Quem foi Galileu Galilei?
Galileu
Galilei, nasceu na Itália, na cidade de Pisa em 15 de fevereiro de
1564, dia da morte de Michelangelo e cerca de vinte anos após a
publicação do De revolutionibus. Galileu morreu em 8 de Janeiro de 1642 na cidade de Arcetri, curiosamente o mesmo ano do nascimento de Isaac Newton.
Galileu,
para satisfazer os desejos de seus pais, iniciou sua vida acadêmica
estudando medicina. Galileu não permaneceu muito tempo dedicado a esses
estudos, passando logo a demonstrar interesse pelos estudos de geometria
e na construção de máquinas simples, aparentemente sob influência da
leitura dos trabalhos de Arquimedes. Quando tinha 25 anos, tornou-se
professor de matemática da Universidade de Pisa, onde permaneceu por
alguns anos. Em seguida ganhou uma cátedra na Universidade de Pádua, em
Veneza.
A partir de então
dedicou-se aos estudos que deixaram uma marca importante na história da
Mecânica e da Física. Podemos lembrar outros grandes trabalhos de
Galileu além dos "Diálogos": Pêndulo de Galileu, planos inclinados,
telescópios e "De Motu"(Sobre o Movimento), onde Galileu discorria sobre
a queda dos corpos.
Contexto Histórico
Na
época em que Galileu Galileu realizou suas mais importantes descobertas
a Itália era um país dividido. A maior parte dos estados estava sob a
poderosa influência da igreja e o Santo Oficio, que lutavam contra os
avanços da reforma protestante, através da inquisição. Com isso a Igreja
sentenciava com pesadas condenações, atitudes e palavras que pudessem
ser consideradas heréticas.
Por
outro lado, era também o pais do renascimento. As grandes modificações
que ocorreram nas artes e nas ciências com a revalorização da cultura
clássica grega transformaram profundamente a visão que os homens tinham
do mundo. Leonardo Da Vinci, através da perspectiva, criara obras primas
de precisão e equilíbrio. Antigos manuscritos haviam sido traduzidos
para o latin e publicados na forma de livros. Entre eles, podemos citar
as obras de Euclides e Arquimedes.
A
passagem de três cometas em 1618 foi descrita no livro "O Ensaiador"
por Galileu, que explicou o movimentos dos cometas a partir da teoria de
Copérnico. Isso fez com que o Papa Urbano VIII obrigasse Galileu a
escrever um outro livro, onde deveria apresentar os argumentos da teoria
de Aristóteles e de Copérnico; mas a conclusão deveria ser que
Aristóteles tinha a razão. Nove anos mais tarde, Galileu acabou o seu
livro "Diálogo sobre dois sistemas capitais do Mundo". O livro provocou
tal perturbação, que Galileu foi julgado por heresia. Os seus fiéis
amigos convenceram o Papa a converter a sentença de morte em prisão
perpétua. Galileu ficou sob prisão domiciliária e os seus livros foram
proibidos. Inicialmente esta situação deixou Galileu deprimido e chegou
mesmo a estar gravemente doente. Mas recuperou, e nos seus últimos anos
fez importantes descobertas no campo da Mecânica.
A
sua última obra - "Duas novas ciências" - lançou os alicerces para as
descobertas de Isaac Newton. A obra foi publicada apenas na Holanda,
país suficientemente afastado da influência da Igreja.
Galileu
contraiu uma infecção na vista, que o cegou progressivamente. Mesmo
assim, trabalhou até ao final da vida com a ajuda de assistentes. Morreu
a 8 de Janeiro de 1642, durante o sono.
Análise
A
Terceira Jornada vai ocupar-se dos astros do sistema solar e do seu
movimento em torno do Sol. O Diálogo inicia-se com a comparação das
observações de medidas angulares de doze astrónomos sobre a «estrela
nova
de 1572 que apareceu na Cassiopeia», permitindo a Galileu mostrar que a
estrela, muito provavelmente, se encontrará na esfera das estrelas fixas o
que permitirá concluir da corruptibilidade dos céus. São apresentados muitos
cálculos detalhados. O modelo heliocêntrico é apresentado como um modelo
que está de acordo com as observações astronómicas, dizendo Salviati: «(...)
limito-me a apresentar as razões naturais e astronómicas que poderei invocar
em favor das duas posições, deixo aos outros o cuidado de decidir; e
finalmente esta decisão não deverá ser ambígua , já que uma das constituições
do universo será necessariamente verdadeira e a outra necessariamente falsa
(...)»
Na
exposição de Galileu há uma grande simplificação sobre o movimento dos
planetas em torno do Sol, ignorando-se, por exemplo, o modelo
das órbitas elípticas de Kepler. Estes factos são justificados pelo objetivo
do autor que era claramente «quebrar a resistência em relação aos
movimentos da Terra, de modo a usá-los na explicação as marés» que será feita na Quarta Jornada detalhadamente.
