Curiosidades históricas
O Cinto de castidade foi um acessório projetado para ser usado sobre o ventre, envolvendo totalmente os órgãos genitais e trancado ao redor da cintura por cadeado de modo a frustrar, limitar ou restringir a atividade sexual (penetração), orgasmo e a masturbação. Ao mesmo tempo, o cinto de castidade não impede a realização de outras funções fisiológicas, para que a sua utilização por períodos longos ou até indeterminados seja viável.
Os cintos de castidade podem ter sido usados de forma voluntária com a finalidade de proteção contra estupro, para evitar doenças, infidelidade ou ainda para eliminar a "possibilidade de o usuário cair na tentação e pecar (luxúria)" dentro de preceitos cristãos, e se auto-flagelar dentro de um contexto religioso rigoroso.
Podem ter sido usados de forma obrigatória, com o intuito de torturar fisicamente ou psicologicamente inocentes, para intimidar, punir, coagir ou para obter falsas confissões.
Alguns pesquisadores consideram o uso de cinto de castidade na Idade Média como falácia, isto é, sem comprovação.
De qualquer forma, embora seja contrário ao senso comum, os cintos de castidade não são coisas de um passado remoto. Não são só objetos de museu, não caíram em desuso e nem estão extintos, mas continuam sendo produzidos, vendidos e utilizados hoje em dia, principalmente por homens, porém em um contexto totalmente diferente.
Ao longo dos anos foram criados e aperfeiçoados vários dispositivos, tanto para mulheres quanto para homens, buscando melhorias ergonômicas como segurança, higiene, tamanho e conforto para possibilitar o uso contínuo e indeterminado com maior garantia de eficácia e discrição.
Provavelmente foi na Europa da Idade Média onde se tem notícia que surgiram os primeiros modelos de cintos de castidade femininos, possivelmente na Itália, na cidade de Carrara, há aproximadamente seiscentos anos atrás e depois na França, Inglaterra e até na Península Ibérica. Mas alguns estudiosos alegam que esses objetos surgiram apenas no início do século XIX.
Há alguns registros de uso de dispositivos de castidade no Japão e Índia feitos de cordas e complexas amarrações. Não há registros de cintos masculinos naquela época, apenas existiam modelos femininos, sempre usados como forma severa de opressão sexual contra atos de traição a seus cônjuges.
A submissão feminina ao cinto não era sempre consensual e havia um viés religioso intrínseco ao uso do aparato. O seu uso era compulsório, bastante desagradável e degradante à mulher, porém era justificado como forma de dominação, mortificação ou para evitar infidelidades, estupros ou o conceito cristão de "pecado da carne" e a "queda ao inferno".
A mulher escondia o cinto de castidade da sociedade da época por debaixo das volumosas saias e vestimentas para evitar embaraço ou zombaria.
Possivelmente, durante a Inquisição, no tempo das Cruzadas e na época das Grandes Navegações, como os homens costumavam se ausentar por meses, anos ou até mesmo por décadas, cuidando de diversos interesses pessoais, religiosos ou do Estado, muitos deixavam as suas esposas, concubinas, filhas ou prometidas desprotegidas, sozinhas e disponíveis ao chamado "pecado" (um conceito cristão de transgressão às severas leis impostas pela Igreja) ou a outros pretendentes. A invenção do cinto de castidade feminino representava uma possibilidade de controle à distância e garantia de posse, em uma sociedade bastante primitiva nas questões das liberdades individuais e direitos da mulher e do homem. Não é de se espantar que na mesma época a prática da escravidão fosse aceita pela sociedade, religião dominante e era praticada amplamente nas colônias como forma de exploração da mão-de-obra de negros e nativos.
Naquela época a abstinência sexual voluntária ou negação do prazer foi considerada como pureza, um tipo de virtude desejável (hoje em dia em algumas culturas e situações esse conceito permanece). O prazer sexual feminino e masculino, liberdade sexual em muitos lugares, inclusive no interior do Brasil, é visto ainda como um tabu ou violação de preceitos de pureza ou rebeldia contra os fundamentos basilares da cultura judaico-cristã. O conceito do "pecado original" e a mitológica "queda de Adão" estão intimamente correlacionados com a bíblica "descoberta do conhecimento do bem e do mal". O prazer sexual feminino é tabu, ou seja, a mulher foi pretensamente a "causadora de todo o mal", pois, segundo a mitologia judaico-cristã, "detém o poder da sedução, recebendo a culpa por atentar contra a pureza da criação". Dessa forma, o uso do cinto, poderia ser justificado e tornado obrigatório e não poderia ser contestado, caso fosse requerido. Não cabia ao homem se educar, conter os seus instintos e desejos sexuais, mas a mulher deveria ser tolhida e se sacrificar para evitar a consumação de atos considerados "libidinosos".
Além de garantir a "virgindade" de forma cruel, o uso do cinto pretensamente "evitava" a disseminação de doenças venéreas, gravidez, estupro e a masturbação. Provavelmente o uso do cinto de castidade também se tornou uma forma de castigo, uma punição para mulheres adúlteras, excessivamente libidinosas ou por pura crueldade ou até por sadismo pervertido. De qualquer forma o uso de cintos foi aceito socialmente como uma forma de controle feminino, com aval religioso e aceitação em conventos, mosteiros e outras instituições religiosas e sociais.
Fonte: Wikipédia
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