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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Cálculo renal: pedras acima de 6 mm necessitam de cirurgia Tratamentos variam conforme tamanho e localização do cálculo.

ESCRITO POR:Paulo Mazili

Urologia
ESPECIALISTA MINHA VIDA

Litíase urinária é a presença de cálculos em qualquer região do trato urinário que compreende: rins, ureteres, bexiga e uretra. Estes cálculos, que comumente são chamados de pedras, podem ter diversas origens, e de acordo com sua localização podem causar sintomas leves, graves ou não apresentar qualquer sintoma. A sua incidência encontra-se entre 2 a 3% da população, com chance de recidiva de 80%. Cálculos assintomáticos podem se tornar sintomáticos em 50% das pessoas. 

A urina é composta por várias substâncias, sendo algumas delas sólidas que se encontram diluídas de maneira equilibrada, e outras que ajudam a tornar o material sólido mais solúvel. O desequilíbrio entre a concentração destas substâncias com o aumento de algumas ou diminuição de outras pode levar a precipitação de cristais insolúveis com formação de cálculos. Os principais componentes da urina que podem formar cálculos são o cálcio, o oxalato, o ácido úrico, fósforo, magnésio e cistina. O citrato que também é um componente da urina por sua vez tem a função de evitar a formação dos cálculos.


O fator de risco mais comum, encontrado em mais de 80% dos pacientes, é o antecedente familiar de cálculo renal. Nesses casos, em 90% das vezes os cálculos são formados por cálcio. Outros fatores importantes na formação do cálculo urinário são a baixa ingestão de líquidos e o uso abusivo de sal de cozinha. A dieta com alimentos que contenham oxalato pode predispor a formação de cálculos. Problemas no metabolismo de algumas substâncias como a cistina e o ácido úrico podem levar ao aumento na eliminação destes produtos na urina e consequente formação de cálculos destas substâncias.

Cálculo pode sair dos rins e chegar ao sistema urinário

Quando estão no rim geralmente não causam sintomas, as cólicas renais acontecem quando os cálculos estão sendo eliminados e acabam obstruindo os ureteres, que são os canais que levam a urina dos rins até a bexiga.
Como é o tratamento?

Os cálculos formados nos rins, em sua maioria, acabam sendo expelidos pelo trato urinário. Cálculos menores que 5 mm têm mais de 70% de chance de serem eliminados sem necessidade de procedimentos ou tratamentos. Desta maneira, cálculos renais menores que 5 mm não necessitam tratamento específico.

Para cálculos renais entre 6 mm e 15 mm, o tratamento de escolha é a nefrolitotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO), que consiste na aplicação de ondas de choque emitidas por equipamento específico que concentra as ondas de choque sobre a pedra. A localização pode ser feita com auxílio do raio-x ou ultrassom. Este procedimento tem uma eficácia de cerca de 70% e o sucesso depende da consistência e localização do cálculo. (link para vídeo http://youtu.be/F5FTre9qOiY)
Pessoas que eliminam os cálculos ou que fazem tratamentos podem apresentar recidiva se mantiverem os mesmos fatores de risco

Cálculos renais maiores que 15 mm necessitam de cirurgia para sua resolução. A melhor cirurgia para cálculos renais é feita por meio de uma pequena incisão de 1 cm na região lombar, com introdução pequenos tubos até o interior do rim, onde estão os cálculos. Um equipamento com câmera na extremidade é introduzido e os cálculos, sob visão direta, com auxílio de equipamento ultrassônico, são fragmentados e aspirados. A cirurgia descrita chama-se nefrolitotripsia percutânea. A palavra nefrolitotripsia vem do grego nefro=rim, lito=pedra etrispsia=quebrar.

Alguns cálculos podem crescer muito e atingir dimensões maiores que 5 ou 6 cm ocupando todo o interior do rim, estando associado a infecção crônica. Estes cálculos são silenciosos, causando poucos sintomas, porém levando a perda da função renal a longo prazo. Muitas vezes o tratamento destes cálculos necessitam de inúmeras cirurgias (nefrolitotripsia percutânea) ou mesmo cirurgias convencionais com abertura do rim.

Outra cirurgia que surgiu recentemente para tratamento de cálculos renais é feita através da via urinária, sem nenhuma incisão. O equipamento fino e flexível e introduzido através da uretra, passando pela bexiga, ureter e chegando até o rim, onde os cálculos são fragmentados com auxílio do laser (ureterorrenolitotripsia flexível).

Já os cálculos que já saíram do rim e estão no ureter a caminho de serem eliminados podem causar dor, pararem no meio do caminho e não serem eliminados. Esses cálculos precisam muitas vezes de tratamento cirúrgico e são perigosos, podendo levar a diminuição da função do rim de forma temporária ou mesmo de forma definitiva se não for tratado. A cirurgia é chamada ureterolitotrispia, e é feita também por meio da via urinária com equipamento que tem uma câmera na extremidade. O cálculo é quebrado com o auxílio do laser, sendo que os fragmentos são retirados com auxílio de uma pequena cesta (veja o vídeo http://youtu.be/dhLuFU0QHhM).
Cirurgia não é definitiva

As pessoas que eliminam os cálculos ou que fazem tratamentos para sua eliminação podem apresentar recidiva e formação de novos cálculos se mantiverem os mesmos fatores de risco. Desta maneira, é muito importante que os pacientes que têm o diagnóstico de cálculo renal mudem alguns hábitos de vida pra evitar a formação de novos cálculos. As mudanças são simples, como aumentar a ingestão de líquidos, evitar excesso de sal de cozinha e de alguns alimentos. Se apesar dessas medidas o paciente apresentar a formação de novos cálculos é necessária a investigação metabólica da origem do cálculo e por vezes o uso de medicamentos para evitá-los.

Salientamos que as indicações de tratamento expostas acima devem ser individualizadas levando em conta diversos fatores e as características de cada paciente, podendo muitas vezes ser diferentes do descrito acima. É importante que o tratamento dos cálculos seja acompanhado por profissional habilitado para tal como urologista ou nefrologista.
Referências

Campbell-Walsh Urology, 10th Edition

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