Dor Ciática (Nervo Ciático)
A dor ciática é uma inflamação ou irritação do nervo mais longo do nosso corpo, o nervo ciático.
Ele também é muito volumoso, podendo ter a espessura de um dedo. Quando
essa estrutura neurológica é afetada, a dor pode se estender da região
lombo-sacra até o pé, passando por glúteo, coxa e lateral da perna. Essa
dor é descrita pelos pacientes como uma dor profunda, como se fosse no
osso.
Como surge a Dor no nervo Ciático?
A irradiação do nervo ocorre por compressão no seu trajeto ou no
local da sua origem (raiz nervosa). As compressões poderão ser por
trauma direto ou de repetição, como ficar sentado por muito tempo em uma
cadeira desconfortável ou sentado sobre uma carteira de dinheiro
alojada no bolso traseiro da calça.
É muito comum que esses sintomas apareçam também pela prática
esportiva, como corrida e musculação, ou em atletas que praticam
esportes com saltos. Todos esses esportes solicitam os músculos dos
glúteos e o piriforme. Na grande maioria o trajeto do nervo ciático
passa por baixo do músculo-piriforme. Em 10% da população, o nervo
ciático passa por dentro dele. Assim, qualquer alteração desse músculo
poderá causar dor no local ou problemas de sensibilidade na perna.
Portanto, devemos ter cuidado ao fortalecer essa região e, somente
nesses casos, é que o alongamento do piriforme aliviará de imediato as
dores localizadas e as irradiadas para a perna.
Saber distinguir se a dor é oriunda de um problema na coluna ou se o
paciente tem pré-disposição para contratura desse músculo será de
fundamental importância para saber se é possível alongar ou não. É
importante salientar que a causa mais comum da dor ciática são as lesões
degenerativas da coluna vertebral,
tais como: hérnia de disco, protrusão de disco, espondilolistese,
artrose nas vértebras inferiores e estenose vertebral. Nesses casos,
alongar os músculos posteriores da coxa podem até contribuir para o
aumento da dor. Nas lesões mais severas e graves, os pacientes poderão
apresentar quadros de fraqueza muscular em uma das pernas ou nas duas, e
a falta de força poderá mudar o padrão da caminhada. Nesses casos, o
paciente não consegue ficar de ponta de pé sobre a perna afetada ou dar
alguns passos usando apenas os calcanhares.
Existe também a possibilidade da perda do controle da urina em casos
mais graves. O importante é que todos os profissionais e os familiares
que estão cuidando de um paciente com esse quadro fiquem em alerta, pois
a negligência ou a falta de atenção poderá levar a quadros
irreversíveis.
O que é o nervo ciático?
O nervo ciático corresponde ao maior nervo do corpo humano. Começa na
espinha inferior e desce pela parte posterior de cada perna. Ele é
responsável pelo controle das articulações do quadril, joelho e
tornozelo e também dos músculos posteriores da coxa e dos músculos da
perna e do pé.
O problema com o nervo ciático ocorre quando alguma pressão ou lesão o
afeta. Esse dano ao ciático pode ocorrer dentro do canal espinhal –
entre as vértebras por onde passa a medula espinhal – ou em outros
pontos de seu percurso. E, uma vez inflamado por algum tipo de
compressão externa ou outros fatores, surge a famosa dor ciática que
apresenta uma série de sintomas.
Características da Dor Ciática
Essa
dor ocorre, geralmente, em um lado do corpo. Começa na região lombar da
coluna, podendo irradiar ao longo da coxa até a batata da perna, o pé
ou até mesmo os dedos.
Os principais sintomas da doença incluem:
– Sensação de “queimação” ou dormência;
– Dor acompanhada de choques intermitentes nas nádegas que se prolongam para baixo por trás ou pelo lado da coxa e/ou perna;
– Pinçadas ou espasmos de dor na parte baixa da coluna e ao longo do
nervo ciático, que percorre pela parte profunda da coxa e/ou superficial
da perna indo até o pé;
– Dificuldades em realizar certos movimentos, como sentar ou levantar;
– Perda de sensibilidade (parestesias)ou fraqueza nos músculos da perna afetada;
– Perda da função intestinal ou da bexiga.
Os sintomas da Dor Ciática, normalmente, pioram no período da noite.
Mas vale ressaltar que nem todo paciente identificará os mesmos sintomas
e nem pelo mesmo período de tempo. Tudo vai depender da causa da
compressão do nervo ciático, isso será determinante para a manifestação
dos sintomas.
