Hérnia de disco
A
hérnia de disco é uma lesão que ocorre com mais frequência na região
lombar. Essa doença é a que mais provoca dores nas costas e alterações
de sensibilidade para coxa, perna e pé. Aproximadamente 80% das pessoas
vão experimentar a dor lombar em algum momento de suas vidas. A
localização mais comum da hérnia de disco lombar é no disco que fica
entre a quarta e quinta vértebra lombar (L4/L5) e no disco que fica
entre a quinta vértebra e o sacro (L5/S1).
Na maioria dos casos, os sintomas melhoram naturalmente com três
meses, mas podem ser auxiliados com tratamentos clínicos e
fisioterapêuticos. Mesmo o paciente se sentindo bem sem tratamento, é
importante que ele faça um programa de tratamento voltado para a
funcionalidade normal da coluna e para o seu fortalecimento. As
pesquisas são categóricas: após os primeiros sintomas de dores nas
costas, os músculos que protegem a coluna vertebral começam a ficar
fracos e atrofiados.
A população precisa saber que essa doença não tem cura. As pessoas
melhoram da dor, voltam a ter uma vida normal na maioria das vezes, mas é
bom deixar claro que o repouso e os medicamentos não devolvem a
funcionalidade nem fortalecem os músculos que ficaram fracos com a
doença. Acreditamos que esse seja um dos principais motivos de tantas
dores recorrentes na coluna vertebral. Assim, se você teve um episódio
de dor severa na coluna e esses sintomas permaneceram por mais de três
meses, provavelmente outros virão. Essa regra vale para 100% dos casos.
Portanto, o segredo é fazer uma atividade física em locais adequados e
com profissionais especializados.
Surgimento da hérnia de disco
A palavra “hérnia” significa projeção ou saída por meio de uma
fissura ou orifício de uma estrutura contida. O disco intervertebral é
uma estrutura fibrosa e cartilaginosa que contém um líquido gelatinoso
no seu centro, chamado núcleo pulposo.
O disco fica entre uma vértebra e outra da coluna vertebral. Esse anel
fibroso, quando fissura ou está desgastado, permite que o líquido
gelatinoso que está mantido no seu centro realize uma expansão ou
abaulamento da sua estrutura e também pode se extravasar. Quando esse
fenômeno ocorre em pequenas proporções, chamamos protusão discal.
Se a lesão no anel fibroso que mantém o núcleo for grande, o líquido
contido no núcleo poderá sair para o meio externo e, quando isso
acontece, o disco poderá diminuir de volume, achatando-se. Por isso,
chamamos de hérnia de disco. Dependendo do local da saída desse “gel”, o
paciente poderá sentir fortes dores ou não. Com esse conceito, fica
claro que o importante é saber qual é a localização da hérnia de disco, e
não o seu tamanho.
Composição do disco
O
disco é composto de duas partes principais: uma delas é a parte
central, chamada núcleo pulposo ou líquido viscoso. O núcleo funciona
como um amortecedor para proteger das pressões e torções exercidas por
nós no dia a dia. A segunda parte é composta de um tecido cartilaginoso
chamado anel fibroso. Esse anel mantém o núcleo na parte central e tem
características elásticas que permitem e facilitam os movimentos de
flexão, extensão e rotação do tronco. Existe uma estrutura muito
importante chamada placa terminal que faz parte desse complexo, mas essa
estrutura pertence à vértebra e fica localizada na região superior e
inferior de cada vértebra. Assim, a integridade dessas estruturas é que
conserva e nutre o núcleo pulposo. Com a degeneração destas estruturas,
os líquidos do núcleo poderão migrar para os corpos vertebrais. O início
deste processo é chamado de Modic tipo I.
Alguns autores afirmam que este processo inflamatório e degenerativo na
placa terminal poderá causar dores na coluna vertebral.
A saída do núcleo pulposo ou o abaulamento do disco poderão provocar
uma pressão nas raízes nervosas correspondentes à hérnia de disco ou à
protrusão. Essa pressão na raiz nervosa poderá causar os mais diversos
sintomas que serão descritos mais adiante.
Veja os números sobre a hérnia de disco
95% das pessoas que sofrem com a hérnia de disco não
precisam realizar cirurgia na coluna vertebral, podendo tratar com
método não invasivo.
13% das consultas médicas envolvem dores na coluna.
15% da população mundial sofre com a hérnia de disco.
