A Polícia Federal encaminhou ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido de autorização de coleta e mais duas testemunhas a fim de esclarecer pontos na investigação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No documento encaminhado ao STF no dia 15 de abril, o delegado da Polícia Federal Thiago Machado Delabary esclarece ao ministro o andamento das diligências referentes ao inquérito do qual Cunha é alvo, e pede a extensão de prazo de 60 dias. É pedido ainda que sejam ouvidos o advogado Francisco José Reis, e o presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani, pai do líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani. Um endereço atribuído a Reis, que é ex-assessor de Jorge Picciani, é apontado como um dos destinos de entrega de dinheiro proveniente do esquema de corrupção apurado na Lava Jato.
A solicitação feita pela PF ainda não foi deferida por Zavascki. Diante de um desentendimento entre a polícia e a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a condução das investigações da Lava Jato, os pedidos de extensão de prazo feitos pela PF foram indeferidos pelo STF e as oitivas marcadas para os dias 16 e 17 de abril foram suspensas. A prorrogação de prazo deve ser atendida pelo ministro relator do Supremo na próxima semana. A PGR encaminhou entre segunda e quarta-feira desta semana pedidos de prorrogação de prazo ao STF para cumprimento das diligências.
De acordo com a PF, entre os pedidos de diligências solicitados no inquérito que tem Cunha como alvo foi realizada a oitiva da ex-deputada federal Solange Pereira de Almeida, hoje prefeita da cidade de Rio Bonito (RJ). Solange abriu, em julho de 2011, dois requerimentos junto à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, pedindo auditorias no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério das Minas e Energia para apurar a relação da Petrobras com a empresa Mitsui.
A Procuradoria suspeita que as representações feitas por Solange tenham sido arquitetadas por Cunha, com base em depoimento do doleiro Alberto Youssef. De acordo com o delator, o presidente da Câmara seria um dos beneficiários das propinas vindas do esquema envolvendo contrato de aluguel de um navio-plataforma das empresas Samsung e Mitsui. Ele teria encomendado os pedidos de auditoria dos contratos após o pagamento de propina ter sido suspenso. Cunha tem negado qualquer favorecimento no esquema.
Em depoimento prestado na prefeitura de Rio Bonito em 18 de março, Solange diz que "não se lembra" das motivações que a fizeram assinar os requerimentos apresentados à Comissão, dizendo ainda que o tema de tal requerimento envolvendo a Petrobras "não se inseria em suas pautas de atuação parlamentar; que suas pautas principais eram a saúde pública, havendo fundado a frente parlamentar em defesa dos hospitais universitários".
A prefeita diz ainda ter uma boa relação com Cunha, mas nega que o presidente da Câmara tenha pedido que ela formulasse o requerimento sobre a Petrobras.
Fonte: UOL (Com Estadão Conteúdo)
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