Patologias que causam a Dor Ciática
A dor do nervo ciático pode ter diversos motivos: hérnia de disco
lombar, espasmo do músculo piriforme ou trauma direto sobre nervo,
produzido, por exemplo, por uma injeção mal aplicada.
O nervo ciático fica localizado entre o trocanter maior e a
tuberosidade isquiático. Ele é recoberto pelo músculo do glúteo quando o
quadril está estendido, mas quando flexionado, o músculo se desloca e
deixa o nervo descoberto.
O nervo ciático se conecta com a medula espinhal através dos forames
sacras posteriores e também da quinta vértebra lombar (L5). À medida que
acompanhamos o nervo no sentido do quadril ao pé, esses ramos que saem
da medula se unem e formam o nervo ciático que, quando chega na metade
do fêmur, se divide em nervo tibial e nervo fibular comum que, por sua
vez, vão se ramificando.
O nervo atravessa vários músculos, fáscias e tendões em seu trajeto e
acaba por se enervar com músculos como o adutor magno e o piriforme. Na
região do quadril, o nervo ciático passa internamente pelo músculo
piriforme e lateralmente pelos músculos obturador interno e os gêmeos
inferior e superior. Quando o piriforme se encontra em espasmo muscular,
ele comprime o nervo ciático produzindo dor, por isso o nome de
Síndrome do Piriforme.
As dores dos nervos ou ciatalgias podem se assemelhar a choques,
agulhadas ou formigamentos e ocorrem no local da lesão ou em uma região
que esse nervo percorre. Na Síndrome do Piriforme, a dor pode chegar ao
joelho ou à parte posterior da panturrilha (nervo tibial).
Muitos ciclistas, triatletas e corredores apresentam esse tipo de
patologia porque o músculo piriforme pode encurtar e levar a uma
compressão do nervo. A postura na bicicleta e o tipo de corrida, como em
treinos de subida, são alguns dos fatores.
O tratamento pode ser feito com anti-inflamatórios e sessões de
fisioterapia para uma total reabilitação. Um tratamento só com
anti-inflamatório ou só acupuntura (que tem como princípio aumentar as
endorfinas fisiológicas do nosso corpo para que possamos tolerar um
nível maior de dor), irá apenas aliviar as dores. Para resolver a causa é
preciso um bom trabalho de alongamento muscular.
Leia também:
Uso de medicamentos para alívio da Dor no nervo Ciático.
Para
obter alívio imediato no caso de dor ciática aguda, o médico pode
recomendar os seguintes medicamentos: anti-inflamatórios não esteroides,
cortisona e relaxantes musculares. Muitas vezes o médico prescreve uma
injeção de anti-inflamatórios e relaxantes musculares juntos, por
exemplo: Muscoril e Voltaren. Se estes princípios ativos não reduzem a
dor, o médico pode fazer as infiltrações de cortisona.
Esses tratamentos proporcionam alívio temporário, mas não eliminam a
causa do problema. Se a dor ciática é causada por uma hérnia de disco,
protrusão ou estenose do canal lombar, as recaídas podem ocorrer. Na
verdade, cada paciente reage de um modo bastante específico, por isso a
administração de medicamentos vai depender das condições de cada pessoa.
A fisioterapia reduz a dor do nervo. Os especialistas acreditam que a
fisioterapia é a melhor opção para o tratamento dessa doença. A
atividade física regular e os exercícios ajudam a fortalecer os músculos
da coluna, abdômen e corrigir a postura de um indivíduo. Mas
a fisioterapia e a reeducação postural são a chave para o controle da
dor causada pela compressão do nervo ciático.
Principais fatores de risco para a Dor Ciática
– OBESIDADE: Se o corpo estiver com o peso acima do
limite recomendado poderá aumentar a pressão sobre a coluna vertebral,
sobrecarregando músculos e ligamentos e gerando dores nas costas, além
de outras complicações como a dor ciática;
– ENVELHECIMENTO: o avanço da idade provoca mudanças naturais na coluna vertebral;
– SEDENTARISMO: a ausência de exercícios físicos
acaba enfraquecendo a musculatura de sustentação da coluna, tornando a
coluna suscetível a dores lombares e o consequente surgimento da dor
ciática;
– GRAVIDEZ: a fase resulta em modificações na anatomia da coluna vertebral, viabilizando a compressão do nervo ciático.
