A Disgrafia é uma alteração da escrita normalmente ligada a problemas perceptivo-motores. Sabe- se que é necessário adquirir certo desenvolvimento ao nível de:
* coordenação viso-motora para que se possam realizar os movimentos finos e precisos que exigem o desenho gráfico das letras;
* da linguagem, para compreender o paralelismo entre o simbolismo da linguagem oral e da linguagem escrita;
* da percepção que possibilita a discriminação e a realização dos caracteres numa situação espacial determinada; cada letra dentro da palavra, das palavras na linha e no conjunto da folha de papel, assim como o sentido direcional de cada grafismo e da escrita em geral.
A escrita disgráfica pode observar-se através das seguintes manifestações:
* letra muito irregular;
* falta de pressão com debilidade de traços;
* ou traços demasiado fortes que vinquem o papel;
* grafismos não diferenciados nem na forma nem no tamanho;
* dificuldade com lateralidade, orientação espacial, tanto no esquema corporal como no espaço no papel.
Disortografia
A disortografia consiste numa escrita, não necessariamente disgráfica, mas com numerosos erros, que se manifesta logo que se tenham adquirido os mecanismos da leitura e da escrita.
Uma criança é disortográfica quando comete um grande número de erros. Entre os diversos motivos que podem condicionar uma escrita desse tipo, destacamos os seguintes:
* Alterações na linguagem: um atraso na aquisição e/ou no desenvolvimento e utilização da linguagem, junto a um escasso nível verbal, com pobreza de vocabulário (código restrito), podem facilitar os erros de escrita.
Dentro desta área estão os erros originados por uma alteração específica da linguagem, como são os casos das dislalias e/ou disartrias.
* Erros na percepção, tanto visual como auditiva: fundamentalmente estão baseados numa dificuldade para memorizar os esquemas gráficos ou para discriminar qualitativamente os fonemas.
* Falhas de atenção: se esta é instável ou frágil, não permite a fixação dos grafemas ou dos fonemas corretamente.
* Uma aprendizagem incorreta da leitura e da escrita, especialmente na fase de iniciação, pode originar lacunas de base com a conseqüente insegurança para escrever. Igualmente, numa etapa posterior, a aprendizagem deficiente de normas gramaticais pode levar à realização de erros ortográficos que não se produziriam se não existissem lacunas no conhecimento gramatical da língua.
Muitas destas alterações entroncam a disortografia com a dislexia, ao ponto de, para muitos autores, a disortografia ser apontada como uma seqüela da dislexia.
Discalculia
Discalculia é definido como uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números. A discalculia pode ser causada por um déficit de percepção visual.
O termo discalculia é usado freqüentemente ao consultar especificamente à inabilidade de executar operações matemáticas ou aritméticas, mas é definido por alguns profissionais educacionais como uma inabilidade mais fundamental para conceitualizar números como um conceito abstrato de quantidades comparativas.
A discalculia é um impedimento da matemática que apresenta também outras limitações, tais como a introspecção espacial, o tempo, a memória pobre, e os problemas da ortografia.
Sintomas:
• Dificuldades freqüentes com os números, confundindo os sinais ( +, -, ÷ , x). • Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.
• Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade com um compasso.
• A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.
• Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.
• Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer cálculos seja necessário.
• Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo.
• Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos.
• A inabilidade de compreender o planejamento financeiro.
• Tem dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância.
• Inabilidade em apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas, e seqüências matemáticas.
• Dificuldade de manter a contagem durante jogos.
• Dificuldade nas atividades que requerem processar sequências (etapas de dança), sumário (leitura, escrita, sinalizar na ordem direita). Pode ter problema mesmo com uma calculadora, devido às dificuldades no processo da alimentação nas variáveis.
• A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de dispositivos matemáticos (por exemplo, números).
Dislexia
A Dislexia é definida como um distúrbio de aprendizagem na área da leitura, escrita, soletração. E ortografia. Porém, os sintomas que uma criança com dislexia apresenta são idênticos a quaisquer outros transtornos de aprendizagem encontrados em uma criança não dislexa. Torna-se evidente na época da alfabetização.