Na Terceira Jornada
Salviati apresenta alguns argumentos de Galileu favoráveis ao movimento
anual da Terra. Iniciando por uma discussão premilinar sobre a
concepção aristotélica da Terra, sendo ela o centro das revoluções dos
planetas. Salviati pede que Sagredo e Simplício apresentem suas razões,
aristotélicas ou de outros, para que possam discutir.
Simplício
- A primeira e máxima dificuldade é a aversão e a incompatibilidade
existentes entre o estar no centro e o estar afastado do centro: porque,
quando o globo terreste tivesse que mover-se em um ano pela
circunferência de um círculo, ou seja, pelo zodíaco, é impossível que,
ao mesmo tempo, ele esteja no centro do zodíaco; mas que a Terra esteja
em tal centro, é de muitos modos provado por Aristóteles, por Ptolomeu e
por outros.
Neste
trecho fica clara a posição de Simplício sobre o movimento da Terra, e
deste trecho em diante Salviati começa a defesa do modelo copernicano.
Simplício - Mas a partir do que concluís que não é a Terra, mas o Sol que está no centro das revoluções dos planetas?
Salviati
- Conclui-se a partir de observações evidentíssimas, e por isso mesmo
necessariamente concluentes; das quais as mais palpáveis, para excluir a
Terra desse centro e colocar nele o Sol, são o encontrarem-se todos os
planetas ora mais próximos e ora mais afastados da Terra, com diferenças
tão grandes,
que, por exemplo, Vênus, quando afastadíssima, encontra-se seis vezes mais distante de nós que quando está mais próxima, (...)
Salviati rebate os argumentos de Aristóteles de que a distancia dos planetas eram sempre iguais ao redor da Terra, porém os cálculos de Galileu são grosseiros, mas mesmo assim podemos considerar os argumentos apresentados válidos e favoráveis a Salviati.
Além disso, Galileu em sua obra, através de Salviati, lembra da mudança da figura de Vênus, fases de Vênus:
Salviati - (...) De Vênus e de Mercúrio tem-se certeza de que guram em torno do Sol, porque nunca se afastam muito dele e porque os vemos ora acima, ora abaixo, como se conclui necessariamente da mudança da Figura de Vênus.
Sabemos q Vênus apresenta uma oscilação em relação ao Sol, variando de 42 a 258 milhões de km, essa variação tem como consequência da visualização de direfentes fases; assim como Mercúrio, que se afasta de 92 a 208 milhões de km da Terra.
que, por exemplo, Vênus, quando afastadíssima, encontra-se seis vezes mais distante de nós que quando está mais próxima, (...)
Salviati rebate os argumentos de Aristóteles de que a distancia dos planetas eram sempre iguais ao redor da Terra, porém os cálculos de Galileu são grosseiros, mas mesmo assim podemos considerar os argumentos apresentados válidos e favoráveis a Salviati.
Além disso, Galileu em sua obra, através de Salviati, lembra da mudança da figura de Vênus, fases de Vênus:
Salviati - (...) De Vênus e de Mercúrio tem-se certeza de que guram em torno do Sol, porque nunca se afastam muito dele e porque os vemos ora acima, ora abaixo, como se conclui necessariamente da mudança da Figura de Vênus.
Sabemos q Vênus apresenta uma oscilação em relação ao Sol, variando de 42 a 258 milhões de km, essa variação tem como consequência da visualização de direfentes fases; assim como Mercúrio, que se afasta de 92 a 208 milhões de km da Terra.
Para
apoiar a idéia do heliocentrismo, Salviati também se utiliza de
argumentos orbservacionais, principalmente às discrepâncias relacionadas
ao movimento retrógrado dos planetas em relação as estrelas fixas. As
irregularidades dizem respeito não só às diferentes velocidades em
relação às estrelas fixas, mas ao movimento do próprio planeta,
produzindo paradas e retrogradações. Antes do modelo copernicano, essas
anomalias eram tratadas como aperfeiçoamentos necessários através de
artifícios matemáticos.
Salviati
- Vós não vos enganais: porque, quanto à operação do movimento diurno
nos corpos celestes, ela não era, nem podia ser outra que aquela de
fazer que o universo parecesse correr preciptadamente em sentido
contrário; mas esse movimento anul, misturando-se com os movimentos
particulares de todos os planetas, produz muitíssimas extravagâncias, as
quais até agora fizeram perder a cabeça a todos maiores homens do
mundo. Mas retornando às primeiras apreensões gerais, replico que o
centro das rotações celestes dos cindo planetas, Saturno, Júpiter,
Marte, Vênus e Mercúrio é o Sol; e será também do movimento da Terra, se
acontecer de a colocarmos no céu.
Mesmo diante das evidencias observacionais, Simplício ainda tem dificuldades de enteder o modeo proposto por Salviati.
Simplício
- Ainda não consigo entender bem essa estrutura; e pode ser que,
fazendo um desenho, compreender-se-á melhor e poder-se-á discuti-la com
maior facilidade.
