Cana-de-Açúcar - 05
Cana-de-Açúcar
É uma gramínea (Saccarum offinarum L.) originária da Ásia. Hoje, os maiores produtores são Brasil, Índia, Cuba México e China.
A cana-de-açúcar é cultivada em todos os Estados brasileiros, mas é no Estado de São Paulo que se concentra a maioria das lavouras dessa cultura: são mais de 40% da área de cana no Brasil. No Nordeste, Pernambuco tem 20% e Alagoas, 17%. Minas Gerais e Rio de Janeiro juntos têm 15% da área plantada.
A importância econômica da cana-de-açúcar é grande , visto que ela produz diversos alimentos para o homem e para animais, isso sem falar, no caso brasileiro, da produção de álcool combustível para a indústria automobilística.
A cana-de-açúcar é uma planta semiperene.
O seu sistema radicular compreende:
Raízes temporárias (o primeiro órgão da planta que se desenvolve duras menos de trinta dias), que suprem a planta de alimento no primeiro dia estágios do seu desenvolvimento.Raízes permanentes que partem do ponto abaixo do colo e acompanham a planta durante toda sua vida.Raízes, adventícias ou aéreas que partem dos primeiros nós do colmo.
Clima
A diversidade de climas determina períodos de plantio e colheita distintos para as diversas regiões. Em São Paulo, de modo geral, planta-se de outubro a março e colhe-se de maio a outubro; enquanto no nordeste o plantio se faz de julho a novembro e a colheita de dezembro a maio. A cana-de açúcar exige calor e umidade. Sem essas condições não produzirá bem. A melhor temperatura para a cana é de 30 a 34°C. Abaixo de 20°C o crescimento é muito lento. Acima de 35°C também é lento, e além de 38°C é nulo.
Solo
Para a formação dos canaviais são preferíveis os solos aluvionais, localizados nas baixadas, planos, profundos, porosos e férteis. Solos ácidos ou salinos não servem.
É preciso fazer a análise e a correção do solo quando isso for necessário. Alguns pesquisadores concluíram que a produtividade dessa cultura é excelente quando cultivada em solos com pH entre 7 e 7,3.Segundo a Emater-PA, a cana se desenvolve bem em solos de pH 5,5 a 6,5 e exige correção em caso dos solos mais ácidos. A preparação do terreno é um dos suportes básicos para um bom rendimento da cultura de cana. O emprego da mecanização em todas as fases de operação agroindustrial vem sendo intensificado, embora a atividade açucareira seja das que dificilmente prescindirão de mão de obra.
Variedades
As principais variedades de cana são as que mais produzem sacarose, mas com o ataque do mosaico foi necessário fazer cruzamentos para encontrar variedades resistentes às doenças.
Esses cruzamentos foram feitos, principalmente, entre as espécies Saccharum officinarum L. e Sacharum spontaneum L. Atualmente, existem numerosas variedades criadas pelos institutos de pesquisas. A escolha é indicada pelas características do lugar de plantio. Sem esses cuidados a produção poderá não ser a esperada.
Plantio
O processo mais utilizado no plantio é o de sulcos, principalmente nas grandes áreas, mas pode-se plantar por covas. No caso do sulcamento o plantio é mais rápido e facilita as operações de irrigação. Deve-se efetuar o plantio entre 30 a 40 cm de profundidade.
A cana-de-açúcar desenvolve-se melhor se o terreno estiver limpo. Por isso, é importante fazer capinas regularmente. As plantas invasoras prejudicam a cultura da cana, pois competem com ela na retirada dos nutrientes do solo. Quando há falta de chuvas, alguns técnicos aconselham a escarificação do solo, para afofá-lo e manter a sua umidade.
A cobertura morta também traz benefícios para a cana-de-açúcar: age contra as altas temperaturas e os ventos, que ressecam os terrenos. Além disso, protege o solo contra a erosão. No Nordeste a irrigação é importante para que o canavial se desenvolva bem.
A cana-de-açúcar é exigente quanto à umidade: ela precisa de 1 500 mm de chuvas anuais. Como no Nordeste quase nunca chove com essa intensidade, aconselha-se irrigar a lavoura artificialmente por meios dos vários sistemas já conhecidos (aspersão, por exemplo).
Pragas e doenças
Entre as pragas, a broca (Diatraea sacharalis, Diatraea spp) é a mais grave e comum em todas as regiões. Seu controle tem sido tentado fundamental mente por meio dos inimigos naturais criados artificialmente ou importados. Os principais inimigos usados no controle biológico tem sido a mosca-do-amazonas (Metagonistylum minense T.), a Parathesia claripalpis W., Lixophaga diatraea e Apanteles flavips C. Na região Nordeste, a broca-ghigante (Casthia licus) assume grande importância, pelos altos prejuízos que pode causar. Igualmente nessa região, bem como em Campos (RJ), as cigarrinhas (Mahanarva posticata e M. fimbriolata) se destacam entre as pragas, ao passo que em São Paulo apenas na região de Ribeirão Preto essa praga provoca problemas sérios.
