O governo brasileiro irá comprar caças da sueca Gripen NG (Saab). O anúncio oficial foi feito pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. A compra de 36 caças foi fechada por US$ 4,5 bilhões. O valor está bem abaixo da estimativa do mercado para o negócio que girava em torno US$ 7 bilhões. O cronograma prevê a chegada do primeiro avião ao Brasil em 2018. O acerto final dos detalhes da compra deve se arrastar por mais um ano.
- O vencedor do certame para a aquisição de 36 caças para Força Aérea Brasileira (FAB) é o Gripen NG - disse Celso Amorim.
A transferência de tecnologia foi um dos itens que pesaram na decisão. Saito disse que o desenvolvimento dos caças será feito em conjunto com a Embraer e também há outras empresas envolvidas.
- Quando terminar o desenvolvimento nós teremos acesso intelectual – disse o comandante da Aeronáutica.
O caça sueco NG tem apenas um protótipo voando que está sendo testado, com mais de 300 horas de voo.
- Este avião permite do país participar do desenvolvimento do projeto, que é um aspecto muito importante – defendeu Celso Amorim.
Indagado qual teria sido a colocação dos outros concorrentes, Amorim respondeu
- É que nem Oscar. Quem ganhou, ganhou.
- Tem coisas que a gente não pode divulgar aqui. Sobre os perdedores, não podemos falar muita coisa – argumentou Saito.
Após dez anos de discussão, a conclusão do processo de compra dos caças para o programa FX foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff hoje de manhã.
- Eu gostaria de dar aqui uma informação inaugural: eu instruí o ministro da Defesa, Celso Amorim, a anunciar hoje a decisão sobre a compra do FX e sobre a parceria que iremos fazer sobre o FX-2 - disse Dilma.
Os 12 Mirage que estão em uso pela FAB serão aposentados no último dia deste ano. Eles foram comprados em 2005. Enquanto os novos caças não são entregues, o Brasil vai utilizar o modelo F5. Essas aeronaves podem voar até o ano de 2025.
Dilma Rousseff informou sobre a decisão durante seu discurso na solenidade de apresentação de oficiais-generais recém-promovidos. Minutos antes de dar a notícia, Dilma citou o presidente francês, François Hollande, dizendo que o colega falou que queria fazer uma parceria com o Brasil não por uma razão “etérea”, mas porque o Brasil será a economia que mais crescerá nos próximos anos, sinalizando que o governo pode ter optado pela empresa francesa.
Na comitiva que acompanhou Hollande a Brasília na semana passada, em sua primeira visita de Estado ao Brasil, estavam oito ministros e dezenas de empresários franceses, entre eles, o presidente do grupo Dassault, que concorria pela compra dos aviões por parte do governo brasileiro. Os outros candidatos concorrentes para a aquisição de 36 caças eram a americana Boeing e a sueca Saab.
A polêmica sobre a compra de caças para modernização da FAB iniciou no governo Fernando Henrique Cardoso e continuou no governo Lula. Um dos primeiros atos do governo Lula foi justamente suspender a licitação em curso na época. Depois, a discussão foi retomada no governo.
A divulgação do relatório da FAB, em 2010, apontava pela preferência pela compra do modelo sueco. Na época, houve uma crise no governo já que os militares apontaram que a aeronave sueca Gripen NG (Saab) era mais barata do que o modelo francês,Rafale (Dassault), preferido por Lula.
Especialista: modelo ‘próximo da nossa realidade’
O professor Expedito Carlos Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), acredita que os caças suecos Gripen atendem as demandas da Força Aérea e estão “muito próximos da nossa realidade”. Ele ressalta como pontos positivos o fato das aeronaves serem mais baratas em relação à concorrência e a parceria com a Embraer na questão de transferência de tecnologia.
- Foi uma boa escolha. O (caça) francês é muito caro e o americano tem toda essa questão diplomática recente. Quanto à parceria com a Embraer (na concepção das aeronaves) eu acho que eles, suecos, poderão nos transferir tecnologia real. O único preocupante disso é o raio de ação (dos caças) não muito grande. As aeronaves ainda não foram experimentadas em nada – disse o especialista, acrescentando que no futuro haveria um risco se essa parceria ficasse limitada somente a Brasil e Suécia.
Para Bastos, os caças, de uma só turbina, são o que o Brasil “já está acostumado”. O especialista diz que os três, em termos técnicos, não diferem muito, a exceção do preço. Ele ressalta, no entanto, que o número de caças adquiridos (36) é muito pequeno para o país.
- Foi uma decisão que durou muito tempo (17 anos) para se comprar poucas aeronaves, insuficientes para abranger o território nacional e garantir a defesa.
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