70% da população brasileira com mais de 40 anos sofre de algum tipo de problema na coluna.
Essa doença é a 3ª causa de aposentadoria precoce, as dores nas costas são também o 2° principal motivo das pessoas que tiram licença no trabalho.
Mais de 6 milhões de brasileiros sofrem com a doença e é a 2ª maior causa de afastamento do trabalho, ficando atrás apenas das doenças cardíacas.
Pessoas com faixa etária de 25-45 anos apresentam o maior índice de casos de hérnia de disco.
Causas da hérnia de disco
A palavra “coluna” já diz tudo sobre a importância desta estrutura no
nosso corpo. Ela é o centro de equilíbrio do sistema musculoesquelético
do ser humano e fornece a base para a estabilização do nosso corpo,
permitindo uma distribuição perfeita das forças e dos gestos exercidos
no nosso dia a dia ou nas práticas esportivas. Não é à toa que muitas
lesões da coluna vertebral são atribuídas ao desequilíbrio e ao
desalinhamento desta estrutura. Ou seja, a má postura é, sem dúvida, a
grande vilã das mazelas existentes na coluna.
Existe uma postura correta para qualquer movimento que realizemos,
inclusive, quando estamos em posição estática. Com a correria do dia a
dia, nem sempre é possível obedecer a todas as regras, mas ainda assim
podemos adotar o máximo de cuidado para não sobrecarregar os nossos
músculos e articulações.
Tipos de hérnia de disco
>
Protrusas: O disco se alarga, mas contém o líquido gelatinoso no seu
centro. A base do disco se avoluma e fica mais larga que o diâmetro de
origem. As paredes do disco poderão tocar em regiões e áreas de grande
sensibilidade nervosa, gerando dores e incapacidades.
> Extrusas: A hérnia de disco lombar extrusa é uma condição
ortopédica muito frequente e importante que afeta os discos
intervertebrais da coluna que funcionam como verdadeiros amortecedores. A
patologia se dá quando há o rompimento desse anel fibroso e o conteúdo
gelatinoso interno ou núcleo pulposo sai por meio de uma fissura na
membrana, havendo perda de contato dos fragmentos extravasados com o seu
meio interno.
> Sequestradas: A hérnia de disco sequestrada é aquela que rompe a
parede do disco e o líquido gelatinoso migra para dentro do canal
medular, para cima ou para baixo. Além da pressão na raiz nervosa,
provoca inflamação e compressão contínua. É o tipo de hérnia que provoca
a chamada dor química, pois esse núcleo pulposo, quando fora do seu
ambiente natural, tem propriedades químicas ácidas e provoca dores
insuportáveis. O paciente se apresenta com postura antálgica, inclinando
o tronco para o lado que lhe dê conforto. Neste caso, a melhora só será
possível com medicamentos, repouso ou até mesmo cirurgia.
Manter a postura correta não é importante, apenas, para a boa
aparência, alterações posturais desde a infância, por exemplo, já
predispõem problemas na vida adulta. Daí a necessidade de prevenir
hábitos incorretos de postura. Veja, a seguir.
Como corrigir a postura
O importante é jamais forçar demais, apenas, uma parte do corpo, os
ossos têm que suportar pesos iguais. Quando você senta, por exemplo,
nunca deve apoiar o peso somente em uma perna, deixando a outra solta. É
fundamental o aprendizado do não desperdício de energia durante a
execução de movimentos ou em posição estática, distribuindo o peso do
corpo de forma equilibrada. Algumas dicas para evitar problemas
posturais:
– ATIVIDADES DOMÉSTICAS
Na realização de atividades domésticas, evite trabalhar com o tronco
totalmente inclinado se estiver em pé; no ato de passar roupa, a mesa
deve ter uma altura suficiente para que a pessoa não se incline, outra
dica é utilizar um apoio para os pés alternando-os sempre que houver
algum incômodo. Para calçar os sapatos não incline o corpo até o chão,
sente-se e traga o pé até o joelho. Ao se elevar um peso acima da altura
da cabeça, deve-se apoiar o peso no corpo e subir em uma escada ou
banquinho para depositá-lo adequadamente. Ao erguer um peso deve-se
abaixar flexionando os joelhos até em baixo sem curvar a coluna,
levantar-se transferindo a carga para os músculos das pernas que são
mais fortes do que os da coluna, caso seja possível coloque o objeto em
um carrinho e empurre.
