Considerando
a área total terrestre, dois terços são constituídos por água. Desse volume
imenso, a grande parte, que totaliza 97,5%, é salgada e encontrada em oceanos e
mares. Apenas 2,493% são doce, mas possui difícil acesso, localizando-se em
geleiras e aquíferos. Somente 0,007% são doce e disponível para consumo humano
através de rios, lagos e na atmosfera.
As
reservas de água doce são distribuídas desigualmente no mundo e vêm sendo
exauridas e poluídas por substâncias químicas e biológicas de forma bruta. A
Organização das Nações Unidas (ONU) indica que a população mundial se elevará
muito até o ano de 2050, atingindo cerca de 11,2 bilhões de pessoas. Devido a
isso, ela considera de grande preocupação o crescimento demográfico a essas
taxas em relação a disponibilidade futura de recursos hídricos.
O
setor de água mineral vem se desenvolvendo a altas taxas nas últimas décadas e
se tornando o segmento de bebidas que mais cresce, atingindo 20% ao ano. O
volume de consumo de água mineral é o quinto maior entre as bebidas, ficando
atrás de refrigerantes, leite, cerveja e café solúvel e à frente de sucos. O
Brasil ainda tem um dos mais baixos índices de consumo de água mineral per
capita, da ordem de 35 litros/ano.
Mas
no que devemos prestar atenção na hora de escolher uma água mineral?
- pH
(ácida/alcalina);
-
Teor de sódio;
-
Embalagem na qual está acondicionada (plástico ou vidro).
pH
A
alcalinidade total de uma água é dada pelo somatório das diferentes formas de
alcalinidade existentes, ou seja, é a concentração de hidróxidos, carbonatos e
bicarbonatos, expressa em termos de carbonato de cálcio, pois a alcalinidade
mede a capacidade da água em neutralizar os ácidos.
Normalmente
as águas superficiais possuem alcalinidade natural em concentração suficiente
para reagir com o sulfato de alumínio nos processos de tratamento. Quando a
alcalinidade é muito baixa ou inexistente, há a necessidade de se provocar uma
alcalinidade artificial com aplicação de substâncias alcalinas, tal como cal
hidratada ou barrilha (carbonato de sódio) para que o objetivo seja alcançado,
em casos de alcalinidade elevada, procede-se ao contrário, acidificando-se a
água até que se obtenha um teor de alcalinidade suficiente para reagir com o
sulfato de alumínio ou outro produto utilizado no tratamento da água.
Seria
então interessante procurar águas com pH acima de 7,5. A explicação é que nosso
sangue tem pH médio de 7,4, se há ingestão de alimentos com pH menor que esse,
o corpo deverá se esforçar muito para equilibrar a acidez que isso gera,
deixando órgãos mais ácidos e favorecendo o processo de envelhecimento.
Teor de Sódio
A
grande maioria dos sais minerais são benéficos à saúde, mas deve-se ficar
atento à quantidade ingerida. Atualmente o consumo de alimentos
industrializados está em alta e os mesmos contêm altas quantidades de sódio. O
excesso de sódio na alimentação causa retenção de líquidos, o que leva ao
aumento da pressão arterial. Por isso, o alerta serve principalmente para as
pessoas que sofrem com hipertensão, problemas cardiovasculares e renais, que
são potencializados com o alto consumo desse elemento. Por que então ingerir
mais desse mineral na água? Devemos tê-la como fonte de hidratação e não como
mais um meio de ingerir sódio e prejudicar a saúde.
A
ANVISA regulamenta que os rótulos das águas com mais de 200mg/l de sódio deve
vir destacado “contêm sódio”. E ainda destaca que não pode exceder a quantidade
de sódio de 60mg/100ml.
Portanto,
devemos priorizar águas com teor de sódio ainda mais baixo que o permitido.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) deve-se consumir menos de 2g de
sódio ou menos de 5g de sal por dia. Por exemplo, se você beber um litro de
água mineral com 103,06g de sódio, já estará consumindo cerca de 5% da sua cota
diária.
