Dicas para o uso da Bíblia na catequese respeitando a idade certa dos catequizados..
COMO USAR A BÍBLIA NA CATEQUESE
O texto que segue irá ajudar o catequista dando dicas práticas
sobre o uso do texto bíblico na catequese. Um dos critérios importantes é a
respeito pelo texto, pelo contexto e pela idade dos catequisandos.
DICAS DE INÍCIO
Para início de conversa
sobre o uso da Bíblia na catequese é importante saber:
Respeita a
interação vida-Bíblia. Que também a criança, o adolescente, aprenda a ler a
Bíblia a partir da vida e em função dela.Trabalhar com a Bíblia sem ligá-la com
a vida é como querer utilizar um aparelho elétrico desligado da eletricidade:
não funciona! A Bíblia brotou da vida de um povo e para que seja captada em seu
verdadeiro sentido tem de estar ligada à vida do grupo que a lê, reflete e reza
a partir dela.O catequista precisa ter uma boa formação bíblica para não fazer
uma leitura fundamentalista, ou seja, ler tudo ao pé da letra.Como vimos nos
encontros anteriores e preciso descobrir o que o texto está dizendo, que
linguagem o autor utilizou para dar o seu recado.
Não dizer
hoje o que termos de desdizer amanhã. Quando o catequista não sabe responder o
que a criança perguntou, é bom dizer que não sabe e que dará a resposta
depois.Sempre que possível, não só falar da Bíblia, mas dar-lhe a palavra.
A ESCOLHA DOS TEXTOS BÍBLICOS
Não vamos nos deter a
elencar um monte de critérios, achamos mais interessante, momento, nos
prendermos a um critério básico, iluminará todos os demais; é a questão da
gradualidade.
Uma certa manhã um
fazendeiro montou a cavalo e foi inspecionar suas roças.Chegando lá viu os pés
de milho todos muito bonitos, mas ainda muito pequenos.De repente, pôs-se a
gritar com os cólons: ”Como é que vocês não fazem nada para ajudar meu milho a
crescer mais depressa?” Apeou e, com as duas mãos, começou a puxar e espichar
os pezinhos de milho, um por um.De noite, voltou para casa.Estava exausto! Mas
comentava: “O dia foi puxado, mas valeu: ajudei o nosso milho a crescer”.
No dia seguinte o milharal
estava todo ressequido.Morto.
Com as pessoas humanas
acontece à mesma coisa.Tudo se dá no tempo certo.E este crescimento às vezes é
lento.O catequista deve saber respeitar este ritmo, dar tempo ao tempo.
Quando fomos trabalhar com
um texto bíblico na catequese devemos estar atentos:
Ao linguajar do texto: ver se têm palavras difíceis que
precisam ser substituídas
À experiência de vida do catequizando – entrar em
sintonia com a situação que estão vivendo no momento (dor, alegria, luto,
festa, esperança, temor...); procurar conhecer o catequizando, o que pensa,
vive, sente...A criança evolui, passa de uma mentalidade mágica para outra cada
vez mais concreta, crítica, feita de curiosidade e indagação.A leitura Bíblica
também terá que evoluir.
À sua maturidade na fé: É importante não esquecer que a
criança, o adolescente, o jovem, estão num processo de iniciação à vida de fé.
É preciso ir devagar, não podemos usar textos que ainda não estão à altura dos
catequizandos, que são difíceis demais.
SUGESTÕES
Levando em conta os períodos
sensíveis na idade evolutiva dos catequizandos aqui vão algumas sugestões de
seleção e textos bíblicos:
INFÂNCIA: 7-8 ANOS
Características da idade - fase marcante no desenvolvimento
humano; ainda muito concentrada no seu “eu”, sente enorme necessidade de estima
de amor; aberta à contemplação, à admiração; gosta de ouvir o silêncio; aprecia
símbolos, a expressão corporal, os bichos, tudo o que é vida; gosta de saber
fazer as coisas, de rir e brincar, de aprender e decorar.
Quanto à imagem de Deus – prevalece a
imagem do Deus grande, forte, que tudo sabe e pode, justo, santo, bom: do Deus
da criação e dos milagres.
Quanto a Bíblia - A criança
está na fase de alfabetização: boa ocasião para apresentar-lhe a Bíblia como
livro bonito, importante, que os homens apreciam mais que qualquer
outro.Pode-se contar como é que ela apareceu na vida do povo, como ele continua
sendo importante para as pessoas aprenderem a resolver seus problemas.Usar
cartazes, desenhos, expressão corporal.Deixe que as crianças vejam, toquem,
perguntem, dêem palpite, façam.Conte histórias de enredo curto, mantendo a
atenção até o fim, narrativas simples, distinguindo claramente entre o bem e o
mal.Evitar preconceitos a respeito de pessoas e tipos.O sofrimento e o mal
podem e devem ser abordados, mas de modo a inspirar confiança; a história
terminará com a vitória do bem.Cuidado com os aspectos chocantes na mentalidade
infantil: histórias como a de Herodes (matança de bebês), de Caim (que mata o
irmão), os pormenores da Paixão de Jesus e de outros textos semelhantes, são
traumatizantes nesta idade.Enfim, narrativas bíblicas que impressionam
negativamente a criança e amedrontam podem provoca antipatia pela Bíblia
durante longos anos.
Sugestões de textos -histórias
de Abraão, Zaqueu, Paulo, principalmente falemos de Jesus, amigo dos pobres e
pequenos; de suas atitudes; de suas orações, de seus amigos.Textos
contemplativos: frases dos salmos e dos Evangelhos que exprimem alegria,
louvor, agradecimento, confiança.Um Salmo inteiro será cansativo demais, por
isso, devemos escolher as frases mais falantes.Textos sapienciais: dois
excelentes repertórios são o livro dos Provérbios e o Eclesiástico (não
confundir com Eclesiastes que é muito pesado para essa idade).