– AO DORMIR
Na hora de dormir também são necessários cuidados como escolher um
bom colchão semi-rígido ou de espuma para distribuir bem o peso do
corpo, um bom travesseiro e adotar algumas posturas corretas na cama. Se
você costuma dormir de barriga para cima utilize um travesseiro em
baixo dos joelhos; ao dormir de lado, um travesseiro entre as pernas que
devem estar dobradas. Dormir de bruços não é recomendado, mas se você
não consegue de outro jeito utilize um travesseiro embaixo da barriga e
não da cabeça, diminuindo a curvatura lombar.
– AO SENTAR
Sentar corretamente também é muito importante para uma boa postura.
Procure manter os pés apoiados no chão; coxas tocando suavemente a maior
área possível do assento; evite cruzar as pernas e deixe-as
ligeiramente afastadas; a coluna deve ser mantida ereta, de forma a
preservar suas curvas naturais (encoste as costas completamente no sofá
ou na cadeira, evitando esparramar-se). Manter a coluna ereta é sempre
melhor do que deixá-la inclinada em qualquer situação. Adotar uma
postura correta para sentar evita dor nas costas e sérias lesões na
coluna vertebral. Quando se senta da maneira apropriada há uma
distribuição uniforme das pressões sobre os discos intervertebrais e os
ligamentos e os músculos trabalham em harmonia, evitando desgastes
desnecessários.
– AO TRABALHAR
No trabalho também é importante adotar posturas menos prejudiciais.
Se você trabalha sentado, os seus braços devem ficar pendidos ao longo
do corpo ou os antebraços apoiados na mesa de trabalho. Evite torções de
corpo inteiro, levante-se ou use uma cadeira apropriada que gire com
facilidade para pegar algo, falar com alguém ou jogar papel no lixo.
Caso trabalhe com computador, procure regular a tela de modo que a borda
superior fique na altura do olhar para o horizonte, mantenha o queixo
paralelo ao chão. Para ler, evite ao máximo ter que baixar a cabeça, se
for preciso adquira um suporte de livros.
Descubra outros fatores que, além da má postura, podem ser prejudiciais:
1 – Fatores hereditários;
2 – Traumas diretos ou de repetição;
3 – Fumo;
4 – Idade avançada (também é motivo de lesões degenerativas);
5 – Sedentarismo (é um fator determinante para dores nas costas);
6 – Ação de inclinar e girar o tronco frequentemente;
7 – Posição de ficar em pé ou sentado por muito tempo, principalmente no trabalho;
8 – Ação de levantar, empurrar e puxar objetos;
9 – Movimentos repetitivos em casa ou no trabalho;
10 – Prática esportiva;
11 – Trabalho que provoca vibrações no corpo;
12 – Trabalhar dirigindo;
13 – Fletir o tronco com frequência para apanhar objetos;
14 – Fatores psicológicos e psicossociais.
Sintomas da hérnia de disco
Os sintomas mais comuns são dores localizadas nas regiões onde existe a lesão do disco.
Essas dores podem ser irradiadas para outras partes do corpo. Quando a
hérnia é na coluna cervical, as dores ou as alterações de sensibilidade
se irradiam para as regiões superiores dos ombros, para os braços, as
mãos e os dedos. Se a hérnia de disco é lombar, as dores se irradiam
para as pernas e pés. O paciente pode também sentir formigamento,
dormência, ardência e dores na parte interna da coxa. As pessoas relatam
que é uma “dor chata” e que não existe posição que melhore. Alguns
relatam que pioram quando vão dormir. Isso acontece porque nesse momento
o corpo fica relaxado e os discos se reidratam, aumentando o seu
volume, e consequentemente comprimem as raízes nervosas. Nos casos mais
graves, a compressão poderá causar perda de força nas pernas e até mesmo
incontinência urinária.
Observe os principais sintomas de forma resumida:
1 – Dor nas costas há mais de três meses;
2 – Coluna torta quando entra em crise;
3 – Dor noturna que piora durante o sono e que permanece ao acordar;
4 – Dor que piora ao ficar em pé com a perna estendida;
5 – Bastante dificuldade para ficar sentado por mais de 10 minutos;
6 – Redução de força em uma das pernas ou nas duas;
7 – Impossibilidade de ficar de ponta de fé com uma das pernas;
8 – Dor, formigamento ou dormência nos membros;
9 – Dificuldades extremas para segurar a urina;
10 – Redução do rendimento e desânimo para a realização de atividades rotineiras;
11 – Dores de cabeça associadas a dores na região da nuca e que se prolongam para os ombros;
12 – Dificuldades para se locomover ou levantar algum objeto.