A dor ciática pode se manifestar de diferentes formas, dependendo de
cada indivíduo. Em alguns casos, ela gera somente uma queimação local ou
um desconforto mais simples. Já em outros, a dor pode tornar o
indivíduo incapacitante, manifestando uma sensação de choque elétrico
pelo trajeto do nervo.
Quer afastar os fatores de risco da Dor Ciática?
Mulheres e homens podem ser acometidos pela Dor Ciática. Portanto, atente para alguns cuidados:
– Evite realizar movimentos bruscos com a coluna vertebral, pois eles podem favorecer o pinçamento de nervos;
– Sempre flexione os joelhos quando for erguer um peso do chão;
– Dê preferência aos sapatos com saltos mais baixos;
– Procure manter uma boa postura. O hábito de utilizar posturas
corretas deve ser desenvolvido, especialmente, quando houver necessidade
de permanecer sentado ou em pé durante muito tempo. Mas sempre é
importante realizar “intervalos” para sair da mesma posição;
– Pratique exercícios físicos que ajudem a fortalecer a musculatura
de todo o corpo. O Pilates é uma excelente opção, que promove uma
melhora no condicionamento físico e mental com um repertório
diversificado de exercícios globais. Através da técnica, que trabalha
fluidez, concentração, controle, centro de força, respiração e postura, o
praticante consegue aumentar a sua consciência corporal, flexibilidade,
equilíbrio e força muscular.
Diagnóstico e exames
Nenhum
tipo de dor deve ser ignorado, principalmente, os tipos mais
persistentes e que tendem a piorar com o tempo. Dores na coluna podem
revelar simples contraturas ou distensões musculares de tratamento mais
simples ou mesmo natural, mas também podem indicar a presença de doenças
graves.
A principal maneira de lidar com a dor nas costas é investigar, antes
de mais nada, a sua causa. O diagnóstico precoce é fundamental para
evitar o equívoco de uma doença que possa ser evidenciada como causa da
dor, mas que, na verdade, não tenha associação e, assim, agravar a
condição do paciente ao ser tratado de forma inadequada. O tratamento
deve ser multidisciplinar, envolvendo diferentes tipos de exames a serem
realizados por diversos médicos, para só então iniciar um atendimento
específico para aquele quadro.
É muito importante alertar para os riscos da automedicação. Utilizar
analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares é perigoso,
principalmente, se o paciente não sabe ainda a causa das dores nas
costas e não recebeu uma prescrição médica adequada de medicamentos.
No entanto, o melhor tratamento ainda consiste na prevenção! Cuidados
com a sobrecarga de trabalho e durante as atividades domésticas devem
ser adotados. Bem como realizar momentos de relaxamento ao longo do dia.
O exercício físico também é uma importante ferramenta, pois, uma vez
praticado regularmente, proporciona a melhora do condicionamento físico,
controlando o aparecimento de lesões e viabilizando preparo muscular
para a rotina diária.
Dor no nervo ciático durante a gravidez
Durante a gestação também pode surgir a dor no nervo ciático. Nesse
caso, a inflamação do nervo ocorre quando o nervo é esmagado devido ao
aumento do útero causado pelo crescimento do bebê. Normalmente, o ganho
de peso durante a gravidez é a principal causa da dor ciática. A dor do
nervo é diferente das cãibras ou da dor lombar. É uma dor aguda que
começa na parte de baixo da coluna e desce para as pernas.
Uma constante pressão sobre o nervo ciático acaba ocasionando dor nas
costas durante a gestação, dentre outros problemas que podem se tornar
comuns, como é o caso da fraqueza muscular nas pernas, por exemplo.
Quanto tempo dura a inflamação do nervo ciático?
Cada paciente é único e apresenta condições muito específicas ao
desenvolver a dor ciática. O tempo de cura vai depender mais da
gravidade da doença. Em alguns casos, o paciente melhora com maior
facilidade porque a inflamação aguda desaparece em poucos dias. Mas isso
nem sempre ocorre e dependendo do tratamento (que deve ser realizado o
quanto antes e da forma mais adequada) o paciente pode demorar mais
tempo para alcançar sua recuperação. Normalmente, o tempo de recuperação
é de cerca de 3/4 semanas com a terapia certa.
Se o caso do paciente se encaixa em procedimentos cirúrgicos, a
recuperação completa precisará de cerca de dois meses. A cirurgia, no
entanto, sempre será a última indicação.
