Ele estava internado com câncer no Hospital Samaritano, em Botafogo
RIO - Morreu na madrugada desta terça-feira, aos 81 anos, o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde. Ele estava internado há um ano no Hospital Samaritano, em Botafogo, para tratamento de um câncer na próstata. Segundo amigos, Conde morreu por volta das 3h desta terça. Há sete anos, o ex-prefeito lutava contra a doença. Ele era casado com Rizza Conde, que conheceu durante o curso de Arquitetura, e deixa três filhos.
Com uma carreira consolidada e premiada na Arquitetura, Luiz Paulo Conde entrou tarde na política. Aos 60 anos, assumiu a Secretaria municipal de Urbanismo no primeiro governo de Cesar Maia (1993-1997) e recebeu a missão de estar à frente do ousado projeto do Rio Cidade, que consistiu em diversas intervenções urbanas nas vias mais importantes dos principais bairros cariocas. Ex-simpatizante do PCB, Conde filiou-se ao PFL para suceder Cesar Maia. Foi eleito prefeito no segundo turno, derrotando Sergio Cabral Filho, candidato do PSDB.
Em nota, o ex-prefeito Cesar Maia lamentou a morte de Conde:
“O Rio deve muito ao urbanista, professor e prefeito Luiz Paulo Conde. Especialmente a maior reforma urbana complexa que iniciou e comandou, no asfalto, o Rio-Cidade, e nas comunidades o Favela-Bairro. Um reconhecimento que todos nós cariocas - e o urbanismo - devemos a ele."
Pelo twitter, o secretário Executivo de Governo da Prefeitura do Rio, Pedro Paulo, também lamentou a morte do ex-prefeito e se solidariezou com a família:
"Dos traços de um dos mais brilhantes arquitetos à dedicação pela cidade onde nasceu e que tanto amava. A história de Luiz Paulo Conde se confundia com vários momentos da história do Rio. E hoje o Rio perde seu ex-prefeito, urbanista. O trabalho de Conde pelo Rio está eternizado no Favela-Bairro, Rio Cidade e pela conclusão da Linha Amarela", escreveu.
O arquiteto Índio da Costa também lamentou a morte de Conde:
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- O mundo perdeu um grande pensador, o país perdeu um grande urbanista, o Rio perdeu um grande apaixonado pela cidade. Eu perdi um grande amigo.
Conde foi lançado candidato à prefeitura e, mesmo tido como um azarão, foi eleito (1997-2001) e concluiu o Rio Cidade, a Linha Amarela e também o Favela-Bairro. Entre suas obras mais importantes, duplicou um trecho de sete quilômetros da Avenida das Américas e remodelou a Praça Quinze. Na época, convidou arquitetos espanhóis para fazer o projeto do mergulhão. Durante o governo Cesar Maia, foi uma espécie de super secretário, encarregado de comandar todas as obras da cidade.
Em 1995, ele publicou um livro cujo o título poderia ser o de sua carreira. “Luiz Paulo Conde, um arquiteto carioca” fazia parte de uma coleção produzida pela Universidade de Los Andes, na Colômbia, e tinha o objetivo de divulgar na América Latina e na Europa as obras de profissionais latino-americanos. Conde foi o escolhido para representar o Brasil. Participou do movimento estudantil nos anos 50. Foi presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1974, reeleito dois anos depois, e diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (1990-1992). Conde foi presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), professor titular da UFRJ e foi um dos criadores do projeto do da Uerj.
Uma das maiores polêmicas de sua carreira política aconteceu em 1996, antes mesmo de assumir seu primeiro mandato como prefeito. Já eleito, ele foi expulso sob fortes vaias e insultos do Circo Voador, durante uma apresentação da banda punk Ratos de Porão. Na ocasião, ele teria tentado comemorar a vitória junto com cabos eleitorais no local, mas acabou indo embora após a reação dos frequentadores do local. Três dias após a confusão, o então prefeito Cesar Maia cassou o alvará de funcionamento do Circo Voador.
Já como prefeito, Conde sonhava tornar o Rio sede dos Jogos Olímpicos de 2004, o que não se concretizou. Em 1999 já dava sinais de rompimento com o seu mentor. Na luta por uma vaga de candidato à reeleição, o prefeito declarou ter tirado “o Governo de Cesar da mediocridade”. Na disputa, Cesar Maia também retrucou e disse que: “Conde é coadjuvante”
Como no primeiro governo de Cesar Maia ainda não havia a possibilidade de reeleição, Conde foi escolhido pelo próprio Cesar como sucessor, sendo apontado por ele como o idealizador dos grandes projetos de seu governo. No entanto, Conde rompe depois com o seu mentor politico, que saiu do PFL e foi para o PTB para se candidatar a prefeito já que Conde era candidato a reeleição pelo PFL.
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Em 2000, Conde se lança candidato e lidera a disputa contra Cesar Maia durante todo o processo eleitoral e venceu o primeiro turno. No segundo turno, a briga ficou acirrada e depois algumas declarações como a que "mentia menos que Cesar Maia" e que "o Metrô da Pavuna foi um erro", perdeu as eleições. Cesar Maia foi eleito prefeito com 51% do votos, derrotando Conde que teve 49%.
Depois da derrota e o rompimento com seu mentor, Conde aderiu ao grupo político de Anthony Garotinho filiando-se ao PSB e elegeu-se vice-governador na chapa encabeçada por Rosinha Matheus nas eleições de 2002. No ano seguinte, acompanhou a decisão de Garotinho de trocar o PSB pelo PMDB, partido pelo qual se candidatou mais uma vez a prefeito, mas foi novamente derrotado, terminando em terceiro lugar, atrás de César Maia e Marcelo Crivella. No governo estadual, conseguiu levar adiante alguns projetos que já tinha iniciado no município. O projeto do plano inclinado do Morro Dona Marta foi iniciado por Conde. Em 2008, o então governador Sérgio Cabral concluiu as obras.
Conde era um admirador da música clássica, o que parece ter herdado da mãe, a cantora lírica e musicista Amália Lorenzo Fernandez. Quarto filho de Jose Ramon Conde Rivas , empresário e industrial espanhol, Conde estudou na juventude nos Colégios Lafayette e Mello e Souza . Graduou-se em 1959, pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e trabalhou no desenvolvimento do projeto do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM).
Fonte: G1
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