Embalagem a qual está acondicionada
(plástico ou vidro)
Atualmente,
há preocupações em relação à exposição de humanos e outros animais aos agentes
e substâncias químicas, que promovem alterações no sistema endócrino e nos
hormônios, denominados desreguladores endócrinos (DE).
Dentre
as várias substâncias capazes de afetar o sistema endócrino, destaca-se o
bisfenol A (BFA). É uma substância química produzida em grandes quantidades
para o uso principalmente na produção de plásticos policarbonato e resinas
epóxi.
A
exposição humana ao BFA não é insignificante, considerando que policarbonatos e
resinas epóxi, tendo como base o BFA, apresentam várias aplicações, como, por
exemplo, garrafas de bebidas, potes de comida para bebês, revestimento
anticorrosivo em latas de alumínio, fabricação de discos compactos, selantes
dentários, equipamentos de segurança e dispositivos médicos.
O
BFA migra em níveis de pg.µL-1 dos produtos do policarbonato ou de revestimento
epóxi em latas à água durante processos térmicos.
O
BFA migra também das mangueiras de PVC (cloreto de polvinila) à água em
temperatura ambiente e pH neutro. Tal composto tem sido recentemente relatado
como o mais potente mimetizador antropogênico. Análises do BFA demonstraram que
este composto induz proliferação, alteração na região reprodutiva da fêmea, bem
como câncer no testículo e na próstata, redução de esperma, desmaculinização,
feminilização, alteração nas funções de imunidade e diminuição de fertilidade
em pássaros, peixes e mamíferos.
O
consumo de águas engarrafadas tem crescido muito nos últimos tempos, sendo a
maioria das garrafas feita de polietileno tereftalato (PET) – um plástico
derivado do petróleo - , das quais podem migrar determinadas substâncias, como
o BFA.
Por
isso devemos escolher o produto cuja fonte é mais próxima do local de consumo.
Pois as garrafas de água são transportadas de caminhão e costumam pegar muito
sol, o que leva ao aquecimento do plástico favorecendo a liberação de BFA para
a água. Outra opção é escolher as águas que são acondicionadas em garrafas de
vidro.
Diferentes Tipos de Água e
Benefícios para a Saúde
Nome
|
Benefício
|
Sulfurosa
|
Indicada
para problemas articulares, do aparelho digestivo e doenças de pele. É também
cicatrizante.
|
Ferruginosa
|
Ajuda
a combater a anemia e estimula o apetite. É indicada também para a
parasitose.
|
Carbogasosa
|
Eficaz
contra a hipertensão arterial e repões energia. É também diurética e
digestiva.
|
Radioativa
|
Ajuda
a dissolver cálculos renais, favorece a digestão, alivia cólicas estomacais e
intestinais. Também atua como calmante.
|
Alcalina-bicarbonatada
|
É
digestiva e diurética. Auxilia no tratamento de úlceras e esofagite.
|
Magnesiana
|
Laxante,
contribui para o bom funcionamento do estômago e do intestino. Em excesso
pode provocar diarreia.
|
Carbônica
|
Reduz
o apetite e auxilia na hidratação da pele.
|
Iodetada
|
Apropriada
para inflamações de faringe, insuficiência da tireoide, reumatismo e
problemas no fígado e nos rins.
|
Litinada
|
Auxilia
na depuração do ácido úrico. Também é calmante devido ao efeito sedativo do
lítio.
|
Alcalino-terrosa
cálcica
|
Ajuda
a repor deficiências de cálcio no corpo.
|
Cloretadas
|
Indicadas
para moléstias gastrointestinais e gastrites.
|
Fonte: ABINAM –
Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais.
As informações contidas
neste blog, não devem ser substituídas por atendimento presencial aos
profissionais da área de saúde, como médicos, nutricionistas, psicólogos,
educadores físicos e etc. e sim, utilizadas única e exclusivamente, para seu
conhecimento.
Referências Bibliográficas:
BRASIL.
“Regulamento Técnico Para Águas Envasadas e Gelo”. Resolução RDC n°274, de 22
de setembro de 2005.
Brito
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Acessado em: 18/07/2017.
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