O controle biológico, com o fungo Metarhizium anizoplae tem dado os melhores resultados. Levantamentos recentes indicam o grande perigo de nematóides, principalmente dos gêneros Melodoigine e Pratylenchus, notadamente em solos arenosos de baixa fertilidade. A mucuna-preta, uma leguminosa, tem-se mostrado muito eficiente no controle dos nematóides. A ocorrência de outras pragas, como lagartas, afídeos, cupins, formigas, etc., tem sido registrada, porém com importância local e esporádica.
Por ordem de importância, estas são as principais doenças predominantes na região Centro-Sul: mosaico, raquitismo-da-soqueira, carvão, escaldadura, mancha-ocular, estria-vermelha, podridão-abacaxi e podridão-vermelha. O melhor meio de combater essas doenças é plantar variedades resistentes, já desenvolvidas por institutos de pesquisa.
Adubação
Antes de fazer a adubação, é necessário analisar o solo para saber quais suas características e os elementos carentes. Não existe receita exata, mas algumas experiências demonstraram que a cana-de-açúcar é muito exigente em elementos minerais. As plantas necessitam de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, zinco, cobre, ferro, manganês, boro, vanádio e cloro.
Desses, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os mais importantes, mas é preciso prestar atenção aos micronutrientes: embora em pequenas quantidades eles são necessários.
A matéria orgânica do solo pode ser considerada como importante fator da produtividade agrícola, pela influência que exerce sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Em Ponte Nova (MG), estudos dos efeitos da adubação orgânica (esterco de curral) e mineral efetuada por ocasião do plantio, na produção de cana (planta e soca), concluíram que, individualmente, as duas adubações resultaram na mesma eficiência, mas que, quando aplicadas em conjunto, houve melhor resposta na produção.
Adubação verde
A Adubação verde é fundamental para recuperar solos de baixa fertilidade e elevar a produtividade da cana-de-açúcar. Os adubos verdes comumente utilizados na biofertilização são as leguminosas, pois contêm mais nutrientes e produzem grande volume de massa verde, fixando ainda nitrogênio no solo.
Consorciação
Quando se criou o Proálcool, imaginava-se que o aumento da produção de cana se faria pela incorporação de novas áreas que alargariam a fronteira agrícola. Mas o que aconteceu no início foi a expansão da cultura de cana em áreas tradicionais, que anteriormente produziam alimentos.
O resultado foi uma redução da produção de alimentos. Uma alternativa vantajosa para os produtores é a consorciação ou a rotação de cana-de-açúcar com feijão, milho, amendoim, soja ou outra cultura.
A consorciação com feijão já é tradicional em alguns lugares, como no norte do Estado do Rio. Segundo a Embrapa, o sistema mais adequado para esse consórcio é a semeadura do feijão quinze dias depois do plantio da cana, em duas linhas, a 25 cm de distância do sulco de cana.
Ainda, segundo a Embrapa, com esse consórcio há uma redução de 35% nos custos da plantação do canavial. Na região de Ribeirão Preto, com tecnologia desenvolvida pelo Instituto do Açúcar e do Álcool e Planalsucar (IAA/Planalsucar), as rotações de cana/soja e cana/amendoim têm possibilitado redução de 50% dos custos da renovação da cana. Nessa região, renovam-se anualmente 60 000 há de cana, metade dessa área utilizada para rotação com outras culturas, principalmente o amendoim. Isso a tornou uma das maiores produtoras de amendoim do Estado de São Paulo, que é o grande produtor brasileiro. Além das vantagens econômicas, a rotação e a consorciação de culturas com a cana oferecem muitos benefícios indiretos, como a possibilidade de manter o empregado na época da entressafra; a diminuição da erosão do solo, que passa a ter uma cobertura vegetal mais intensa e por um período maior; a incorporação de matéria orgânica ao solo; a fixação de nitrogênio no solo, em caso de rotação ou intercalação com leguminosas; e a redução de invasoras.
Cultivo mínimo
Com o grande desenvolvimento da indústria química durante a Segunda Guerra Mundial, mais especificamente com o surgimento dos herbicidas, tomou corpo a idéia do cultivo mínimo, já existente há tempos. Era uma idéia não muito bem aceita entre os produtores porque proporcionava produções menores do que a obtida pelos métodos convencionais.