Como evitar a dor nas costas? Qual a importância dos exercícios para
coluna vertebral? Eles previnem a lesões como hérnia de disco e dor
ciática? Acompanhe as respostas no programa Bem Estar da Rede Globo com o
Dr Helder Montenegro, que é diretor do ITC Vertebral (Instituto de
Tratamento da Coluna Vertebral).
Prevenindo lesões na coluna vertebral
O
primeiro sinal de dor dos pacientes mostra que os músculos começam a
ficar atrofiados, ou seja, fracos. Isso pode ser visto em pesquisas com
pacientes que têm dor na coluna. A musculatura abdominal é quem dá o
sinal aos músculos que protegem a coluna vertebral para que eles fiquem
fortalecidos. São músculos mais profundos, que ficam mais próximos da
coluna vertebral e são eles que realmente a protegem. Esses músculos são
conhecidos como multífidos.
Muito se fala na musculatura do reto abdominal, mas a importância
para a estabilização da coluna está em um músculo mais interno, que se
chama transverso abdominal. O trabalho com exercícios para a coluna
vertebral visa o fortalecimento do transverso abdominal, pois ele vai
ajudar os multífidos, que são os músculos mais profundos e que ficam
próximos à coluna vertebral, evitando assim lesões, inclusive a dor
ciática.
O corpo humano tem uma “cinta natural” que faz a estabilização da
coluna. A proteção da coluna vertebral acontece quando o transverso dá o
sinal aos multífidos, que se contraem e protegem a coluna durante
exercícios e atividades diárias. Esses músculos envolvem toda a parte
abdominal. Apenas o fortalecimento da musculatura profunda não resolve
todo o problema. Os exercícios para a coluna vertebral também precisam
trabalhar os músculos superficiais, completando assim a “cinta natural”
que estabiliza a coluna vertebral.
Dos músculos superficiais, os mais importantes são os que envolvem o
quadril, que são os glúteos. A contração correta de toda a musculatura
superficial e profunda permite uma estabilização completa que viabiliza a
prática de atividades físicas, domésticas e o que mais o corpo humano
precisar fazer no dia a dia. Tudo isso sem sentir dor na coluna
vertebral.
Exercícios físicos no ambiente academia
As pessoas acometidas de dor ciática foram as que nos levaram a
montar o nosso programa de exercícios de fortalecimento muscular
especial para os músculos das costas. Tudo começou devido ao alto número
de pacientes que tinham recorrência com dor ciática. A frequência com
que recebíamos e ainda recebemos no nosso consultório pacientes com
dores oriundas de alongamentos e exercícios incorretos realizados nas
academias e estúdios de pilates é assustadora. A população tem procurado
esses centros no intuito de melhorar a sua qualidade de vida, e não
para se machucar. Trabalhar com pessoas que sofrem de dores nas costas e
programar exercícios específicos é um tema novo para os profissionais
de educação física e os fisioterapeutas. Ainda não existe na grade
curricular dessas duas formações uma escala de aprendizagem sufi ciente
para prevenir esses acidentes constantes. Foi nesse sentido que
iniciamos uma série de reuniões científicas com médicos ortopedistas
especialistas em coluna, radiologistas, profissionais de educação física
e fisioterapeutas, a fim de eliminar os exercícios que traziam
prejuízos para a coluna vertebral dos nossos pacientes. Dessa forma, nos
empenhamos nesse assunto e montamos também uma grade de exercícios
especiais que são benéficos e contra-indicamos outros exercícios que
sejam prejudiciais para quem tem problema na coluna.
Conforme bem estabelecido na literatura, as crises que acometem a
coluna vertebral, notadamente a região lombar, decorrem de inúmeros
fatores, sendo a maioria passível de modificação. Seguindo essa linha de
raciocínio, um plano de ação para prevenir novas crises deveria focar
incondicionalmente os fatores potencialmente modificáveis. O problema é
que, nesse caso, serão necessários investimentos em médio e longo prazo,
que exigem persistência e disciplina, condições cada vez mais em falta
em um mundo que hipervaloriza a comodidade pessoal e abusa da
tecnologia.
É tentadora e parece lógica a opção pelo repouso total após uma crise
de dor nas costas, mas a literatura demonstra com muita clareza que o
imobilismo está entre as piores decisões que se pode adotar na presença
de dor crônica na coluna vertebral. Obviamente, durante uma crise aguda
de lombalgia, os movimentos do tronco e dos membros ficam bastante
comprometidos. Mas, após diagnóstico adequado e tratamento médico da
fase aguda, é recomendável o retorno gradual às atividades físicas
cotidianas e, em seguida, ao programa de exercícios que deverá receber
alguns ajustes. Normalmente, essa sequência somente é possível após
tratamento fisioterapêutico.
