Por Rainer Sousa
Qual é a primeira ideia que surge na nossa cabeça quando nos
deparamos com o prefixo “pré”? Geralmente, acreditamos que este recurso
da língua tem como função apontar para algum período ou momento que
antecede a existência ou realização de algo. Partindo desse pressuposto,
quando observamos o termo “pré-história”, somos levados a crer na
existência de um tempo que foi justamente anterior à História.
Mas realmente houve uma época em que a “História” simplesmente não
existiu? Se partirmos da ideia de que estudamos a história dos homens,
deveríamos compreender então que a “Pré-História” faz menção a todos os
acontecimentos, experiências e fatos que são anteriores à própria
existência humana. Contudo, ao abrimos o livro didático, observamos a
estranha presença dos “homens pré-históricos” nesse período que se
inicia há cerca de 2 milhões de anos e vai até 5000 a.C..
Para compreendermos esta divergência, devemos levar em conta que as
formas de se organizar o passado são múltiplas. No nosso caso, muitos
dos livros de história adotam as convenções de uma periodização
estabelecida no século XIX. Para os historiadores daquela época, só era
possível reconhecer ou estudar o passado através do manuseio de fontes
escritas. Por isso, a “Pré-história”, na visão destes estudiosos, abarca
toda a experiência do homem anterior ao desenvolvimento da escrita.
Atualmente, com a transformação dos sentidos da ciência histórica,
sabemos que os homens pré-históricos não podem ser arbitrariamente
excluídos da “História”. Por meio dos vestígios materiais, pinturas e
outras manifestações, vários historiadores se lançam ao instigante
desafio de relatar sobre o passado dos homens que viveram há milhares de
anos. Ao contrário do que muitos pensam, estes não eram simples versões
mais próximas dos primatas ancestrais.
Nesse diversificado período, podemos observar a luta travada pelos
primeiros homens em seu processo de adaptação às hostilidades impostas
pela natureza. Ao longo desse processo de dominação, também é possível
ver que estes sujeitos da história não estavam somente preocupados em
garantir a sua sobrevivência. Por meio da pintura rupestre, podemos
dialogar com os comportamentos, valores e crenças que surgem nesse
remoto tempo.
Sem dúvida, as restrições e a limitação das fontes disponíveis
dificultam bastante a compreensão do tempo pré-histórico. Entretanto,
mesmo com o pouco que nos chega, podemos ver que o conceito elaborado no
século XIX está bastante afastado de todo o conhecimento que essa época
pode oferecer. Com isso, apesar dos problemas com seu nome, podemos
afirmar que a pré-história esteve mais presente na História do que
nunca.
http://historiadomundo.uol.com.br/pre-historia/
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