Também conhecida como "Grande Guerra", "Guerra das Guerras" ou a "Última
Guerra Feudal", a Primeira Guerra foi um conflito mundial, ocorrido
entre Agosto de 1914 a 11 de Novembro de 1918. A guerra ocorreu entre a
Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, e até 1917
Rússia, e depois de 1917 EUA) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada
pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano). A
guerra causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o
mapa geopolítico da Europa e do Médio Oriente.
Muito dos combates na Primeira Guerra Mundial ocorreram nas frentes
ocidentais, em trincheiras e fortificações (separadas pelas Terras de
Ninguém) do Mar do Norte até a Suíça. As batalhas se davam em invasões
dinâmicas, em confrontos no mar, e pela primeira vez na história, no ar.
Mais de 9 milhões de soldados morreram nos campos de batalha. Na
Primeira Guerra Mundial apenas 5% das vítimas foram civis - na Segunda
Guerra Mundial, esse número cresceu para aproximadamente 60%.
I guerra - artilharia
A
Primeira Guerra Mundial rompeu definitivamente com a antiga ordem
mundial criada após as Guerras Napoleónicas, marcando a derrubada do
absolutismo monárquico na Europa. Três impérios europeus foram
destruídos e consequentemente desmembrados: o Alemão, o Austro-Húngaro e
o Russo. Nos Bálcãs e no Médio Oriente o mesmo ocorreu com o Império
Turco-Otomano. Dinastias imperiais européias como as das famílias
Habsburgos, Romanov e Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a
Europa e cujo poder tinha raízes nas Cruzadas, também caíram durante os
quatro anos de guerra.
O fracasso da Rússia na
guerra acabou levando à queda do sistema czariano, servindo de
catalisador para a Revolução Russa que inspirou outras em países tão
diferentes como China e Cuba, e que serviu também como base para a
Guerra Fria. No Médio Oriente o Império Turco-Otomano foi substituído
pela República da Turquia e muitos territórios por toda a região
acabaram em mãos inglesas e francesas. Na Europa Central os novos
estados Tchecoslováquia, Finlândia, Látvia, Lituânia, Estônia e
Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados da Austria, Hungria e
Polônia foram redefinidos. Pouco tempo depois da guerra, em 1923, os
Facistas tomaram o poder na Itália. A derrota da Alemanha na guerra e o
fracasso em resolver assuntos pendentes no período pós-guerra, alguns
dos quais haviam sido causas da Primeira Guerra, acabaram criando
condições para a ascensão do Nazismo quatorze anos depois e para a
Segunda Guerra Mundial em 1939, vinte anos depois.
As causas
Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, foi assasinado pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra (oficialmente União Ou Morte), que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios. O assasinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem a guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas. Historiadores e políticos tem discutido essa questão por quase um século sem chegar a um consenso. Algumas das melhores explicações estão listadas abaixo:
Os Tratados
As primeiras explicações para os motivos da I Guerra Mundial, muito usadas na década de 20, tinham como versão a enfâse oficial tida na Cláusula de Culpa de Guerra, ou Artigo 231 do Tratado de Versalhes e Tratado de Trianon, que acusava tanto a Alemanha quanto o Império Austro-Húngaro pela responsabilidade da guerra. A explicação para tal não era completamente infundada; era um fato que o Império Austro-Húngaro, apoiado por Berlim, tinha atacado a Sérvia em 29 de Julho e que a Alemanha tinha invadido a Bélgica em 3 de Agosto. Sendo assim, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro tinham sido os primeiros a atacar, o que teria levado à guerra. A Alemanha foi considerada culpada e teve que pagar as reparações pela guerra e todos os custos futuros, além de pensões para todos os veteranos da Tríplice Entente, num valor total estimado em trinta bilhões de dólares. O valor foi sendo renegociado por toda a década de 20, até ser extinto em 1931.
Muitos importantes pensadores britânicos, como o economista John Maynard Keynes, não aceitam a Clásula de Culpa que a França tanto apoiou. Desde 1960 a idéia de que a Alemanha foi a responsável pela guerra foi revivida por acadêmicos como Fritz Fischer, Imanuel Geiss, Hans-Ulrich Wehler, Wolfgang Mommsen, e V.R. Berghahn.
