Quase 60% dos catarinenses estão endividados, de acordo com a pesquisa Perfil de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de julho deste ano, feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC). No entanto, a entidade afirma que isso é bom para a economia do Estado, que vê um consumo ainda crescente, apesar dos juros cada vez mais altos. Outro fator que contribui para o otimismo da federação é a taxa de inadimplência da população do Estado (4%) ser menor do que a média nacional (6%). Pesquisas de outras instituições indicam que o primeiro passo para fugir das dívidas é controlar o uso do cartão de crédito.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) entrevista mensalmente 18 mil consumidores para fazer a pesquisa de consumo e mostra que apenas o Paraná tem uma taxa de endividamento maior do que Santa Catarina. No entanto, a capacidade de honrar essas dívidas é uma vantagem para a economia local, afirma o economista Maurício Mulinari, da Fecomércio-SC:
– Grande endividamento e baixa inadimplência significa economia aquecida. O momento econômico do Brasil não é bom. No ano passado, os juros do comércio ficavam em 7%, e neste ano passaram para 11%. Mesmo assim, o catarinense continua comprando e isso favorece a economia do Estado.
O economista ainda explica que os juros altos dificultaram o acesso ao crédito e isso ajudou a controlar a inadimplência no país. Mas muitos consumidores acabaram optando pela maneira mais simples para aumentar o poder de compra: cartão de crédito.
Com acesso cada vez mais fácil, os cartões são responsáveis pela metade das dívidas dos consumidores catarinenses.
– O cartão de crédito facilita a compra, mas é preciso ter cuidado. Não podemos olhar o cartão como um vilão da economia - avalia Mulinari.
Jovens não têm educação financeira
Controlar as contas é justamente o que muitos brasileiros ainda não aprenderam a fazer, segundo Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. A faixa etária com mais problemas é a de 18 a 24 anos, apontou a segunda pesquisa Indicador de Educação Financeira (Indef), da instituição:
– Os jovens mostraram um comportamento mais inadequado, fazendo compras por impulso. Por isso, a inadimplência nesse grupo pode chegar a 35%.
A mudança de perfil do jovem brasileiro, que saiu do mercado de trabalho e também voltou a estudar, pode ser uma explicação para o crescimento da inadimplência nessa faixa etária.
Para Rabi, a solução do problema pode estar dentro de casa.
– A grande oferta de bolsas universitárias foi um incentivo para o jovem voltar para a sala de aula. Mas ele continuou gastando como na época em que trabalhava, então deixou de pagar algumas contas. O brasileiro precisa aprender a se reunir com os filhos e discutir as contas. Isso ajuda na educação financeira da família – aconselha o economista.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
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