Foto: Rafaela Enes / Destemperados
Pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, descobriram familiaridades significantes entre os efeitos comportamentais causados pelas bebidas alcoólicas e pela ocitocina — conhecida como o “hormônio do amor”. Mas engana-se quem pensa que essas consequências são apenas positivas. O “lado sombrio” dessa relação mostra que o hormônio, assim como o álcool, pode deixar as pessoas mais agressivas, prepotentes, ciumentas e invejosas.
A ocitocina é produzida no hipotálamo e armazenada na neuro-hipófise posterior. Pesquisas anteriores já tinha verificado o papel importante que o hormônio desempenha durante a gestação, nas interações sociais e nas respostas românticas aos parceiros. O hormônio do amor aumenta comportamentos sociais, como o altruísmo, a generosidade e a empatia, fazendo com que as pessoas fiquem mais dispostas a confiar nos outros e, consequentemente, com menos medo, ansiedade e estresse.
— Nós pensamos que era uma relação pouco explorada até reunirmos estudos tanto sobre a ocitocina quanto sobre o álcool. Ficamos impressionados com as semelhanças entre os dois — conta Ian Mitchell, professor de psicologia da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.
O pesquisador explica que os compostos agem em receptores cerebrais diferentes, mas causam as mesmas ações nos circuitos neurológicos — responsáveis por controlar a nossa percepção ao estresse e à ansiedade, principalmente em situações de tensão, como em entrevistas de emprego ou na hora de convidar alguém para sair. É por isso que a ingestão de álcool ou a inalação de ocitocina tornam essas situações menos assustadoras.
Entretanto, pesquisadores afirmam que, como o álcool, o hormônio do amor também pode apresentar efeitos negativos. Agressividade, prepotência e inveja são alguns do comportamentos nocivos dos compostos, além da sensação de medo, que normalmente usamos como proteção para riscos desnecessários.
— A ocitocina é um composto que pode ser utilizado no tratamento de condições psicológicas e psiquiátricas, basta entender exatamente como o hormônio suprime certos modos de ação e altera nosso comportamento — afirma Steven Gillespie, pesquisador da Universidade de Birmingham.
DIÁRIO GAÚCHO
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