Militarismo e Aristocracia
O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores americanos culpam a guerra pelo militarismo. A tese é que a aristocracia e a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Rússia e o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia. Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França.
O Imperialismo Econômico
Lenine era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas idéias ele usou as teorias econômicas do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as conseqüências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo". Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lenine de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra.
O Nacionalismo, o Romantismo e a Nova Era
Os líderes civis das nações européias estavam na época enfrentando uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando pela Europa há anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos, apoiados por uma mídia sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. A maioria dos beligerantes pressentiam uma rápida vitória com conseqüências gloriosas. O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de 1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.
O Pan-eslavismo
A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento separatista dos Bálcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos econômicos de um porto em águas quentes. O desenrolar da Guerra dos Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações européias. Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleónicas quanto a Guerra dos Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano Schlieffen 2. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política francesa, dando origem ao chamado revanchismo. Após a Liga dos Três Impérios ter se desmanchado, a França formou uma aliança com a Rússia, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma preocupação para o exército alemão.
O Brasil na Grande Guerra
No dia 5 de abril de 1917 o vapor brasileiro "Paraná", que navegava de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompe relações diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio "Tijuca" foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo Brasileiro confisca 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.
No dia 23 de outubro de 1917 o cargueiro nacional "Macau", um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declara guerra à aliança germânica.
Começou então uma intensa agitação nacionalista, comícios louvam a «gloriosa atitude brasileira de apoiar os Aliados». Monteiro Lobato critica esse nacionalismo, pois, de acordo com ele, isso estava desviando a atenção do país em relação a seus problemas internos.
A participação militar do Brasil no solo europeu foi pequena, resumindo-se a algumas ações de pilotos da força aérea, treinados na Europa, e apoio médico, além do fornecimento de alimentos e matérias-primas. A Marinha recebeu a incumbência de patrulhar o Atlântico, evitando a ação dos submarinos inimigos.
Portugal na Grande Guerra
Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da República ainda recentemente instaurada.
Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colônias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o Governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique.
Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado português decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra de Portugal em relação à Alemanha e aos seus aliados, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).
Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direção à Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos econômicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objetivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.
AS Declarações de Guerra
Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, foi assasinado pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra (oficialmente União Ou Morte), que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios. O assasinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem a guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas. Historiadores e políticos tem discutido essa questão por quase um século sem chegar a um consenso. Algumas das melhores explicações estão listadas abaixo:
Os Tratados
As primeiras explicações para os motivos da I Guerra Mundial, muito usadas na década de 20, tinham como versão a enfâse oficial tida na Cláusula de Culpa de Guerra, ou Artigo 231 do Tratado de Versalhes e Tratado de Trianon, que acusava tanto a Alemanha quanto o Império Austro-Húngaro pela responsabilidade da guerra. A explicação para tal não era completamente infundada; era um fato que o Império Austro-Húngaro, apoiado por Berlim, tinha atacado a Sérvia em 29 de Julho e que a Alemanha tinha invadido a Bélgica em 3 de Agosto. Sendo assim, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro tinham sido os primeiros a atacar, o que teria levado à guerra. A Alemanha foi considerada culpada e teve que pagar as reparações pela guerra e todos os custos futuros, além de pensões para todos os veteranos da Tríplice Entente, num valor total estimado em trinta bilhões de dólares. O valor foi sendo renegociado por toda a década de 20, até ser extinto em 1931.
Muitos importantes pensadores britânicos, como o economista John Maynard Keynes, não aceitam a Clásula de Culpa que a França tanto apoiou. Desde 1960 a idéia de que a Alemanha foi a responsável pela guerra foi revivida por acadêmicos como Fritz Fischer, Imanuel Geiss, Hans-Ulrich Wehler, Wolfgang Mommsen, e V.R. Berghahn.
Militarismo e Aristocracia
O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores americanos culpam a guerra pelo militarismo. A tese é que a aristocracia e a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Rússia e o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia. Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França.
O Imperialismo Econômico
Lenine era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas idéias ele usou as teorias econômicas do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as conseqüências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo". Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lenine de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra.