FINAL DA INFÂNCIA: PELOS 9-10 ANOS
Características-Viva, ativa, interessa por aventuras,
viagens, ação, gosta de ler, de estudar, de aprender, está mais socializada, o
que lha dá mais segurança, quer saber os porquês – se o fato aconteceu mesmo;
quer coisas concretas (não está mais ligado à linguagem poética, lendas e
fábulas).
Quanto a Bíblia - tempo
favorável para boas informações sobre o livro: como foi escrito, quando, por
quem, para que, diversidade dos escritos, informações sobre o povo, a terra, os
costumes; tempo de familiarizar-se com costumes e lugares da Bíblia; tempo de manusear
a Bíblia: saber encontrar livro, capítulo, versículo; agora, mais que o
desenho, serão apreciadas a montagem e a colagem de figuras; a expressão
corporal será substituída por encenação-não mera repetição do texto, mas a sua
atualização.
Sugestão de textos-Deverão ser
concretos, movimentados.Boa ocasião para aprofundar a vida adulta de Jesus. Nos
Atos encontraremos bons textos sobre comunidades primitivas.Fala-se de Deus
criador, da sua grandeza conforme a Bíblia nos fala, mas sem usar a imagem simbólica
própria do Gênesis 1 e 2 Esses textos são difíceis para essa idade.Eles exigem
uma boa formação do catequista.Mas, são textos para serem usados com os jovens
e não com crianças.Por enquanto, fala-se de Deus criador sem usar esses textos.
Os relatos de
milagres e as parábolas de Jesus, ao contrário do que em geral se pensa, não
são os mais indicados.A criança pode ficar com uma imagem deturpada de Jesus,
como se Ele fosse um mágico, parecido com os dos desenhos da televisão.Os
livros de catequese mais atualizados não
usam essas narrativas.
PRÉ – ADOLESCÊNCIA –PELOS 11-12
ANOS
Características - mundo
infantil começa a desmoronar-se: questiona tudo, surge à consciência das
próprias limitações; há uma nova volta para o próprio “eu”; é a época dos grupos
solidários; da imitação dos adultos.Devido a uma série de fatores,
principalmente os meios de comunicação social, esta fase tem começado antes dos
11 anos.
Textos bíblicos - Numa linha
mais refletida tomem-se às figuras de Jesus, Jeremias, Paulo.Ainda não é tempo
para anjos e demônios, lendas e insistência em milagres.
ADOLESCÊNCIA - PELOS 12- 15 ANOS
Características – são
visíveis à insegurança, a instabilidade e a aguda emotividade; retirada ao
próprio mundo interior -com o sofrimento que esta solidão traz; sensação de não
ser compreendido e de sequer ser capaz de compreender; tempo de afirmação da
própria personalidade; é contra todo autoritarismo; desconfia do adulto-mas
precisa dele; idade de interesse pelo sexo e o amor; das cartas pessoais e dos
diários íntimos (meninas); dos conflitos na família; de preocupação pelo futuro
(vocação).
Quanto a Bíblia - atenção
especial ao aspecto afetivo, emotivo.Há muita identificação com personagens que
se impo por seu humanismo.Especial atenção desperta os profetas, por sua
crítica às situações de injustiça ou de incoerência São importantes os textos
que encaram o misterioso da vida e seu sentido mais profundo; os que orientam a
busca desse sentido, inclusive do ponto de vista de vocação (Mt 5,7).
Será interessante
tomar, agora, unidades maiores: parábolas, pequenos livros como Jonas, Judite,
Amós.
FINAL DA ADOLESCÊNCIA –PELOS 15-19
ANOS
Características - há especial
interesse pela experiência dos outros e com os outros: a consciência crítica
faz com que se posicione diante dos males e das contradições do mundo.
Quanto à Bíblia - tempo de
tomar textos mais difíceis, profundos.Pode-se abordar qualquer texto
Bíblico.Será bom proporcionar uma visão de conjunto da Bíblia, colocando os
problemas com que a Bíblia nos quer confrontar.
Sugestões de textos – Gn 1-11
visto como reflexão sobre o nosso hoje (o homem no mundo; problemas de
relacionamento, pecado e salvação); narrativas da infância de Jesus, narrativas
de milagres, -Jó, Eclesiastes, Evangelho, de marcos, Cartas de Paulo (1Cor).
Vale a pena
chamar a atenção também para a linguagem da Bíblia.Descobrir a linguagem como
parte de um conjunto, como sintoma de uma situação e, ao mesmo tempo,
instrumento, seja de opressão ou de libertação.
Alguns cuidados - Não usar
a Bíblia só por curiosidade, passatempo piedoso sem entrar na dinâmica do povo
que a escreveu e na nossa comunidade.
Não se usa
a Bíblia para domesticar crianças e adultos em nome de Deus.A obediência à fé é
outra coisa. Cada frase da Bíblia está dentro de um contexto. Não deve-se usar
frases pescadas cá e acolá e isolados do seu contexto para impor uma idéia um
pensamento. Na Bíblia o único herói é Deus.Cuidado para não elevar certos
personagens à dimensão de super homens, sem defeitos.
O único jeito
de ler a Bíblia que a Igreja condena é a leitura fundamentalista, que lê tudo
ao pé da letra; se aparece algo estranho, invoca-se o poder de Deus, e pronto.
http://cantinhodaprofesheila.blogspot.com.br/2014/07/dicas-para-o-uso-da-biblia-na-catequese.html
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