Qualquer um desses sintomas representa um sério problema para sua
coluna vertebral. Não tome remédios por conta própria nem espere que sua
dor melhore sozinha. Nenhum tipo de dor na coluna deve ser ignorado,
principalmente, quando o paciente detecta a presença de um ou mais dos
sintomas listados acima. Ao identificar incômodos similares, deve-se
procurar por ajuda médica imediatamente. Mascarar a dor com o uso de
medicamentos (por conta própria) ou “receitas caseiras” é colocar a
saúde em risco. O ideal é investigar a causa das dores e demais sintomas
com a ajuda de um especialista para que a raiz do problema (e não
somente os efeitos que ele manifesta) seja tratada de forma adequada e
efetiva.
Diagnóstico e exame
O
diagnóstico pode ser feito clinicamente, levando-se em conta o
histórico do paciente, as características dos sintomas e o resultado do
exame físico realizado durante a avaliação. As regiões mais comuns de
serem acometidas com hérnia de disco são a coluna lombar e a coluna cervical.
Quando as pessoas procuram por um profissional com queixas de dores
no pescoço, exploramos inicialmente a possibilidade de existir alguma
assimetria facial, observamos o tipo de mordida e analisamos se o
comportamento do paciente tem características de ansiedade ou estresse.
Esses fatores contribuem para o aparecimento de dores na coluna cervical
e até mesmo da hérnia de disco. Exames como raio X, tomografia e
ressonância magnética ajudam a determinar o tamanho da lesão e a
localizar em que exata região da coluna está a lesão, mas eles não são
decisivos para a tomada de conduta.
O exame mais importante e decisivo é o que realizamos com o paciente:
ouvir o que ele tem para nos falar sobre a dor, procurar saber o que
ele faz no dia a dia em casa e no trabalho e entender as reações do
corpo. Todos esses detalhes poderão dar uma grande contribuição para
melhora do paciente, e cabe ao profissional ficar atento. A falta de
atenção com o paciente é um dos fatores de negligência das condutas dos
profissionais de saúde. O cuidado e a atenção com os nossos pacientes
são imperativos.
As dores lombares também têm suas peculiaridades, mas, assim como
ocorre com as dores cervicais, procuramos primeiro escutar o paciente e,
depois, fazer o exame clínico. Fazer uma boa avaliação física do
quadril é de fundamental importância, pois é muito comum as pessoas que
têm limitações ou lesões nessa região também terem dor na coluna
vertebral. Essa relação entre o quadril e a coluna vertebral já foi
motivo de muitas pesquisas científicas. Hoje podemos afirmar
categoricamente que existe uma forte ligação entre as duas estruturas e
que é muito comum encontrarmos em nossos pacientes dores ou restrições
em ambas as estruturas.
O mais importante é que hoje nós temos excelentes alternativas de
tratamento sem cirurgia. A população deve ter consciência desses novos
conceitos de tratamento e não aceitar a primeira proposta de condutas
invasivas. Os governos federal, estaduais e municipais e os planos de
saúde não aguentam mais pagar tanta conta de cirurgia de coluna e – o
mais importante – muitos desses procedimentos não estão trazendo os
resultados desejados para os pacientes. Existem médicos que estão
exigindo que o paciente assine um longo contrato antes dos
procedimentos. Tudo isso para o médico se precaver das futuras
reclamações ou processos judiciais. Parece até a confirmação do
insucesso que vai existir com o procedimento. É importante que todos
pesquisem e tenham mais cautela e paciência no momento de escolher o
médico.
A importância do diagnóstico exato
Pessoas com suspeita de hérnia de disco são diagnosticadas em,
apenas, 1% a 5% dos casos com a patologia. A maior parte não tem hérnia
discal, mas sim outros problemas, como o famoso bico de papagaio, ou seja, a falência estrutural ou funcional dos discos intervertebrais.
Muitas vezes, o sintoma que o paciente acredita ser de determinada
doença é, na verdade, decorrente de outro problema que pode ser de
resolução mais simples – e também mais grave. Daí a necessidade de um
diagnóstico exato e precoce. Nenhum paciente deve ser submetido a
qualquer tratamento antes do primeiro passo (insubstituível): a
avaliação. Um especialista deve realizar todos os procedimentos para
identificar o problema a ser tratado, as necessidades específicas para o
quadro daquele paciente e as limitações apresentadas pelo mesmo. Uma
vez realizado esse passo inicial, o atendimento poderá ser direcionado
ao paciente com uma maior garantia de resultados seguros através do
tratamento.
