutrientes. Quanto mais rápido fizermos o procedimento, maiores serão as
chances de restaurar a vista”, conclui o oftalmologista.
Lentes de contato causam descolamento de retina?
Essa é uma crença popular que não passa de
coincidência. O que aumenta o risco não é a lente, mas o motivo pelo qual a
utilizamos.
“A maioria das pessoas que põem lentes de contato
são pacientes com miopia elevada. O olho deles é maior. Essa característica faz
com que a retina fique esticada, o que a torna mais frágil e propensa a ter
rasgaduras”, esclarece o professor.
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