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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Sedãs médios da Fiat: do Tempra ao Linea, algum sucesso e muitos fracassos


A Fiat do Brasil tem uma história controvertida no segmento de sedãs médios no Brasil, oscilando entre sucessos e fracassos. Na década de 90 a montadora italiana trouxe ao Brasil o Tempra - carro que marcou sua entrada no segmento de automóveis mais caros - movimento que já tinha sido feito pela Volkswagen com o Santana, na década de 80.




O modelo, com um estilo avançado e moderno, linhas muito bonitas, um motor 2.0 8V em opções à álcool ou gasolina, e um interior luxuoso e espaço causou um frisson no mercado como há muito não se via no Brasil. Não era para menos, visto que as opções do consumidor à época se resumiam basicamente à Ford Del Rey, Volkswagen Santana e o campeão de vendas da época - o Chevrolet Monza.



A resposta do mercado foi nada menos que impressionante: ainda em 1992 vendeu 18.015 unidades, chegando a 33.426 em 1993 e atingindo o ápice de 41.227 em 1994. Durante esse período a Fiat melhorou ainda mais a motorização do Tempra, adotando um moderno cabeçote de 16V - o que o fez um dos carros mais rápidos e velozes à venda no Brasil - desempenho este que não vinha acompanhado de excesso de consumo.




E para quem queria mais desempenho ainda, a Fiat colocou no mercado versões com motor Turbo, como o Tempra Turbo - em carroceria duas portas, e a versão Style, em carroceria quatro portas - que se tornaram referencias de desempenho no Brasil, ao lado do Volkswagen Golf GTI.




Entretanto, depois do pico em 1994, as vendas começaram a cair lentamente até 1998, quando foi substituído pelo Fiat Marea.


Fiat Marea - o fracasso


A receita da Fiat para um sedã médio no Brasil - estilo moderno, motor potente e lista de equipamentos robusta - pareceu dar certo no Tempra, então bastava repeti-la no Marea e esperar pelas vendas - que, neste caso não vieram, mostrando que o mercado tem idiossincrasias que não podem ser desconsideradas.




O Marea chegou em 1998 e saiu de linha em 2007 sem deixar saudades - nem para os consumidores, e muito menos para a Fiat, já que as vendas do carro nunca decolaram. É verdade que em 1999 ele chegou a esboçar um suspiro, com 16.335 unidades, mas foi só. No ano seguinte as vendas despencaram para 7.966, recuperando para 8.109 em 2001 e vindo a desabar novamente em 2002 para 5.894 até atingir o chão, com 478 unidades comercializadas em 2007.




A Fiat bem que tentou salvar o Marea: do modelo inicial com motor 2.0 20V de cinco cilindros, até a versão mais potente, de 160 cv e 2.4L, passando pelo Marea Turbo 2.0 - o carro mais potente fabricado no Brasil à época, mas nada foi suficiente para evitar o fracasso retumbante de mercado que ele representou.



O fato é que o Marea encontrou um mercado com competidores bem mais competentes, como Toyota Corolla, Honda Civic e até mesmo o Chevrolet Vectra - um sucesso de vendas no final dos anos 90.


Fiat Línea


O Marea foi substituído por um sedã derivado do Punto, o Fiat Línea, em 2008, que compartilha o interior do hatch, mas dispunha de motores mais potentes, como o 1.9 16V Flex inicialmente oferecido, com opções de transmissão manual ou automatizada DualLogic, além da versão T-Jet, com motor 1.4 Turbo.




Como em todo lançamento, as vendas foram relativamente bem em 2009, com 14.714 unidades vendidas - sem igualar, porém, o pico de vendas do próprio Marea dez anos antes, e sem sequer sonhar com as vendas expressivas do Tempra 20 anos antes.




A partir daí se estabilizaram em 12.000 unidades anuais entre 2010 e 2011 - o que é muito pouco, menos de 30% do que vendem Corolla e CIvic, mas com retração novamente em 2012, mesmo com o reposicionamento de mercado do carro - menores preços - e com os novos motores E.Torq, introduzidos em 2011.




Gráfico comparativo de vendas - Tempra x Marea x Linea




O novo Tempra




Diante desse histórico de fracassos com o Marea e o Línea, é compreensível o fato de a Fiat estar estudando retomar o nome "Tempra" no Brasil, no lançamento do seu novo sedã médio derivado do Dodge Dart norte-americano, afinal o nome é forte e está associado com um sedã médio de sucesso no Brasil - o único da Fiat no mercado brasileiro.




Ocorre que o Brasil de 2012 é muito diferente do de 1992, quando bastou linhas contemporâneas, um motor relativamente potente e um bom pacote de opcionais para seduzir o consumidor. Em 2014 o novo "Tempra" enfrentará Novo Corolla 2014, um Civic reformulado, além de sedãs de categoria um pouco abaixo, como o Novo Santana e o Toyota Vios.




Enfim, para tentar repetir o sucesso de 20 anos atrás, o novo Tempra terá que oferecer estilo moderno, interior requintado e bem acabado, motor eficiente (com bom desempenho e baixo consumo), uma transmissão automática de verdade (esquecer o Dualogic), com, no mínimo, seis marchas. E, claro, preço competitivo.

http://www.car.blog.br/2013/04/sedas-medios-da-fiat-do-tempra-ao-linea.html

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