5 comportamentos atuais que causam dor de cabeça
É difícil falar em uma única causa para a dor de cabeça, já que incômodos frequentes estão, na verdade, associados a muitos fatores que caracterizam o estilo de vida atual. A pesquisa descobriu os cinco gatilhos da dor de cabeça no futuro.
"Em meio a tudo isso, a tecnologia assume um papel ambíguo: se por um lado estimula a hiperconectividade, o que desencadeia muitos dos gatilhos, por outro oferece ferramentas inovadoras que ajudam a manter o uso dos dispositivos tecnológicos sob controle. A saída, portanto, é entender de que modo a tecnologia afeta a saúde e como usá-la a nosso favor, sem acionar gatilhos de comportamento", explica Julia Curan, Consultora da WGSN Mindset.
Nos tópicos abaixo, você descobre quais foram os gatilhos do futuro identificados pela pesquisa de tendências e como evitá-los com atitudes simples e mudanças de hábito que favorecem a saúde como um todo, além de conhecer algumas iniciativas que ajudam a solucionar o dilema das dores de cabeça da modernidade. Fique atento e saiba mais:
Ansiedade sem limites
No mundo todo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 264 milhões de pessoas sofram com ansiedade. No Brasil, 9,3% da população é diagnosticada com o transtorno, o que nos torna o país mais ansioso do mundo. Em um contexto como esse, portanto, é difícil manter sentimentos e emoções em equilíbrio, o que impacta muitos outros setores da vida, além de desencadear as dores de cabeça.
"Quanto estamos ansiosos, por exemplo, é comum optar por alimentos de baixo valor nutricional, como aqueles que são ricos em açúcar, cafeína, álcool e carboidratos refinados", explica a nutricionista Marcia Daskal.
A neurologista Célia Roesler, diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia e vice-coordenadora do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, salienta a relação da ansiedade com o sono: "Num estado ansioso, sentimos ainda mais dificuldade para dormir. Nesse aspecto, a tecnologia pode desempenhar um papel negativo, principalmente quando usada em excesso ao longo do dia e antes de dormir".
Uma forma de contornar esse sentimento ansioso tão característico do nosso tempo é prestar atenção a esses setores básicos da vida que são prejudicados pelo transtorno, como a alimentação e sono, e priorizá-los. Também é preciso saber quando se desconectar do mundo virtual, dedicando tempo para fazer outras atividades com calma, que também trazem prazer. Pode ser um encontro "analógico" com os amigos, a leitura de um livro, uma sessão tranquila de meditação no parque e outras atividades do gênero.
O site Time to Log Off propõe algo do tipo, com um plano Detox Digital 5:2 - uma espécie de guia para que você viva dois dias completamente analógicos na semana, sem nada de tecnologia. Não vale usar nem o despertador do celular, viu? Esse também é o momento de restabelecer conexões humanas, trocando as conversas por aplicativos por encontros na vida real e interações com pessoas desconhecidas.
Cérebro sobrecarregado
Ficar conectado praticamente o dia inteiro faz com que você seja bombardeado por diversos tipos de estímulos diferentes, sem conseguir parar e filtrar tudo aquilo. Ao contrário do que parece, isso não é positivo para o organismo, principalmente quando falamos de dores de cabeça, que são estimuladas por esse tipo de estresse e pela sobrecarga digital. O resultado é o esgotamento cerebral, quando não conseguimos mais nos concentrar ou mesmo focar em atividades simples, como a leitura de um texto ou uma conversa com um conhecido.
Um exemplo é quando estamos jantando com alguém e acessamos as redes sociais de repente, sem nenhum motivo aparente, só para ver o que está acontecendo. A ciência chama isso de FOMO ("fear of missing out", que em português significa "medo de ficar de fora"), quando as pessoas não conseguem parar de interagir com as redes sociais e documentar tudo o que estão fazendo.
Uma saída para o esgotamento cerebral e as dores de cabeça causadas por ele é reduzir a exposição a tantos estímulos. Esse afastamento pode ajudar a diminuir o estresse e permite que você se reconecte com aquilo que realmente importa, como momentos com os amigos, hobbies e atividades físicas. É possível contar com a ajuda de aplicativos para evitar a exaustão mental, o que mostra que a tecnologia também pode ser utilizada a nosso favor.
Pós-verdade: bolha e emoções à flor da pele
Pós-verdade foi o termo que melhor definiu 2016, de acordo com o Oxford Dictionary, e você provavelmente já se sentiu acometido por ele. A pós-verdade ganha forma quando emoções e crenças pessoais têm mais valor ou importância, para a opinião pública, do que fatos verdadeiros. Por isso, com a pós-verdade as pessoas podem perder a capacidade de julgar o que é real daquilo que é falso, movidas apenas por bolhas que refletem e repercutem ideias semelhantes às suas.