Quanto mais restrições o indivíduo apresentar, mais próximo deve ser o
acompanhamento profissional. Afinal, até exercícios simples podem
desencadear uma crise de dor, caso não sejam executados com técnica
adequada. Se questões de ordem operacional ou financeira não permitirem
uma supervisão profissional adequada, o programa de exercícios deverá
ser elaborado com margem de segurança ampliada (exercícios mais simples e
com menor intensidade), mesmo sabendo que a velocidade e a magnitude
dos resultados serão menores.
Métodos utilizados
Uma das evidências mais claras no estudo da dor nas costas é que não
há como definir qual o programa de exercícios mais indicado. É frequente
o indivíduo acometido de problemas na coluna vertebral seguir a
recomendação de exercícios físicos do profissional de saúde (médico ou
fisioterapeuta) que o tratou. Porém, nem sempre é possível garantir que
esse profissional conheça as opções, os ajustes e os métodos
disponíveis, e que considerou na sua sugestão questões operacionais e
motivacionais, essenciais para garantir uma aderência adequada ao
programa de exercícios. Não há uma fórmula pronta, uma “receita de bolo”
que possa ser aplicada indistintamente em todas as pessoas com o mesmo
diagnóstico que causa dor na coluna vertebral. A diversidade dos métodos
utilizados, a competência do profissional responsável e a natureza
multifatorial dos problemas que acometem a coluna vertebral inviabilizam
a adoção de um protocolo único.
Há
estudos demonstrando a eficiência de pilates, treinamento funcional,
musculação convencional, ioga, caminhada, entre outros, no alívio dos
sintomas e na melhora da qualidade de vida. Parece que o principal
determinante dos resultados é como os exercícios são prescritos e
supervisionados. Além das informações decorrentes de relatórios dos
profissionais de saúde que acompanharam as fases iniciais do problema,
dos laudos dos exames de imagem e da avaliação física inicial, antes da
prescrição de exercícios propriamente dita, é fundamental compreender
como se sente um indivíduo recém-chegado de um tratamento de quadro
agudo ou crônico de dor na coluna vertebral: inseguro sobre suas
possibilidades de movimento, com muito medo de novas crises e, no caso
de praticantes regulares de atividade física, ansioso para treinar.
Respeitar esse momento de retorno, atentar para as particularidades de
cada caso e progredir de acordo com as respostas aos exercícios aumenta
bastante a chance de sucesso.
Antes de qualquer estímulo específico para os músculos responsáveis
pela estabilidade e mobilidade da coluna vertebral, é necessário um
ponto de partida. Ou seja, o profissional de saúde responsável pela
prescrição de exercícios precisa saber qual o nível inicial de
complexidade motora e intensidade do treinamento de tal forma que os
exercícios consigam gerar as adaptações fisiológicas necessárias para
proteção da coluna vertebral sem expor essa mesma estrutura ao risco de
lesão. Nesse caso, uma avaliação física específica e adaptada para o
egresso de uma crise da coluna vertebral poderá trazer as respostas
desejadas.
Concluída a avaliação, o responsável também deverá determinar nível
de supervisão profissional durante os exercícios. De um modo geral, um
dos principais objetivos dos programas de condicionamento físico para
indivíduos com dor na coluna vertebral é o desenvolvimento dos
componentes da aptidão física associados ao estado de saúde.
Aptidão física relacionada à saúde congrega características que, em
níveis adequados, possibilitam maior eficiência para o trabalho e lazer,
além de reduzir risco de desenvolver doenças ou condições crônicas não
transmissíveis associadas ao sedentarismo. Sempre que os objetivos de um
programa de exercícios incluírem prevenção, manutenção ou recuperação
da saúde, os principais componentes da aptidão física relacionada à
saúde deverão ser contemplados. Assim, o programa deverá incluir:
Treinamento da flexibilidade
Posturas de alongamento estático ou exercícios dinâmicos de mobilidade.
Treinamento aeróbio
Prática contínua ou fracionada de exercícios predominantemente
cíclicos como: caminhada, ciclismo, corrida, natação, circuito aeróbio
(treinamento consecutivo em dois ou três ergômetros diferentes. Exemplo:
em vez de caminhar 30 minutos na esteira ergométrica, o treinamento
pode incluir 15 minutos de caminhada na esteira, 10 minutos na bicicleta
ergométrica e 5 minutos no elíptico).