O Nacionalismo, o Romantismo e a Nova Era
Os líderes civis das nações européias estavam na época enfrentando uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando pela Europa há anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos, apoiados por uma mídia sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. A maioria dos beligerantes pressentiam uma rápida vitória com conseqüências gloriosas. O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de 1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.
O Pan-eslavismo
A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento separatista dos Bálcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos econômicos de um porto em águas quentes. O desenrolar da Guerra dos Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações européias. Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleónicas quanto a Guerra dos Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano Schlieffen 2. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política francesa, dando origem ao chamado revanchismo. Após a Liga dos Três Impérios ter se desmanchado, a França formou uma aliança com a Rússia, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma preocupação para o exército alemão.
O Brasil na Grande Guerra
No dia 5 de abril de 1917 o vapor brasileiro "Paraná", que navegava de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompe relações diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio "Tijuca" foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo Brasileiro confisca 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.
No dia 23 de outubro de 1917 o cargueiro nacional "Macau", um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declara guerra à aliança germânica.
Começou então uma intensa agitação nacionalista, comícios louvam a «gloriosa atitude brasileira de apoiar os Aliados». Monteiro Lobato critica esse nacionalismo, pois, de acordo com ele, isso estava desviando a atenção do país em relação a seus problemas internos.
A participação militar do Brasil no solo europeu foi pequena, resumindo-se a algumas ações de pilotos da força aérea, treinados na Europa, e apoio médico, além do fornecimento de alimentos e matérias-primas. A Marinha recebeu a incumbência de patrulhar o Atlântico, evitando a ação dos submarinos inimigos.
Portugal na Grande Guerra
Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da República ainda recentemente instaurada.
Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colônias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o Governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique.
Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado português decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra de Portugal em relação à Alemanha e aos seus aliados, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).
Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direção à Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.
Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos econômicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objetivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.
AS Declarações de Guerra
Após o assassinato do
arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de Junho, o Império Austro-Húngaro
esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação. Essa
espera foi devida ao fato de que grande parte do efetivo militar estava
na ajuda a colheita, o que impossibilitava a ação militar naquele
período. Em 23 de Julho, graças ao apoio incondicional alemão (carta
branca) ao Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, foi-se mandando
um ultimato a Sérvia que continha várias requisições, entre elas a que
agentes austríacos fariam parte das investigações, e que a Sérvia seria a
culpada pelo atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do
ultimato, com exceção da participação de agentes austríacos, o que na
opinião sérvia constituía uma violação de sua soberania.
Por causa desse termo,
rejeitado em resposta sérvia em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro
cortou todas as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao
mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio à Belgrado (capital sérvia)
em 29 de Julho. No dia seguinte, a Rússia, que sempre tinha sido uma
aliada da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. Os alemães,
que tinham garantido o apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma
eventual guerra mandaram um ultimato ao governo russo para parar a
mobilização de tropas dentro de 12 horas, no dia 31. No primeira dia de
Agosto o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha
então declarou guerra a mesma. Em 2 de Agosto a Alemanha ocupou
Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e do Plano
Schlieffen (que previa a invasão da França e da Rússia). A Alemanha
tinha enviado outro ultimato, dessa vez à Bélgica, requisitando a livre
passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado,
foi-se declarado guerra à Bélgica.
Em 3 de Agosto a Alemanha
declarou guerra à França, e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Como
França e Bélgica eram aliados britânicos, a Inglaterra como fazia parte
parte de acordo q garantia a soberania da bélgica e por isso declarou
guerra ao Alemanha.
Início dos Confrontos
Algumas das primeiras
hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no Oceano
Pacífico, nas colônias e territórios das nações européias. Em Agosto de
1914 um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado
alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças
alemães baseadas na Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao
Império Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia invadiu a Samoa, da
Alemanha; em 11 de Setembro a Força Naval e Expedicionária Australiana
desembarcou na ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Britânia),
que fazia parte da chamada Nova Guinéa Alemã. O Japão invadiu as
colônias micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de
Qingdao na península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a
Tríplice Entente tinha dominado todos os territórios alemães no
Pacífico. Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.
