sábado, 29 de agosto de 2015

Canto Nativo, de Jaime d’ Altavila, poesia para a 3a série, na semana da pátria.

Paisagem, por Aldemir Martins (CE 1922- SP 2006), AST.

CANTO NATIVO

Jaime d’ Altavila


Quando eu morrer,
você rasgue um pedaço deste céu
            E faça dele a minha mortalha.
Quando eu morrer,
            você cave um torrão de terra virgem
            E faça dele o meu travesseiro.
Quando eu morrer,
            você arranque o Cruzeiro do Sul
            E faça das estrelas meus círios.

……………………………………………………………………..

Quando eu morrer,
            você  corte um ramo de pitangueiras
            E cruze, sobre ele, as minhas mãos.
Quando eu morrer,
            você plante sobre a minha sepultura
            uma palmeira de ouricuri.
………………………………………………………………………

Quando eu morrer,
            você diga aos que perguntarem por mim
            Que eu morri como nasci:
                        Brasileiro,
                        Brasileiro,
                        Brasileiro.

Jaime d’Altavila,  pseudônimo de Anfilófio Melo (AL 1895-1970), formado em Direito,  novelista, cronista, poeta, ensaísta, historiador. Fundador da Academia Alagoana de Letras.

Obras:

A Terra Será de Todos  1983  
Canto Nativo  1949  
Estudos de literatura brasileira  1937  
Gênese da literatura alagoana  1922  
Lógica de um Burro  1924  
Luango  1945  
Mil e Duas Noites  1931  
O Tesouro Holandês de Porto Calvo  1961  
Poesias de J. A.  1995
Encontrado em: Vamos Estudar?  Theobaldo Miranda Santos, 3a série primária, Rio de Janeiro, Agir: 1961.

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