Como prevenir uma Hérnia de disco
Mudanças no estilo de vida são indispensáveis para evitar o
surgimento da hérnia de disco. Dentre as orientações, podemos destacar:
– Evitar o fumo;
– Praticar atividades físicas sob orientação profissional para,
sobretudo, fortalecer a musculatura de sustentação da coluna, tornando-a
mais resistente aos possíveis impactos;
– Adotar uma dieta saudável para controlar o peso corporal e prevenir que a coluna sofra com as sobrecargas;
– Não carregar excesso de peso no dia-a-dia ou no trabalho;
– Praticar exercícios de alongamento;
– Manter uma postura adequada em todas as situações.
Veja também
- Escoliose
- Lombalgia
Hérnia de disco como causa de aposentadoria
A
hérnia de disco é uma causa de radiculopatia, traduzida como qualquer
doença que afete a raiz dos nervos espinhais. Ela tem alta incidência
entre pessoas adultas jovens, o que não significa dizer que crianças e
idosos estejam livres dessa afecção na coluna. Segundo dados do IBGE, a
patologia atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros, podendo ou não
apresentar sintomas e ocorrendo com maior frequência na região inferior
das costas (lombar).
Para fins previdenciários, a impossibilidade de desempenho de
atividades em decorrência de alterações patológicas ocasionadas por
doenças ou acidentes é considerada como incapacidade laborativa. Desse
modo, qualquer enfermidade pode ser geradora de incapacidade parcial ou
total.
Nesses casos de diagnóstico já comprovado da hérnia de disco, a
continuação do trabalho pode acarretar o agravamento da doença bem como o
risco de vida pessoal ou de terceiros em virtude das limitações
funcionais e laborais que a patologia gera, principalmente, em
decorrência da irritação do nervo que pode interromper os sinais do
cérebro, causando fraqueza muscular.
No Brasil, uma das causas mais comuns para as dores nas costas é o
desenvolvimento da hérnia de disco. Os transtornos da coluna vertebral
são responsáveis pela maior parte dos afastamentos no trabalho e
auxílio-doença e grande parcela dos casos de aposentadoria precoce por
invalidez. O comportamento sedentário da maioria da população tem
contribuído bastante para o agravamento dessa patologia, além de outros
hábitos inadequados do dia a dia, como a má postura.
Fuja do sedentarismo
– Prefira subir e descer escadas ao invés de usar o elevador ou a escada rolante;
– Deixe o carro na garagem para percorrer pequenas distâncias, como, por exemplo, aquela ida à padaria;
– No trabalho, tente levantar a cada meia hora e caminhar um pouco pelo ambiente – isto ajuda a evitar as dores;
– Quem pega ônibus para voltar para casa pode descer uma parada antes e fazer o restante do trajeto a pé;
– Pequenas tarefas domésticas, como fazer faxina, levar o cachorro
para passear e arrumar a cama colaboram para colocar o corpo em
movimento e evitar problemas futuros;
– É importante praticar uma atividade física, pois o sedentarismo
pode acarretar dores nas costas, em virtude do enfraquecimento muscular.
Gestação e hérnia de disco
Durante
a gestação, a barriga da mulher pode crescer até cerca de 40cm. Esse
crescimento leva a alterações na morfologia da coluna, ocorrendo,
principalmente, aumento da curvatura da região lombar. Estima-se que
cerca de 80% das gestantes apresentarão algum tipo de dor nas costas.
A causa da dor nas costas está na alteração da postura das mulheres,
que, devido ao peso da barriga, deslocam o centro de gravidade para a
frente. Essa projeção da barriga gera uma hiperlordose lombar, ou seja,
um aumento na curvatura da coluna lombar. Além do desconforto, a gestante tem dificuldade para realizar diversas atividades, como levantar e sentar, permanecer por muitas horas em uma mesma posição e até dormir.
Com o passar das semanas, o centro de gravidade do corpo se desloca
cada vez mais para frente. Da vigésima à vigésima oitava semanas de
gestação é o período mais acometido, porém pode iniciar-se já a partir
da oitava semana.
