Pronto para o trabalho, Alexandre Cavalcante de Oliveira, de 36 anos, se despediu da filha de 6 anos e do filho de 3, e estava na porta de casa, no Complexo da Mangueira, Zona Norte do Rio, quando foi atingido por uma bala na cabeça. Eles viram tudo. Segundo o irmão da vítima, Arídio Cavalcante, de 38, a sobrinha narra a cena: o pai é atingido e cai no chão, com a cabeça sangrando.
- Ela conta que ele tinha acabado de se despedir dela. Meu irmão tinha quatro filhos e a esposa está grávida de oito meses do quinto. Estava saindo para trabalhar e foi assassinado - emociona-se Arídio: - Isso aconteceu por volta das 21h e a polícia só o levou para o hospital à meia-noite.
Neste domingo, a filha mais velha de Alexandre completa 13 anos. A alegria da festa preparada para essa tarde deu lugar ao luto na casa da família. Eles moram em frente ao contêiner da UPP Mangueira.
- Devia ser o lugar mais seguro da Mangueira, mas não é. A presença dos policiais só nos deixa com mais medo, já que a formação deles é muito ruim. Às vezes, os PMs se assustam com eles mesmos e até trocam tiros entre si. São completamente despreparados - diz Arídio.
O irmão afirma também que o governo do estado não ofereceu nenhum amparo à família. Ele esperava que, pelo menos, um psicólogo fosse enviado à mulher e filhos de Alexandre.
- Estamos indignados, o Estado é muito ausente, inoperante. Vamos processá-lo. Meu irmão não vai virar apenas uma estatística - desabafa.
Alexandre era sócio do irmão em uma lan house na Mangueira e trabalhava no período da noite.
No início desta madrugada, a Polícia Militar informou que houve uma troca de tiros entre suspeitos e homens da UPP Mangueira, na parte alta da comunidade. Devido ao fogo cruzado, homens do 4º BPM (São Cristóvão) foram acionados para dar apoio aos PMs envolvidos na troca de tiros. No início da madrugada, porém, segundo a polícia, o clima já era mais calmo na comunidade.
De acordo com a Polícia Civil, a perícia já foi realizada no local onde Alexandre foi baleado. As armas dos policiais foram apreendidas para a realização do exame de confronto balístico.
Apesar de a polícia ter garantido que houve perícia no local, Arídio diz não ter sido informado de nada.
- Como aconteceu perícia se ele morreu na porta de casa e a chave está comigo?
Fonte: G1
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