Por tanto, o diagnóstico de dislexia deve ser feito por uma equipe multidisciplinar formada por Psicopedagogo, Psicólogo, Fonoaudiólogo e se necessário, Neuropediatra, Oftalmologista e ainda um Otorrino, pois hoje já se sabe que a dislexia é hereditária, com alterações genéticas, apresentando assim uma síndrome do desenvolvimento neurológico. As características da dislexia ainda podem indicar outras situações, como lesões, síndromes. A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de Avaliação Multidisciplinar e de Exclusão.
Para o DISLÉXICO
Estimular o visual, o auditivo, e o tátil sinestésico. Ao contrário de que muitos pensam o disléxico sempre contorna suas dificuldades. Ele responde muito bem a tudo que passa para o concreto. Tudo que envolve os sentidos é mais facilmente absorvido. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e a criança. A alfabetização através do método fonético tem trazido bons resultados.
Pais e professores poderão reconhecer se as dificuldades são devidas à dislexia, fazendo a si próprios as perguntas que se seguem. A dislexia ocorre mais em meninos, porém pode aparecer também em meninas.
Pré-escola:
Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas:
• Imaturidade no trato com outras crianças.
• Fraco desenvolvimento da atenção.
• Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem.
• Atraso no desenvolvimento visual.
• Dificuldade em aprender rimas e canções.
• Fraco desenvolvimento da coordenação motora.
• Dificuldade com quebra-cabeças.
• Falta de interesse por livros impressos.
Se tiver cerca de 7 a 8 anos aproximandamente
• ainda tem dificuldade de leitura
• ainda tem dificuldade para soletrar
• atividades não relacionadas com leitura e soletração é esperto e inteligente
• inverte os números, por exemplo 15 por 51 ou 2 por 5
• escreve "b" ao invés de "d"
• necessita usar blocos ou dedos ou anotações para fazer cálculos
• tem alguma dificuldade incomum em lembrar a tabuada
• demora a responder
• Dificuldade em copiar de livros ou da lousa
• Pobre conhecimento de rima
• confunde a esquerda com a direita
• é desajeitado (algumas crianças com dislexia são, mas não todas).
• Dificuldade na coordenação motora fina e/ou na grossa
• Desorganização geral pode citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares.
• Dificuldades visuais, como por exemplo, podemos, perceber com certo impacto, a desordem dos trabalhos no papel e a própria postura da cabeça ao escrever.
• tem dificuldade em pegar ou chutar bola
• tem dificuldade em atar os sapatos, fazer nó numa gravata, vestir ou trocar de roupa
• Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc...
• Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas.
• Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc..
• Dificuldade em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, etc..
• Dificuldade na matemática e desenho geométrico.
• Problemas de conduta como: retração, timidez excessiva, depressão, e menos comum, as também possível, tornar-se o "palhaço" da turma.
• Grande desempenho em provas orais.
Se tiver de 8 1/2 a 12 anos:
• Ainda comete erros negligentes na leitura;
• Ainda comete erros esquisitos na soletração;
• Omite algumas letras nas palavras;
• Não tem bom senso de direção , confundindo às vezes esquerda com direita;
• Às vezes confunde "b" com "d";
• Ainda acha a tabuada difícil;
• Ainda utiliza os dedos das mãos, dos pés e sinais especiais no papel para fazer cálculos;
• A compreensão de leitura é mais lenta do que esperada na idade dele;
• Leva mais tempo do que a média para fazer trabalhos escritos na escola ou em casa;
• Lê muito por prazer, o tempo que leva para fazer as quatro operações aritméticas, parece ser mais lento do que o esperado para sua idade demonstra insegurança e baixa apreciação sobre si mesmo;
Dicas que podem ajudar:
1. Não o chame simplesmente de preguiçoso ou de desleixado;
2. Não faca comparações com outros membros da família ou com colegas de classe;
3. Não exerça pressão sobre ele a ponto de amedrontá-lo com a perspectiva de não passar de ano ou de deixar você desapontado;
4. Não exija que ele leia em voz alta perante seus colegas (sem seu consentimento);
5. Não espere que aprenda a soletrar uma palavra após escrevê-la repetidas vezes, com a finalidade de lembrá-la. Certamente não se lembrara;
6. Não fique surpreso se facilmente se cansar ou desanimar;
7. Não se surpreenda se a caligrafia for irregular ou feia. Boa caligrafia e muito difícil;
8. Não se surpreenda se o desempenho for incongruente; se em algumas ocasiões se sair bem e em outras não;
9. Não diga somente "tente esforçar-se", incentive nas coisas que gosta e faz bem feito;
Leia em voz alta.