Durante a gestação, ocorre uma intensa transformação no corpo da
mulher, para que esta se prepare para o momento do parto. Hormônios como
a relaxina e o estrógeno, provocam uma maior frouxidão nos ligamentos
da coluna e da bacia. Alterações na postura durante a gestação, através
das compensações, auxiliam na manutenção da posição ereta e olhar
horizontal, enquanto o crescimento do feto e o aumento do útero provocam
um aumento do peso da mulher e afetam o equilíbrio do corpo. O aumento
do peso é concentrado inicialmente na barriga e os músculos abdominais
vão diminuindo o seu tônus pelo crescimento do útero. A lordose lombar
aumenta para compensar esse peso e sobrecarrega a porção inferior da
coluna. O resultado disso tudo são intensas dores na região da coluna.
Vale ressaltar que as mulheres que já apresentavam alguma história de
dor nas costas antes de engravidar têm chance aumentada de sofrer com a
coluna.
Cuidados importantes para gestantes
As mulheres devem se atentar à sua saúde. Gestantes podem praticar
exercícios físicos na gravidez, pois são uma ótima maneira de prevenir
as dores nas costas, tendo em vista que estes são fundamentais para
manter o peso sob controle e, além disso, fortalecem a musculatura
abdominal. Mas procure praticar regularmente exercícios físicos de
preferência com orientação profissional. Lembre-se de conversar com o
seu obstetra para certificar-se de que a atividade física é liberada no
seu caso.
Outro cuidado importante é manter uma alimentação regulada,
engordando apenas o recomendado (de 9 a 12 kg, variando de acordo com o
IMC da mulher ao engravidar), afinal, quanto mais pesada a gestante
estiver, maior será a sobrecarga na coluna.
Controlar os hábitos posturais diariamente, principalmente no
trabalho, e dormir bem também são práticas essenciais para o bem estar
da futura mamãe.
– Cuidados com a postura
A gestante deve ter alguns cuidados redobrados quando o assunto é
postura. Atenção para manter a postura ereta! Ao sentar, deixe toda a
coluna apoiada no encosto, deixando um ângulo de 90 graus entre o corpo e
as pernas; os ombros devem sempre permanecer alinhados e relaxados,
caso contrário, a grávida pode sentir dores também no pescoço.
Evitar a permanência por longos períodos na mesma posição, ainda que
com a postura correta. Esse é outro fator que pode desencadear o
problema. Quem trabalha muitas horas na frente do computador, deve fazer
algumas pausas rápidas ao longo do dia, nem que seja apenas o tempo
necessário para tomar um copo de água ou ir ao banheiro.
Lembrando que, mesmo após o parto, as dores podem continuar, devido
ao esforço dedicado no cuidado com o bebê. Por isso, cuidado com a
manutenção da postura ereta e evite esforços, abaixando sempre dobrando
os joelhos e contraindo o abdômen. Apoie os braços ao amamentar e
permaneça sentada com a coluna ereta.
– Para relaxar
Já que não se pode controlar o aumento da barriga, siga essas
orientações e, quanto possível, realize alongamentos como esse: deitada
de costas, flexione as duas pernas juntas, em direção ao tronco.
Mantenha-se na posição por 30 segundos e descanse por um minuto. Em
seguida, repita o movimento mais duas vezes. Esse alongamento pode ser
feito de manhã, antes de sair de casa, após a prática de atividades
físicas ou quando sentir incômodo na região lombar. Mas, para se
levantar, é preciso se virar de lado e apoiar o peso nos braços.
Fazer uma automassagem com bolinhas de tênis ou similares também ajuda a reduzir a tensão dos músculos da região.
Prevenção já na infância
Segundo
estudos, antes dos 15 anos, cerca de 60% dos meninos e 70% das meninas
já foram acometidos por dores nas costas. O problema não é mais
exclusivo de adultos, crianças de diferentes idades já apresentam
queixas cada vez mais intensas de dores na coluna. Para evitar que essas
dores incomodem o grupo infantil, o ideal é prevenir o quanto antes. Se
os devidos cuidados forem tomados desde cedo, educando as crianças para
que tenham hábitos adequados, os riscos de dores nas costas podem ser,
consideravelmente, reduzidos.