Salviati -
Que assim seja: ou antes, para vossa maior satisfação e surpresa, quero
que a desenheis vós mesmos, vendo como, não acreditando entendê-la, a
compreendeis perfeitamente; e respondendo apenas às minhas interrogações
descrevê-la-eis pontualmente.
Salviti faz com que Simplício desenhe o sistema do universo a partir das aparências. onde Simplício começa a construir com a ajuda das questões feitas por Salviati a ordenação dos corpos planetários. E ao final temos a figura a seguir (figura1).
Salviti faz com que Simplício desenhe o sistema do universo a partir das aparências. onde Simplício começa a construir com a ajuda das questões feitas por Salviati a ordenação dos corpos planetários. E ao final temos a figura a seguir (figura1).
Figura 1 - desenho de Simplício
Ao final do desenho:
Salviati
– Portanto, Sr. Simplício, já acabamos de ordenar os corpos do mundo de
acordo com a distribuição de Copérnico, e isto foi feito pela vossa
própria mão: além disso, a todos atribuístes movimentos próprios,
excetuando-se o Sol, a Terra e a esfera estelar; e atribuístes a
Mercúrio e a Vênus o movimento circular em torno do Sol, sem conter a
Terra: em torno do mesmo Sol fizeste mover três planetas superiores,
Marte, Júpiter, Saturno, compreendendo a Terra dentro de seus círculos; a
Lua depois não se pode mover de outra maneira que em torno da Terra,
sem conter o Sol; e também nestes movimentos estais de acordo com o
mesmo Copérnico.
Galileu
encarra com isso mais uma parte de sua argumentação, provando que o Sol
é o centro das revoluções planetárias, excluídas a Lua e a própria
Terra.
Salviati
também argumenta a favor do heliocentrismo mostrando a simplicidade que
o modelo oferece, tal simplicidade é bem vista por Sagredo, mas ainda
fazendo objeções a Salviati.
Sagredo
- Vejo-o muito bem; mas assim como desta simplicidade recolheis uma
grande probabilidade para a verdade de tal sistema, outros, ao
contrário, poderiam talvez fazer deduções opostas, duvidando, não sem
razão, como, sendo esras antiqüíssima constituição dos pitagóricos tão
bem adequarada às aparências, pôde depois durante a evolução de milhares
de anos ter tido tão poucos seguidores, ter sido refutada pelo mesmo
Aristóteles, e depois do mesmo Copérnico ter continuado com a mesma
sorte.
Falta
ainda esclarecer sobre os movimentos retrógrados dos planetas e Galileu
faz isso no trecho a seguir, partindo de uma indagação de Sagredo.
Sagredo
– Desejaria enteder melhor como funcionam no sitema copernicano essas
paradas, regressos e avanços, que sempre me pareceram grandes
improbabilidades.
Salviati
– Vós, Sr. Sagredo, vereis que procedem de tal modo, que esta única
conectura deveria ser suficiente, para que não fosse teimoso e
indisciplinado, para fazê-lo prestar assentimento a todo o resto de tal
doutrina. Digo-vos, portanto, que, sem nada mudar no movimento de
Saturno de 30 anos, no de Júpiter de 12 anos, no de Marte de 2 anos, no
de Vênus de 9 meses, e naquele de Mercúrio de 80 dias aproximadamente, é
somente o movimento anual da Terra entre Marte e Vênus que causa as
desigualdades aparentes nos movimentos de todas as 5 estrelas
designadas: e para uma fácil e plena compreensão de tudo isso, traçarei
uma figura (Figura 2).
Figura 2 – Traçado das posições dos planetas
(...)
Vede, Senhores, com quanta facilidade e simplicidade o movimento anual,
quando fosse a Terra, está acomodado a fornecer as razões das
extravagâncias aparentes que se observam nos movimentos dos cinco
planetas, Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio, eliminando todas e
reduzindo-as a movimentos uniformes e regulares: e foi Nicolau Copérnico
o primeiro a deixar evedente a causa desse maravilhoso efeito. Mas de
um outro efeito, não menos admirável que estee que com um nó talvez mais
difícil de ser desatado força o intelecto humano a admitir essa rotação
anual e deixá-la para nosso globo terrestre, uma nova e inopinável
conjectura é-nos proporcionada pelo próprio Sol, o qual mostra não
querer omitir-se da confirmação de uma conclusão tão insigne mas, antes,
querer fazer parte de tudo como testemunha maior de cada exceção.
Com
isso Salviati demonstra que o movimento da Terra em relação ao Sol é
que resulta nos movimentos retrógrados dos planetas. Terminando a
Terceira Jornada dos Diálogos, ainda se debate sobre as manchas solares
e a rotação do Sol.
O que teria levado Galileu a condenação?
Bibliografia
Augusto J.S. Fitas Notas de «História das Ideias em Física» (cap.3-Galileu)
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