1. Manifeste sua apreciação pelo esforço, como por exemplo, elogiando por tentar escrever uma história. Mesmo que ela contenha muitos erros, diga que a maioria das palavras estavam certas.
2. Estimule a olhar as palavras detalhadamente, poucas letras de cada vez. 3. Fale francamente sobre dificuldades dele.
4. Ajude a reconhecer que há muitas coisas que pode fazer bem.
5. Motive a ir devagar, dando tempo ao tempo.
É de extrema importância haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família.
Hiperatividade
TDAH é uma patologia de ordem neurológica, ou seja, não estamos falando de uma lesão ou defeito e sim de um funcionamento diferente do cérebro. É diagnosticado pelo neurologista e uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo. A investigação envolve questionários que servem como escalas de avaliação, além de um detalhado estudo clínico que analisa o desenvolvimento da criança desde os primeiros dias de vida, o aproveitamento na escola e sua relação com os pais. "Sintomas como desatenção devem estar presentes com freqüência por mais de seis meses e em diversos contextos para que o distúrbio seja caracterizado".
Um TDAH apresenta um menor fluxo sangüíneo na região frontal do cérebro, responsável pelo comportamento inibitório (freio), pelo nível de atenção, controle das emoções e do sono, além de "filtrar os estímulos, entre outras funções".
Sabe-se também que a quantidade de dopamina, adrenalina e serotonina, neurotransmissores responsáveis pelo controle motor e pelo poder de concentração é menor no cérebro destas pessoas.
O tratamento é medicamentoso acompanhado de terapia psicológica e psicopedagógica. Os problemas de hiperatividade não podem ser curados, mas sim controlados.
A hiperatividade é um desvio comportamental, caracterizada pela excessiva mudança de atitudes e atividades, o sujeito hiperativo tem dificuldades de se manter quieto para que possa desenvolver atividades comuns do seu dia-a-dia como: fazer refeições à mesa, assistir TV sentado, ficar sentado em sala de aula, escutar uma história, etc.
Sinais de alerta
É bom procurar um médico se a criança apresentar vários desses sintomas:
* Movimenta-se constantemente, mexe em tudo sem motivo;
* Tem dificuldade para se envolver em brincadeiras;
* É muito impaciente e muda de atividade com freqüência;
* Levanta-se da cadeira, na sala de aula, em momentos impróprios;
* Não consegue permanecer sentado para assistir à TV;
* Apresenta incapacidade para focar atenção nas atividades;
* Fala demais e rápido. Muda de assunto sem concluir o pensamento;
* Não tolera frustração e sente dificuldade em acatar ordens;
* Tem pouca noção de perigo;
* Distrai-se com facilidade e não termina a tarefa no tempo previsto;
* Sente dificuldade em relacionar-se com familiares e amigos;
* Apresenta baixa auto-estima.
Dicas para os pais
• Procure um profissional habilitado para que seja feito um bom diagnóstico, um neuropediatra ou psiquiatra deve ser consultado, em muitos casos a medicação apropriada se faz necessária.
• Estabeleça uma agenda de horários para as atividades de seu filho, ele deve Ter horário para acordar, comer, tomar banho, ver TV, fazer os deveres, brincar, e dormir. Uma rotina fixa contribuirá para que a criança se organize.
• É importante a realização de uma atividade física, de preferência não competitiva, assim entre outros ganhos haverá gasto de energia.
• Tenham momentos de atividades em família, contar pequenas histórias, brincar com algum jogo, atividades que possibilitem o sentar junto, o falar e o ouvir.
• Quando for fazer os deveres, procure um lugar tranqüilo, sem TV, sem música. Os brinquedos e objetos que não fazem parte da atividade devem ser guardados.
• Quando for pedir algo, ou dar uma ordem , faça de maneira clara, se necessário divida a tarefa, certifique se a criança entendeu.