Na infância, as dores nas costas podem ser provocadas por uma má
posição na cadeira do colégio ou mesmo em casa, na hora de comer e
estudar. Outros fatores, além da má postura, que também contribuem para o
surgimento das dores: quantidade excessiva de livros na mochila, falta
de exercícios físicos que fortaleçam as costas e o corpo como um todo e
os hábitos sedentários, como ver muita televisão e estar muito tempo
deitado. Lesões provenientes de alguma queda ou pancada também podem
incomodar as costas, assim como a obesidade infantil. Sabe-se que a
maior parte das dores é de origem muscular.
A prática de exercícios físicos na infância é a medida mais
importante para prevenir dores na coluna e que podem a se tornar
crônicas no futuro, inclusive com o acometimento de doenças como a
hérnia de disco. Tudo, entretanto, com moderação, pois se a criança
praticar muitas atividades físicas também poderá sofrer com os sintomas
de dores.
Uma dica é praticar esportes em família e, assim, formar adolescentes
e adultos já acostumados com os exercícios. Essas atividades físicas
ajudam a desenvolver a musculatura potente e resistente e contribuem
para a formação adequada da coluna vertebral. Mas, lembre-se: os
exercícios devem ser supervisionados por profissionais de fisioterapia
ou de educação física. Também é importante observar a postura da criança
para que os vícios posturais não acabem gerando desvios, prejudicando
severamente a coluna.
Os malefícios da obesidade
A
obesidade ocorre quando a ingestão de alimentos é maior que o gasto
energético do organismo para sua manutenção e realização das atividades
do dia a dia. Estudos têm demonstrado a relação dessa doença com o
predomínio de dor nas costas. Alertando para o fato do excesso de peso
ser prejudicial à saúde da coluna vertebral.
Quando o indivíduo está acima do peso, acaba oferecendo uma carga
maior sobre a coluna e, consequentemente, os discos são afetados,
aumentando os riscos de doenças como a hérnia de disco. Isso é o que
muitos estudos comprovam, que o maior risco de dores na coluna e de
doenças na região é apontado em grupos de pessoas com sobrepeso, obesos e
obesos mórbidos.
Além disso, outros hábitos também podem influenciar na dor. O fumo
demonstrou ser um grande preditor de dor lombar, além do sedentarismo,
principalmente nos indivíduos com IMC mais elevados. Isso quer dizer
que, hábitos não saudáveis, como o fumo, e não praticar atividades
físicas têm um maior peso na saúde da coluna dos indivíduos com
sobrepeso ou obesos.
Porém, apesar dos fatores desanimadores, grandes ganhos podem ser
adquiridos através da prática de atividades físicas, ou pequenas
mudanças nas atividades rotineiras. Quando um indivíduo deixa de ser
sedentário, praticando exercícios físicos, mesmo que simples atividades
domésticas, pode reduzir o risco de dor nas costas em 17%.
Para aqueles que já possuem excesso de peso, aumentar a quantidade de
tempo de uma atividade física moderada (como por exemplo, caminhada,
hidroginástica, andar de bicicleta e dança) por mais de 20 minutos por
dia, pode reduzir o risco de dor lombar em 32%.
Dar um pouquinho mais de si pode fazer a diferença! Ir um pouco além
nos exercícios, principalmente aeróbicos, traz inúmeros benefícios. Para
os obesos mórbidos, se estenderem a duração média de tempo gasto para
fazer uma atividade moderadamente intensiva por pelo menos um minuto
adicional a cada vez que o exercício é realizado reduz as chances de ter
dor nas costas em 38%.
Salto alto e a coluna da mulher
O uso do salto deve ser moderado. Em nome da vaidade, muitas mulheres
não abrem mão do salto alto e acabam pagando um alto preço por isso. A
postura exigida para “manter-se no salto” pode levar a problemas na
coluna como a hérnia de disco. Isso porque o uso do salto exige mudanças
posturais ao pisar. Os pés ficam em posição de flexão plantar (ponta do
pé). Com a mudança do eixo de gravidade mais anteriorizado, a base de
apoio diminui na região do calcanhar, centralizando toda sustentação do
peso na região dos dedos dos dois pés.
O salto provoca mudanças na angulação do cérvix do fêmur, que tende a
pressionar a cartilagem do acetábulo e, com o tempo, desgastá-la
causando deformidades, descontrole postural e mudanças na marcha. Muitas
mulheres acometidas pela doença têm dúvidas em relação ao melhor tipo
de tratamento. Há dados que indicam que apenas 5% das hérnias precisam
de cirurgia. O tema tem gerado grande polêmica, pois muitos
profissionais da saúde têm indicado cirurgia na maioria dos casos.