A expressão cultivo mínimo pode dar uma idéia um pouco irreal dessa técnica de plantio, que consiste num preparo mínimo do solo para o plantio controlando-se as invasoras sem revolver o solo. O método tornou-se mais viável na cana-de-açúcar com a descoberta de um herbicida sistêmico, não seletivo, de absorção foliar e não residual, que permite eliminar a soqueira antiga para a implantação do cultivo mínimo nas áreas de reforma de canaviais. Basicamente, o que se faz é eliminar a soqueira da cana usando-se herbicida e em seguida, sulcar a terra nas entrelinhas para o novo plantio.
Como o herbicida é caro no Brasil, há quem faça uma aplicação em quantidades menores, completando a destruição da soqueira com o arrancador de soqueira trabalhando a pequena profundidade. A diferença básica entre o cultivo mínimo e o plantio direto é que neste (plantio direto) não se faz a sulcação da terra para o plantio.
As vantagens do cultivo mínimo em relação ao tradicional são a possibilidade de plantio em épocas chuvosas (o que pode significar a antecipação do plantio em até alguns meses); a utilização mais intensa da área de plantio, já que o intervalo entre a colheita e o replantio é menor; a redução da erosão; a redução do uso de máquinas, implementos e combustível; a eliminação mais eficiente da soqueira antiga e o controle de invasoras problemáticas, como a tiririca e a grama-seda. Mas é preciso lembrar que o cultivo mínimo não pode ser feito em áreas que precisam de calcário nem onde há necessidade de mudar o alinhamento das ruas.
Colheita
É na colheita, carregamento e transporte que se nota um aumento da utilização da mecanização na lavoura canavieira. Só em São Paulo, o número de colheitadeiras de cana-de-açúcar já ultrapassa trezentas unidades. De qualquer maneira, esse número é pequeno em relação à área plantada com essa lavoura. A introdução da colheita mecanizada está exigindo uma reformulação de todas as práticas culturais, para adaptar as lavouras ao novo sistema. Ao lado do crescente índice de mecanização, o corte da cana ainda é predominantemente manual, com o carregamento mecânico. Já se faz plantio mecanizado, distribuição de mudas com caminhões ou carretas e adubação por cobertura com tratores.
Em muitas regiões, as operações de distribuição de mudas são ainda totalmente manuais. Fora os cultivos mecânicos, grande parte das aplicações de fertilizantes e herbicidas está sendo feita por aviões. Os estímulos econômicos instituídos com a expansão da agroindústria açucareira e com o Proálcool deverão promover uma rápida modernização da tecnologia empregada na produção de cana-de-açúcar e seus derivados, o que pode ser muito positivo mas se for feita de maneira indiscriminada pode ter graves conseqüências: sendo uma agroindústria que utiliza muita mão-de-obra, um aperfeiçoamento tecnológico que dispense grande número de trabalhadores gerará, com certeza, problemas sociais. A produtividade média brasileira era, em 1983, de 60 842 kg/há cana. A maior produtividade é conseguida no Estado de São Paulo (74 192 kg/há).
De poluente a adubo
Quando jogada nos rios, a vinhaça ou vinhoto, um subproduto altamente poluente da indústria do álcool, rouba o oxigênio da água. Como a quantidade de vinhaça produzida é muito grande (11 1 por litro de álcool), ela se constitui em problema para muitos usineiros, que são proibidos de jogá-la nos rios. Costuma-se dizer que ela mata os rios. Mas a vinhaça pode substituir com vantagem os adubos potássicos para as culturas de milho, soja, citros, café e da própria cana.
E sem nenhum custo, a não ser o transporte. Mas a aplicação deve ser feita de forma correta e ordenada, pois do contrário pode provocar danos irreparáveis, segundo os técnicos do Instituto de Campinas, que pesquisam a vinhaça desde 1979.
Um engenheiro pernambucano, Luís Cláudio Gonçalves de Melo, descobriu outra forma de usar o vinhoto como adubo orgânico: jogado numa lagoa artificial, evapora-se a água formando-se uma crosta rica em nitrogênio. Como a base dos fertilizantes para a cana são nitrogênio, cálcio e fósforo, Melo comprou esses dois últimos elementos, que misturou com a crosta de vinhoto, numa betoneira comum, obtendo um excelente adubo.
Composição por 100 g:
Açúcar mascavo: 356 calorias, 0,40 g de proteínas, 51 mg de cálcio, 44 mg de fósforo, 4,20 mg de ferro, 0,02 mg de vitamina B1, 0,11 mg de vitamina B2 e 2 mg de vitamina C.Açúcar refinado: 385 cal e 0,10 mg de ferro.Caldo de cana: 82 calorias, 0,30 g de proteínas, 13 mg de cálcio, 12 mg de fósforo, 0,70 mg de ferro, 0,02 mg de vitamina B1, 0,01 mg de vitamina B2 e 2 mg de vitamina C.
Fonte: fcr.org.br
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