terça-feira, 18 de julho de 2017

Artigo: Afinal, pirataria é tão ruim quanto dizem?

Artigo: Afinal, pirataria é tão ruim quanto dizem?

A pirataria é considerada o inimigo público número 1 da indústria do entretenimento. Estúdios de cinema, gravadoras e emissoras de TV apresentam todos os anos uma série de relatórios em que demonstram o quanto perderam graças ao compartilhamento ilegal de conteúdo. Além das grandes corporações, muitas vezes é o autor quem deixa de receber o quanto deveria em função das cópias ilegais do seu trabalho.

Contudo, apesar dessa adversidade, ainda assim essas indústrias seguem faturando alto e com uma lucratividade capaz de manter tranquilamente os negócios em pleno funcionamento. Qual é o segredo? A resposta pode estar nos benefícios que o compartilhamento de conteúdo em maior volume pode trazer para todos os envolvidos.

Tá ruim para todo mundo?

O governo da Suíça decidiu após um estudo que baixar músicas e filmes para uso pessoal não é ilegal, segundo informações do site TorrentFreak. Para chegar a essa conclusão, o governo conduziu uma análise que levou em conta os hábitos da população.

Segundo o relatório, um terço dos cidadãos do país com mais de 15 anos faz downloads piratas de jogos, músicas e filmes e, nem por isso, deixa de gastar ou gasta menos dinheiro com entretenimento. A pesquisa mostrou ainda que a indústria não está necessariamente perdendo dinheiro com isso.

Tudo é uma questão de perfil dos consumidores. Aqueles que costumam pagar pelo conteúdo não deixaram de fazê-lo, mesmo baixando arquivos da internet. O acesso a um maior número de arquivos compartilhados funciona como uma espécie de degustação, fazendo com que esses consumidores acabem comprando mais ou, na pior das hipóteses, tanto quanto compravam antes, porém de maneira mais seletiva.

Já aqueles que hoje baixam conteúdo e não compram são os mesmos que antes de terem acesso a essa possibilidade já não compravam. Logo, não são eles que influenciam diretamente no faturamento. Em contrapartida, por terem acesso ao conteúdo, eles passam a fazer o papel de divulgadores, compensando, de forma indireta, a ausência de retorno financeiro com um retorno em divulgação de informações.

Acabar com a pirataria a todo custo: os grandes não querem

Os editores de sites e blogs norte-americanos estão em alerta. Um projeto de lei que está tramitando no Senado e na Câmara dos Deputados poderá impor sérias restrições à publicação de conteúdo, tornando jornais, revistas, portais como o YouTube e até mesmo redes sociais corresponsáveis pela replicação de itens considerados nocivos.

Em tese, a lei responsabiliza a publicação por todo e qualquer conteúdo veiculado, seja ele de autoria própria ou não. Uma publicação convencional, como um site de notícias, até pode conseguir dar conta da demanda de comentários, se livrando a duras penas de possíveis sansões.

Embora a medida conte com o apoio da maioria entre os deputados e senadores, as grandes corporações se mostraram contrárias à adoção do projeto. Em carta aberta, empresas como Netscape, Fundação Mozilla, Google, Twitter, Yahoo!, LinkedIn, YouTube, Wikipedia e Facebook se mostraram insatisfeitas com a proposta.

A Wikipedia foi além e ameaçou paralisar as atividades do site em repúdio, caso o governo norte-americano adote a ideia. “Uma greve mundial, ao menos da versão em inglês da página, colocaria o máximo de pressão no congresso dos Estados Unidos”, destaca Jimmy Wales, um dos fundadores do site.

Artistas aprovam, mas gravadoras não

Artistas importantes da música norte-americana estão endossando uma campanha em favor do site MegaUpload. O serviço foi apontado pela Recording Industry Association of America (RIAA) e pela Motion Picture Association of America (MPAA) como uma das maiores pragas da atualidade no mundo virtual.

Para defender a utilidade do MegaUpload, nomes como Printz Board, P. Diddy, Will I Am, Alicia Keys, Kanye West, Snoop Dogg, Chris Brown, The Game, Mary J. Blige, Kim Kardashian, Floyd Mayweather e Jamie Foxx gravaram depoimentos em áudio e vídeo.

Para as gravadoras, o compartilhamento ilegal de músicas é tido como um dos principais fatores para derrocada dos CDs e DVDs. Entretanto, para os artistas, o livre compartilhamento de conteúdo na rede fez com que os seus trabalhos se tornassem mais populares e ganhassem maior repercussão. A agenda de shows sempre cheia e a grande quantidade de público que acompanha cada uma das apresentações acabam sendo uma contrapartida benéfica nesse sentido.

Então deveria ser tudo liberado?




Também não é assim. Grandes produções requerem altos investimentos e, de alguma forma, esse dinheiro precisa retornar para que seja possível continuar produzindo mais conteúdo. Não pagar por mais nada e esperar que tudo esteja disponível sempre de maneira gratuita é como dar um tiro no pé.

O consumo consciente e a valorização dos criadores são elementos necessários e, como todo trabalho, o esforço intelectual e artístico também precisa ser remunerado. Por isso, sempre que possível, procure valorizar as obras que você realmente julga relevantes ou que fazem a diferença na sua vida.

O debate tem amplas possibilidades e ouvir todos os pontos de vista antes de colocar em vigor alguma lei que coíba esse tipo de iniciativa também é fundamental. Ser extremista em qualquer uma das circunstâncias, cobrando por tudo ou não pagando por nada, só contribuirá para que ou a indústria ou os consumidores percam as condições de continuar produzindo e comprando, respectivamente.

É justamente no equilíbrio entre as duas formas de distribuição de conteúdo que, certamente, iremos encontrar uma alternativa viável, capaz de manter a indústria funcionando e remunerando de maneira justa seus artistas. Para isso, não é preciso fazer com que o consumidor gaste quantias além do orçamento para ter acesso a opções de qualidade em se tratando de entretenimento.

Fonte: Tecmundo

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