Treinamento da força muscular
Fundamentado na execução de exercícios resistidos (quando os
movimentos acontecem contra alguma resistência externa como um halter,
uma barra, um extensor de borracha, etc). O grau de participação de cada
um desses componentes deverá variar de acordo com os objetivos, nível
de condicionamento físico individual, restrições de saúde,
disponibilidade de tempo e motivação. No caso específico de indivíduos
que apresentam dor na coluna vertebral, as principais recomendações para
prescrição e supervisão de exercícios resistidos com foco na Aptidão
Física Relacionada à Saúde (AFRS) são:
1 – Explicar que, durante eventuais crises agudas, o treinamento
deverá ser ajustado ou suspenso até a liberação do profissional de saúde
responsável pelo tratamento.
2 – Incluir exercícios corretivos para os padrões de movimentos disfuncionais.
3 – Priorizar os exercícios de flexibilidade e mobilidade para os
músculos mais tensionados e articulações com restrição na amplitude de
movimento.
4 – Para o treinamento aeróbio, é importante destacar que os sintomas
relacionados às regiões corporais acometidas devem atuar como
parâmetros de volume e intensidade do treinamento.
5 – Estimular os diferentes componentes da força muscular de forma
progressiva e gradual, selecionando exercícios que não evidenciem
sintomas.
Treinamento aeróbio
Para
indivíduos egressos de crises recentes de lombalgia/cervicalgia, a
prescrição do treinamento aeróbio não deverá utilizar o resultado de
testes específicos para determinar a capacidade cardiorrespiratória como
único parâmetro, já que a coluna vertebral está diretamente envolvida
na maior parte dos exercícios aeróbios. Sugiro que o treinamento inclua
alguns ajustes de modo a obter resultados tanto na melhora da aptidão
quanto no consumo calórico sem promover sobrecarga relevante para as
estruturas de risco. Além disso, convém salientar que o histórico de
crises incapacitantes e a possível deficiência dos sistemas envolvidos
com estabilização vertebral não permitem atividades aeróbias mais
intensas ou prolongadas nesse reinício de treinamento.
Recomendações importantes para segurança no treinamento aeróbio para indivíduos com dor crônica na coluna vertebral
1 – Evitar atividades físicas que promovam impactos ou microimpactos
sucessivos sem a possibilidade de amortecimento satisfatório.
2 – Evitar treinamento aeróbio utilizando uma única modalidade por
tempo prolongado. Para treinos aeróbios mais prolongados, sugiro a
utilização de treinos fracionados (executados em períodos diferentes do
dia) ou circuito aeróbio.
3 – Evitar rotação do pescoço/tronco ao manter conversa paralela durante treinamento aeróbio na academia.
4 – Ao final da atividade, incluir pelo menos um exercício de
alongamento-relaxamento para musculatura adjacente às regiões da coluna
vertebral acometidas por lesão/dor.
5 – Ao realizar caminhadas, evitar passada muito ampla e terrenos com
aclive/declive acentuado (na esteira ergométrica, evite inclinação
superior a 2%).
6 – Durante aulas de Spinning, muita atenção na manutenção das
curvaturas fisiológicas da coluna vertebral, pois, quando o aluno se
senta com os cotovelos estendidos e projeta a cabeça para visualizar o
professor, há um aumento da lordose cervical que leva a um tensionamento
excessivo em vários músculos.
7 – Há uma ideia equivocada que bicicletas horizontais com encosto
vertical são mais seguras para a coluna vertebral. Acontece que a flexão
do quadril mais acentuada e encostos verticais que não preservam a
curvatura lombar acabam aumentando a pressão intervertebral e causando
desconforto lombar.
8 – É muito difícil alguém conseguir manter a coluna em uma posição
neutra durante treinamento aeróbio no remo ergômetro, ou seja, evite
essa modalidade se apresenta histórico de crises recorrentes de
lombalgia, com ou sem diagnóstico definido.
Flexibilidade
É importante considerar que os exercícios de alongamento e mobilidade
são fundamentais para garantir uma distribuição equilibrada das forças
musculares que atuam nas articulações, incluindo as pequenas
articulações da coluna vertebral. Para aumentar a mobilidade articular, a
elasticidade muscular e minimizar possíveis riscos avaliados, o
programa de exercícios deve incluir estímulos frequentes que possam ser
reproduzidos mais de uma vez ao dia.
