quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

ARTIGO: CONTOS DE FADAS - FUNDAMENTAL É DESPERTAR NAS CRIANÇAS O GOSTO PELA LEITURA

CONTOS DE FADAS
Fundamental é despertar nas crianças o gosto pela leitura

Os contos de fadas encantam e cativam crianças até os dias de hoje, com suas histórias fantásticas que, de uma forma indireta, as ensinam a aceitarem o medo, a perda, a conhecer o amor, o valor de uma amizade... Sem falar, é claro, das bruxas, fadas, lobos maus, príncipes encantados, princesas e tantos outros personagens que aparecem, geralmente para nos oferecerem alguma mensagem.
Os contos de fadas apresentam sempre um mundo de fantasia, às vezes, distante da realidade das crianças, outras, bem próximo, mas que alimentam seus sonhos e, por isso, fazem tanto sucesso.
A criança fica tão envolvida com a história que nos pede para repetí-la uma, duas, três vezes, quantas ela achar necessário. E é através dessas histórias que elas vão trabalhando dentro das suas cabecinhas e dos seus coraçõezinhos certos conflitos, buscam soluções, procuram respostas para aquilo que não está bem. O interessante, nesses casos, é que a criança pode se identificar com o personagem, transferir todos os seus conflitos para aqueles vividos na história, e por isso pede para repeti-la. Quando o problema estiver resolvido, ela simplesmente não pedirá mais esse conto. E nós, como professores, possuímos a difícil tarefa de ajudá-la a encontrar significados na vida.
A criança se envolve tanto com os contos de fadas que, muitas vezes, começa a viver como os
personagens. Quem nunca sonhou em virar uma Cinderela, ter uma carruagem e um lindo vestido e encontrar seu príncipe encantado, ou ser como Peter Pan, viver na Terra do Nunca e ser criança sempre? Todo esse processo faz parte da imaginação, da fantasia vivida durante a contação de história. Os assuntos tratados nos contos são reais, tais como os medos que a criança pequena enfrenta: medo do escuro, do cachorro, da mãe deixá-la na escola e não buscá-la mais, etc., medos que fazem parte da nossa vida e, de uma maneira ou de outra, aprendemos a enfrentá-los. E é claro, não se poderia deixar de falar no amor, presente nas histórias, o amor que um Príncipe, muito rico e bonito, sentiu ao ver pela primeira vez a jovem menina que calçava um delicado sapatinho de cristal e que atendia pelo nome de Cinderela. Esse mesmo amor aparece no conto da Branca de Neve, escrito pelos irmãos Grimm, onde uma linda jovem está adormecida em uma redoma de vidro na floresta e aparece um Príncipe que com um simples olhar se apaixona pela moça e com um beijo a faz acordar.
Existem temas polêmicos como na história contada pelos Grimm, Chapeuzinho Vermelho, onde a menina muito ingênua pára para conversar com o Lobo, sem saber que ele é mau, e acaba colocando a vida da sua vovozinha em risco. Esse conto mostra para a criança que não devemos falar com estranhos, que não se pode confiar em qualquer um... Encontramos temas como a fome, a carência, tanto alimentar como afetiva, tratada no conto João e Maria, também dos Grimm, onde, por falta de dinheiro, o pai e a madrasta deixam os dois filhos na floresta sozinhos,
para não vê-los morrer de fome. Só quando encontram a casa da bruxa, repleta de guloseimas, é que as crianças se acalmam, sem saber que os seus problemas estão apenas começando. Já o conto O Patinho Feio escrito por Andersen nos fala da diferença – de que não somos todos iguais – e faz com que a criança encontre a sua identidade, que perceba o quanto é capaz, que somos iguais como seres humanos mas cada um tem sua personalidade e individualidade, seu modo de ser.
Os contos de fadas ensinam as crianças a enfrentar os sentimentos, seja de perda, angústia, medo ou amor. Eles mostram que tudo passa, que sempre há uma Fada Boa (mãe, amigos, professora...) que nos ajuda a resolver os problemas, e que existem Lobos Maus (ladrões, seqüestradores...), que devemos tomar cuidado ao sairmos à rua e, o mais importante, que sempre teremos o amor de alguém, seja de um Príncipe Encantado (namorado) ou de um Pai (família), e que ela (fada) existe. Transmitem importantes mensagens, lidando com problemas humanos, encorajando o desenvolvimento e ao mesmo tempo aliviando preocupações.
A mensagem que os contos querem passar às crianças é que existem coisas na vida que são inevitáveis. Enquanto diverte, o conto está esclarecendo fatos sobre a própria criança, favorecendo o desenvolvimento da sua personalidade. Eles possuem a magia de nos falar em tristezas, desconfortos, revelações, amor, amizade... de uma forma prazerosa e aceitável. Tratam
da vida e da morte, da dificuldade que é deixar de ser criança e começar a ser adulto. Cultivam a
esperança, o sonhar, o acreditar naquilo que se deseja e, o mais importante, não nos tiram a ilusão de que existem finais felizes. Por isto nós, professores, temos o dever de levar para dentro
das salas de aula os contos de fadas, proporcionando aos nossos alunos momentos de fantasia, pois dessa forma também estarão criando o prazer pela leitura.
Uma história para prender a atenção das crianças e despertar a sua curiosidade deve estimular a sua imaginação. Ela vive os personagens. Ao explorarmos os contos de fadas com as crianças, estaremos ajudando-as a desenvolverem o seu intelecto, a tornarem claras suas emoções; estaremos oferecendo-lhes meios para reconhecerem suas dificuldades e, ao mesmo tempo, deveria ser uma atividade diária, alguns minutos durante a rotina, o ouvir por prazer. Não são necessárias cobranças após o conto, tais como desenhar a parte que mais gostou, fazer fantoches ou dramatizações.
O importante é ouvir, entender, fantasiar, discutir, perguntar, dar palpites, sugerir, opinar e, finalmente, gostar de ouvir para posteriormente gostar de ler.
O que pode e deve mudar, sim, é a maneira de contar histórias, bem como o tipo de recursos complementares do livro (fantoches, gravuras, varetas, avental, painel, entre outros), de modo que as crianças criem expectativas antes da audição do conto.
O que devemos fazer é proporcionar aos nossos alunos momentos de prazer. Só assim teremos adultos mais felizes e crianças leitoras.

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