Embora, diversos estudos apontem o tratamento convencional com
fisioterapia, medicamentos e exercícios, como um dos melhores para o
tratamento da hérnia de disco.
Hérnia de disco tem cura?
A hérnia de disco apresenta diferentes fases de evolução. Quando o
nível de comprometimento da coluna não é tão crônico, opções de
tratamento conservador, como técnicas de fisioterapia, podem ser
adotadas com êxito. A própria administração de medicamentos
anti-inflamatórios e relaxantes musculares, prescritos pelo médico,
também pode auxiliar bastante. Apesar de constituírem a minoria, há os
casos mais graves, onde nenhum procedimento não invasivo surte efeito.
Nesses casos, a cirurgia pode ser necessária para corrigir o problema.
Normalmente, a maioria dos casos de hérnia de disco podem ser
tratados com garantia de sucesso, sendo necessária, contudo, uma
manutenção de importantes hábitos ao longo da vida para evitar
recidivas. O período de recuperação total é individual, ou seja, cada
paciente evolui de acordo com suas condições, não existe um período
padrão. Esse processo também vai depender do quadro da hérnia de disco
submetido ao tratamento e do comportamento do paciente em obediência ás
orientações médicas.
Cirurgia para hérnia de disco
Segundo pesquisas, somente 10% dos casos de hérnia de disco precisam
de cirurgia. A maioria é curada com terapias não agressivas. O que
acontece, em geral, com as pessoas que sofrem com hérnia de disco é o
encaminhamento para uma cirurgia corretiva. Como toda operação, esse
procedimento implica riscos, como o de sofrer reações à anestesia ou ser
vítima de infecções.
Um estudo publicado na Revista da Academia Americana de Cirurgiões
Ortopédicos mostrou que esta deveria ser a última possibilidade a ser
cogitada. O trabalho afirma que cerca de 90% dos indivíduos portadores
de hérnia de disco podem se recuperar com o uso de técnicas como
fisioterapia, acupuntura, reeducação postural global (RPG) e
analgésicos. Isso quer dizer que apenas 10% têm necessidade de fazer
cirurgia. As pesquisas prévias sobre o tema foram amplamente revisadas,
chegando, assim, a tal conclusão. No grupo de pessoas avaliadas, os que
apresentavam recorrência da hérnia após a cirurgia eram, em sua maioria,
jovens e pessoas que trabalhem com atividades que exijam esforço
físico. O resultado vem ao encontro do que têm defendido especialistas
no assunto.
Tratamento não cirúrgico para a coluna vertebral
O
ITC Vertebral desenvolveu uma técnica de tratamento para a coluna
vertebral sem procedimentos invasivos. Os pacientes são tratados de
acordo com os sintomas e sinais da dor. Não existe um trabalho padrão e é
aí que consiste um dos grandes diferenciais do ITC Vertebral: o
indivíduo passa por uma avaliação criteriosa, sendo direcionado, a
partir dessa primeira etapa, para um atendimento personalizado. Fala-se,
portanto, em “Subclassificação” das dores na coluna vertebral, os
critérios de tratamento obedecem às características individuais do
estado clínico do paciente.
Esse trabalho é baseado numa pesquisa científica que foi iniciada em
1995 em Pittsburg, EUA, depois foi revisada em 2005 e 2010 por Jullie
Fritz e publicada nos principais jornais e revistas científicas do
mundo. A pesquisa identificou que para cada tipo de dor existem
diretrizes de tratamento a serem seguidas, ou seja, as manifestações
dolorosas são classificadas e recebem tratamento específico, podendo
ser: manipulação ou mobilização articular; a mesa de tração; exercícios
direcionais; a estabilização segmentar vertebral e a estabilização
dinâmica, que atuam fortalecendo a musculatura profunda da coluna. Esses
são os quatro caminhos preconizados pela pesquisa de subclassificação.
O ITC Vertebral incorporou a devida pesquisa ao trabalho clínico e
acrescentou à subclassificação os exercícios e o acompanhamento ao
paciente no pós-tratamento. A atenção especial ao pós-tratamento (com um
programa completo de fortalecimento muscular) é decorrente do caráter
degenerativo das lesões na coluna, que não têm cura. O tempo de duração
do programa de tratamento não é prolongado, em dois meses são obtidos
87% de bons resultados até em pacientes mais graves.
https://www.itcvertebral.com.br/doencas-da-coluna/mielopatia
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