Abaixo algumas recomendações sobre o treinamento da flexibilidade para indivíduos com dor na coluna vertebral:
1 – Antes dos treinos aeróbios ou das práticas esportivas, deverão
ser incluídos exercícios de mobilidade articular (movimentos
progressivos buscando amplitudes importantes) que contribuirão para o
aquecimento das estruturas músculoarticulares que serão solicitadas na
atividade;
2 – O foco dos alongamentos que buscam o desenvolvimento da
flexibilidade deverá ser nas estruturas que apresentaram maior déficit
de flexibilidade na avaliação pré-participação (necessidade de auxílio
profissional em algumas posturas).
3 – Após exercícios resistidos ou aeróbios, vale a pena incluir 1 ou 2
exercícios globais e de baixa intensidade, buscando essencialmente
relaxamento muscular.
4 – Evitar alongamento dos isquiotibiais, através da flexão passiva
do quadril em decúbito dorsal. Esta posição poderá estressar o nervo
ciático produzindo dor e ocasionar espasmos na musculatura
paravertebral.
5 – Em função do histórico de compressões nervosas na região lombar,
os alongamentos deverão ser realizados com bastante cautela, visto que
um alongamento neural intenso ou prolongado demais pode comprometer a
função nervosa.
6 – Indivíduos com encurtamento muscular generalizado terão muita
dificuldade de realizar sozinhos alongamentos das grandes cadeias
musculares e dificilmente conseguirão manter a coluna vertebral em
posição de segurança. A solução é dar preferência para alongamentos
segmentados ou sugerir terapias mais individuais como RPG Souchard,
Pilates ou sessões particulares de alongamento assistido.
7 – Os profissionais de Educação Física deverão educar seus alunos
sobre técnicas de alongamento, estimulando a percepção corporal para que
eles saibam e sintam quais as estruturas que estão sendo alongadas e
quais são as posições de risco.
Força muscular
Prescrever
exercícios resistidos para indivíduos com histórico de dor na coluna
vertebral não é tarefa simples e implica, além do conhecimento sobre os
fatores determinantes da dor, a compreensão do processo de estabilização
da coluna vertebral, o domínio da técnica de execução, para garantir
que os músculos sejam ativados de acordo com os objetivos, e noção
apurada das progressões dos exercícios. É relativamente frequente que o
fisioterapeuta ou o profissional de Educação Física que recebe o
paciente/aluno egresso de uma crise na coluna vertebral seja conservador
na escolha dos exercícios, posições e métodos adotados. Porém, treinar
um indivíduo procurando, apenas, evitar situações de risco é abrir mão
do potencial preventivo do treinamento e não prepará-lo para as
exigências do cotidiano, incluindo mobilização de cargas e prática
esportiva. Apesar da abordagem sempre ser global, o treinamento da força
muscular deverá recair invariavelmente sobre os músculos responsáveis
pela estabilidade da coluna vertebral. Esse grupo de músculos compõe a
região conhecida como core (núcleo). O core é constituído de uma unidade
integrada composta de 29 pares de músculos que suportam o complexo
quadril-pélvis-lombar (QPL). Pode-se fazer uma analogia com uma “caixa”
na região central do corpo, em que se localiza o centro de gravidade e
na qual basicamente todos os movimentos dos membros se iniciam.
Normalmente, os principais músculos que compõem a região do core podem ser divididos da seguinte forma:
– Locais: abrangem os músculos intrínsecos e as regiões mais
profundas de alguns músculos mais superficiais que têm sua origem ou
inserção diretamente nas vértebras. Esses músculos controlam a
estabilidade intervertebral.
– Globais: abrangem os músculos superficiais que não têm contato
direto com as vértebras e atuam no controle das forças externas, da
orientação e postura do complexo QPL, além do equilíbrio de todo o
corpo.
Se a região do core contém grupos musculares tão distintos e com
ações diferentes, o treinamento também deveria ser diversificado. Uma
proposta coerente deveria incluir estímulos específicos para desenvolver
controle motor nos músculos locais (mais profundos) e estímulos para
desenvolver as diferentes manifestações da força nos músculos globais
(mais superficiais). É importante lembrar que, para a maioria dos
movimentos, os músculos não atuam de forma exclusiva. Dessa forma, tanto
a musculatura local quanto a global trabalham em sinergia. Para
garantir que os músculos que compõem a região do core continuem
eficientes, tanto para proteção da coluna vertebral quanto para as
capacidades funcional e esportiva, torna-se absolutamente indispensável a
progressão em relação ao tipo de exercício, volume, intensidade, planos
de execução e velocidade. A decisão sobre o momento certo de
incrementar intensidade sem expor a estrutura ao dano deve se basear em
critérios definidos pela literatura e na velocidade da resposta do
praticante.