"A busca pelo verdadeiro significado do 'real' e os constantes atritos com o mundo longe das redes sociais, onde as bolhas não funcionam sem os algoritmos, também são situações capazes de causar dor de cabeça e profunda desesperança. Nesse ponto, só a tecnologia pode ajudar a romper as bolhas e criar ferramentas de averiguação de informações, como fazem os departamentos de fact-checkers de alguns veículos de comunicação, que tentam barrar as notícias falsas", salienta a psicóloga Juliane Peres Mercante, especialista em cefaleias e doutora pelo departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP.
Para além das redes, é preciso vivenciar esse tipo de expansão da mente na vida real, com experiências offline, por exemplo. A psicóloga indica que "você pode buscar sessões coletivas de meditação, ioga ou até mesmo pequenas maratonas, que promovem bem-estar e te afastam da bolha das redes sociais, aumentando a interação com pessoas diferentes. Tudo isso ajuda a combater a sensação de 'isolamento coletivo' da pós-verdade".
Busca pelo perfeccionismo
Para muitas pessoas, o sucesso está atrelado ao excesso de trabalho e atividades. Essa é uma das conclusões apontadas por um estudo feito pela University of Bath em parceria com a York St. John University, levando em conta a geração dos millennials - também chamada de Geração Y. De acordo com a pesquisa, os millennials são 33% mais propensos a acreditar que o ambiente onde vivem exige a perfeição, do trabalho à vida social. Essa busca pelo perfeccionismo pode levar a frustrações, angústia, tensão e, consequentemente, dores de cabeça, pois a pressão da autoexigência é muito alta.
Nesse gatilho entra também a ideia de que precisamos estar produzindo algo o tempo todo para termos algum valor para a sociedade, ainda que intelectual. A produtividade se torna, portanto, sinônimo de qualidade de vida, fazendo com que as pessoas se mantenham ocupadas por 24h, sem conseguir suportar momentos de tédio e calmaria.
Não há nada de errado em querer ser produtivo e eficiente, desde que na medida certa. O problema, na verdade, está nas consequências por trás da exigência desenfreada, que pode trazer sérios riscos para a saúde física e mental de qualquer pessoa, principalmente em sociedades cada vez mais ansiosas e conectadas.
"O amadurecimento emocional é um poderoso antídoto para a cobrança excessiva e as dores de cabeça decorrentes desse problema. É preciso entender que a imperfeição faz parte da vida e reagir a essa contestação sem angústia ou agonia, com uma 'apatia' positiva, por assim dizer. A prática da meditação mindfulness também ajuda, já que propõe um exercício de consciência a respeito das emoções por meio da respiração meditativa, o que reduz o estresse", salienta Célia Roesler, diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia e vice-coordenadora do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia.
Para começar, a dica é contar com o apoio de aplicativos que oferecem meditações guiadas, como o Headspace App, que também tem uma versão especial para as crianças.
Vício do barulho
Para quem vive em grandes metrópoles, é um luxo cogitar alguns minutos de silêncio total. Apesar de precisarmos dessa pausa para os ouvidos, o "completo vazio" do silêncio também é encarado como algo assustador, já que estamos viciados em sons de sirenes, buzinas, escapamentos, aviões, fones de ouvido e outras distrações ininterruptas. Mas precisamos entender que nosso corpo não nasceu para viver nesse estado de alerta constante. Prova disso são os resultados de uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde, que mostram que 3% dos ataques e derrames cardíacos fatais na Europa são causados pelo ruído do trânsito7.
Para a neurologista Célia Roesler, "o estresse causado pelo barulho urbano pode desencadear hipertensão arterial, distúrbios do sono, doenças cardíacas, problemas psicológicos, dores de cabeça e outros problemas de saúde. Além disso, o ruído crônico incessante também pode estimular o envelhecimento precoce do aparelho auditivo. Por esse e todos os outros motivos citados anteriormente, é fundamental adotar alguns momentos de descanso para os ouvidos, sem fones e longe do caos da cidade. Parece difícil engatar uma mudança desse porte, mas alguns cuidados e a própria tecnologia podem ajudar".
Em primeiro lugar, é importante entender o silêncio como uma parte importante da vida. Novamente, a meditação é uma boa ferramenta para recuperar instantes silenciosos no dia a dia, devolvendo um pouco de quietude à mente. Alguns minutos por dia, praticados regularmente, são suficientes para conquistar essa paz meditativa. Dispositivos tecnológicos também podem ajudar, como os fones de ouvido Mindset8, que usam sensores de eletroencefalografia para registrar a atividade cerebral do usuário e alertá-lo de possíveis distrações, com bloqueio de ruídos.
"Com todas essas informações em mãos sobre os gatilhos comportamentais das dores de cabeça, é possível adotar um estilo de vida voltado à prevenção do problema de saúde, com mudanças de hábito que, em essência, são bem simples. Tomar consciência do exagero (de som, tecnologia, exigência, ruídos, redes e tudo o que nos cerca) é o primeiro passo para, então, redescobrir o equilíbrio entre estímulo e quietude de que tanto precisamos", finaliza Julia Curan.
Fonte: Minha Vida
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