sábado, 29 de agosto de 2015

Romance Dos Dois Pedros, poema de Murillo Araújo para a Semana da Pátria

D. Pedro I, o Defensor Perpétuo do Brasil, 1830, por Simplicio Rodrigues de Sá, Museu Imperial de Petrópolis
D. Pedro I, o Defensor Perpétuo do Brasil, 1830, por Simplício Rodrigues de Sá, Museu Imperial de Petrópolis

ROMANCE DOS DOIS PEDROS

Murillo Araújo



Dois Pedros singulares
teve a Pátria na sua construção.
Dois Pedros – duas pedras angulares
serviram de pilares
à Nação.


Intensamente
dois príncipes de sangue
amaram nossa Pátria adolescente.


Um deles – oh o rei moço e enamorado! –
um deles no delírio arrebatado
de uma paixão primeira!
O segundo – nesse êxtase sagrado
que  costuma durar a vida inteira.


E um com brilho da espada, outro com a pena
— ah! cada qual honrou
a terra linda, esplêndida e morena
que desposou.


Um Pedro, desafiando a força e a guerra
quis ser o seu Perpétuo Defensor.
Outro Pedro votou à nossa terra
um mundo de solícito fervor.


Pedro I lhe alcançou, lutando,
a túnica marcial da liberdade.
E a Nação, mal desperta, lhe sorriu.

Pedro II
deu-lhe um manto de glória venerando –
a nobre integridade
que, ante os olhos do mundo,
a revestiu.


Um foi, nas armas, bravo e extraordinário;
outro foi magnânimo e foi justo.


Um foi dominador e temerário;
outro foi sábio, generoso, augusto.


E de tal sorte.
amando a terra moça e bela,
um viveu prestes a morrer por ela,
outro – viveu por ela até a morte.


Encontrado em:

O candelabro eterno: aos moços – este álbum dos avós que criaram o Brasil, publicado pela primeira vez em 1955, parte da  Poemas Completos de Murillo Araújo, 3 volumes, Rio de Janeiro, Irmãos Pongetti:1960


D. Pedro II, o Magnânimo, 1864, por Vitor Meireles (Brasil, 1832-1903), OST, Museu de Arte de São Paulo
D. Pedro II, o Magnânimo, 1864, por Vítor Meireles (Brasil, 1832-1903), OST, Museu de Arte de São Paulo

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