ROMANCE DOS DOIS PEDROS
Murillo Araújo
Dois Pedros singulares
teve a Pátria na sua construção.
Dois Pedros – duas pedras angulares
serviram de pilares
à Nação.
Intensamente
dois príncipes de sangue
amaram nossa Pátria adolescente.
Um deles – oh o rei moço e enamorado! –
um deles no delírio arrebatado
de uma paixão primeira!
O segundo – nesse êxtase sagrado
que costuma durar a vida inteira.
E um com brilho da espada, outro com a pena
— ah! cada qual honrou
a terra linda, esplêndida e morena
que desposou.
Um Pedro, desafiando a força e a guerra
quis ser o seu Perpétuo Defensor.
Outro Pedro votou à nossa terra
um mundo de solícito fervor.
Pedro I lhe alcançou, lutando,
a túnica marcial da liberdade.
E a Nação, mal desperta, lhe sorriu.
Pedro II
deu-lhe um manto de glória venerando –
a nobre integridade
que, ante os olhos do mundo,
a revestiu.
Um foi, nas armas, bravo e extraordinário;
outro foi magnânimo e foi justo.
Um foi dominador e temerário;
outro foi sábio, generoso, augusto.
E de tal sorte.
amando a terra moça e bela,
um viveu prestes a morrer por ela,
outro – viveu por ela até a morte.
Encontrado em:
O candelabro eterno: aos moços – este álbum dos avós que criaram o Brasil, publicado pela primeira vez em 1955, parte da Poemas Completos de Murillo Araújo, 3 volumes, Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti:1960
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