• Nunca chame seu filho de "malandro", "preguiçoso", "burro", pelo contrário elogie suas conquistas, valorize pequenos passos. Palavras duras e gritos só prejudicarão o desenvolvimento e aprendizagem dele.
• Estabeleça limites e regras claras, seu filho deve saber o que pode e o que não pode fazer.
• Seu filho deve estar sempre em companhia de um responsável, atravessar ruas, andar de bicicleta e outras atividades devem ser supervisionadas, a criança TDA distrai-se facilmente podendo assim se envolver em acidentes graves.
• Se interesse pelo desenvolvimento escolar de seu filho, vá a escola, converse com a professora, procure saber em que ela pode ajudar para melhor aprendizagem da criança.
• Demonstre seu amor pôr ele, diga que ele é importante pelo que ele é e não pelo que ele faz. Carinho e conforto em uma relação de confiança o ajudarão muito.
Dicas para os professores
• Não rotule, certifique-se com a família sobre o diagnóstico.
• Procure conversar com os profissionais que atendem seu aluno, com todos os envolvidos no processo falando a mesma linguagem, será mais fácil auxiliar está criança.
• Coloque a criança sempre próxima à você, se possível longe de janelas e portas . As carteiras dispostas em circulo facilitam a visualização da turma.
• Construa com a turma regras claras do funcionamento da classe, deixe-as expostas.
• Comece a aula expondo a rotina do dia, fale do seu plano de aula, se necessário faça por escrito.
• Use recursos audiovisuais quando possível. Vídeos, retroprojetores, computadores.
• Busque assuntos de interesse da turma e os atuais que estão sendo vinculados na mídia.
• Trabalhe música teatro, parlendas, histórias da comunidade e da realidade de seus alunos.
• Se utilize do concreto, de imagens, de gravuras, faça perguntas, promova a participação em sala de aula.
• Faça intervalos para alongamento, idas ao banheiro, tomar água.Cante com seus alunos . Ficar muito tempo sentado é torturante para um TDAH.
• Faça atividades curtas, que exijam pouco tempo para serem realizadas. Aumente gradativamente este tempo conforme o progresso da criança.
• Mande deveres que a criança consiga realizar sozinha, ou com pouca interferência dos pais. Procure atividades que estejam dentro das possibilidades e limites dela, não sendo motivo de tortura para pais e filhos.
• Estimule a atividade em grupo, sempre trabalhando o respeito as diferenças.
• Nunca exponha os erros e dificuldades da criança, gritos para chamar a atenção só pioram as coisas.
• Elogie sempre, recompense com bilhetes, cartões os pequenos progressos.
• Não faça da agenda escolar um diário de reclamações, chame os pais para conversarem, quando possível. Bilhetes de reclamação constantes tiram a confiança e baixam a auto-estima da criança.
• Crie um vínculo de afeto e confiança com seus alunos.
• Leia, estude, busque orientação e ajuda quando necessário, esclareça suas dúvidas. Estando bem informada você terá maior segurança para trabalhar junto aos seus alunos.
• Nunca esqueça que seu aluno com TDAH, tem inteligência normal ou até superior, ele só tem um funcionamento diferente, busque com ele a melhor maneira de promoverem sua aprendizagem. Ambos só tem a ganhar.
Algumas Bibliografias Sugerida:
- O Que todo Professor Precisa saber sobre Neurologia
Vicente José Assencio Ferreira
Ed. Pulso
- O Cérebro e o Corpo no Aprendizado
Julianne Fischer
Ed. Asselvi
- Atenção e Hiperatividade - O que é e como ajudar?
Luis Augusto P. Rohde
Ed. Artmed
- Princípios e Práticas em TDAH
Luis Augusto Rohde
Ed. Artmed
- Aprendizagem e Distúrbios da Linguagem Escrita - Questões clínicas e educacionais
Jaime Luiz Zorzi
Ed. Artmed
- Manual Papaterra de Habilidades de Compreensão e Expressão
Fernanda Papaterra Limongi
Ed. Pancast
Obs: Existem 4 volumes com Habilidades diferentes
- "Método das Boquinhas" - Alfabetização e Reabilitação dos Distúrbios da Escrita e da Leitura. V.1 e 2
Renata Savastano R. Jardini
Ed. Casa do Psicólogo
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