Exemplos de progressão para treinamento do core:
1 – Ativar musculatura local: sem movimento dos membros, com movimento dos membros.
2 – Diminuição da base de suporte.
3 – Redução dos pontos de apoio.
4 – Aumento da duração do estímulo ou do número de repetições.
5 – Progressão de movimentos estáticos para Progressão de dinâmicos.
6 – Progressão de movimentos simples para complexos.
7 – Progressão de lento para rápido (inclusão do treinamento de potência).
8 – Incremento de sobrecarga.
Ciente da lesão responsável pela crise de dor e fundamentado na
avaliação da aptidão física relacionada à saúde, o profissional de
Educação Física poderá prescrever inicialmente uma sequência de
exercícios resistidos com as seguintes características:
1 – Evitar quaisquer movimentos que produzam dor/desconforto na região acometida da coluna vertebral.
2 – Concentração e consciência corporal para ativar adequadamente os
músculos estabilizadores profundos (retreinamento da musculatura local).
3 – A predominância das fibras do tipo I na musculatura responsável
pela estabilidade da coluna vertebral implica foco nos estímulos para a
resistência de força.
4 – Participação consciente dos movimentos respiratórios durante o trabalho muscular.
5 – Estimular a manutenção da neutralidade da coluna vertebral;
porém, na impossibilidade de mantê-la através da própria consciência
corporal, o profissional responsável pode “fabricar” as curvaturas
fisiológicas da coluna com adaptações posicionais (ex: executar um
exercício para membros superiores na posição de joelhos, facilitando a
lordose lombar) ou implementos externos (ex: incluir um rolo de espuma
entre o encosto vertical e a região lombar durante a execução do
“Leg-Press”).
6 – Nessa fase inicial, ativar músculos responsáveis pela
estabilização com pouca movimentação dos membros e uso frequente de
posturas isométricas.
7 – Estimular todas as regiões do core (anterior, posterior e antirrotacionais).
8 – Priorizar exercícios de baixa complexidade motora. É muito
importante para a aderência ao treinamento que o indivíduo se sinta
capaz de realizar os movimentos solicitados.
9 – Uma vez que o indivíduo tenha melhorado seus padrões de movimento
e acumulado uma equilibrada mistura de estabilidade e mobilidade,
poderá progredir de exercícios predominantemente corretivos para o
desempenho em qualquer dimensão.
Tratamento não cirúrgico para a coluna vertebral
O
ITC Vertebral desenvolveu uma técnica de tratamento para a coluna
vertebral sem procedimentos invasivos. Os pacientes são tratados de
acordo com os sintomas e sinais da dor. Não existe um trabalho padrão e é
aí que consiste um dos grandes diferenciais do ITC Vertebral: o
indivíduo passa por uma avaliação criteriosa, sendo direcionado, a
partir dessa primeira etapa, para um atendimento personalizado. Fala-se,
portanto, em “Subclassificação” das dores na coluna vertebral, os
critérios de tratamento obedecem às características individuais do
estado clínico do paciente.
Esse trabalho é baseado numa pesquisa científica que foi iniciada em
1995 em Pittsburg, EUA, depois foi revisada em 2005 e 2010 por Jullie
Fritz e publicada nos principais jornais e revistas científicas do
mundo. A pesquisa identificou que para cada tipo de dor existem
diretrizes de tratamento a serem seguidas, ou seja, as manifestações
dolorosas são classificadas e recebem tratamento específico, podendo
ser: manipulação ou mobilização articular; a mesa de tração; exercícios
direcionais; a estabilização segmentar vertebral e a estabilização
dinâmica, que atuam fortalecendo a musculatura profunda da coluna. Esses
são os quatro caminhos preconizados pela pesquisa de subclassificação.
O ITC Vertebral incorporou a devida pesquisa ao trabalho clínico e
acrescentou à subclassificação os exercícios e o acompanhamento ao
paciente no pós-tratamento. A atenção especial ao pós-tratamento (com um
programa completo de fortalecimento muscular) é decorrente do caráter
degenerativo das lesões na coluna, que não têm cura. O tempo de duração
do programa de tratamento não é prolongado, em dois meses são obtidos
87% de bons resultados até em pacientes mais graves.
https://www.itcvertebral.com.br/doencas-da-coluna/dor-ciatica
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