Na Europa, a Alemanha e o
Império Austro-Húngaro sofriam de uma mútua falta de comunicação e
desconhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha garantido o
apoio à invasão Austro-Húngara a Sérvia, mas a interpretação prática
para cada um dos lados tinha sido diferente. Os líderes do
Austro-Húngaros acreditavam que a Alemanha daria cobertura ao flanco
setentrional contra a Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o
Império Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na luta contra a
Rússia enquanto combatia a França na Frente Ocidental. Tal confusão
forçou o exército Austro-Húngaro a dividir suas tropas. Mais da metade
das tropas foram combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno
grupo foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia.
Batalha Sérvia
O exército sérvio lutou
em uma batalha defensiva para conter os invasores austro-húngaros. O
sérvios ocuparam posições defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas
primeiras semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos causando
grandes perdas ao exército da Tríplice Aliança. Essa foi a primeira
grande vitória da Tríplice Entente na guerra. As expectativas
austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não foram realizadas e
como resulto o Império Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande
força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que batalhavam contra
a Rússia.
Bélgica e França invadidas
Após invadir o território
belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada
cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a marcha rumo à
França, foi a decisão britânica de fazer valer a aliança com a Bélgica e
declarar guerra à Alemanha que deixou os planos militares alemães em
sérios problemas. O Império Britânico enviou um exército para a Bélgica,
atrasando os alemães.
Inicialmente os mesmos
tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de Agosto a 24
de Agosto, 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que
obrigou o deslocamento das tropas alemães que estavam planejadas para ir
a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a Rússia em uma série de
confrontos chamados da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de Agosto a 2
de Setembro, 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos,
porém, acabou permitindo uma contra-ofensiva em conjunto das forças
francesas e inglesas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho
para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o
exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo se postou numa posição
defensiva dentro da França e conseguiu incapacitar permanentemente
230.000 franceses e britânicos.
O fim da Guerra
A partir de 1917 a
situação começará a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos
meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada
ao teatro de operações europeu das forças norte-americanas ou a
substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das
tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro,
grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da
frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por
fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego
quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista,
chefiado por Lenine, prontamente assina a paz sem condições, assim
anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para
evitar a derrocada. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11
de Novembro de 1918.
"Guerra das Trincheiras"
Os avanços na tecnologia
militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso
que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera.
O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da
infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com
poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em
1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum
dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artifício, mas eles tornaram a
vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se um dos mais
temidos e lembrados horrores de guerra.
A tecnologia
A Primeira Guerra Mundial
foi um misto de tácticas do século XIX e tecnologia do século XX.
Muitos dos combates envolveram a guerra das trincheiras, onde milhares
de soldados por vezes morriam só para ganhar um metro de terra. Muitas
das batalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira
Guerra Mundial. Tais batalhas incluíam Ypres, Vimy Ridge, Marne,
Cambrai, Somme, Verdun e de Gallipoli. A artilharia foi a responsável
pelo maior número de baixas durante a guerra.
Neste conflito estiveram
envolvidos cerca de 65 milhões de soldados e destacaram-se algumas
figuras militares, como o estratégia da Batalha de Marne, o general
francês Joffre, o general Ferdinand Foch, também da mesma nacionalidade,
que veio a assumir o controle das forças aliadas, o general alemão Von
Klück, que esteve às portas de Paris, general britânico John French,
comandante do Corpo Expedicionário Britânico e o comandante otomano
Kemal Ataturk o vencedor na Batalha de Gallipoli contra a Inglaterra e o
ANZAC (Austrália e Nova Zelândia).
A guerra química e o
bombardeio aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa na Primeira
Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após a Convenção
Hague de 1907.
Os aviões foram
utilizados pela primeira vez com fins militares durante a Primeira
Guerra Mundial. Inicialmente a sua utilização consistia principalmente
em missões de reconhecimento, embora tenha depois se expandido para
ataque ar-terra e atividades ar-ar, como caças. Foram desenvolvidos
bombardeiros estratégicos, principalmente pelos alemães e pelos
britânicos, sendo que "Zeppelins" já tinham sido utilizados em
bombardeios aéreos, pelos alemães.
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