Em um vídeo de cerca de seis minutos disponível no YouTube, Peter Brabeck-Letmathe, presidente do grupo Nestlé, afirma que o acesso à água deveria deixar de ser um direito humano universal e ela deveria passar a ser tratada como bem privatizado. De acordo com o empresário austríaco, a percepção de que a água é um bem “livre” faz com que ela seja desperdiçada. O vídeo com as declarações de Brabeck foi postado em agosto do ano passado, mas ganhou destaque em blogs e nas redes sociais a partir do último domingo (21).
No vídeo, o CEO do grupo Nestlé afirma ainda que as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que lutam pelo acesso livre à água no mundo são “extremistas”. Para ele, os governos deveriam assegurar à população apenas quantidades mínimas de acesso gratuito à água para beber e uso para higiene pessoal, deixando qualquer consumo superior a partir de um modelo de negócios gerido por empresas privadas. Deste modo, a água passaria a ter valor de mercado estabelecido por aspectos econômicos.
O grupo Nestlé é líder mundial no comércio de água e de alimentos. Dados da própria empresa, divulgados no documento intitulado “Consolitaded Financial Statements of the Nestlé Group 2012” mostram que, apenas em 2011, o grupo arrecadou 68,5 milhões de euros. Do total arrecadado, 8% provém da venda de água engarrafada.
No Brasil, a empresa vem sendo alvo de polêmicas por conta de sua atuação em Minas Gerais. Em agosto do ano passado, mesma época da divulgação do vídeo com as declarações do CEO, a organização Circuito das Águas fez uma denúncia contra a empresa, que chegou a ser publicada pelo jornal Correio da Cidadania. De acordo com a denúncia, além de não possuir licença ambiental até 2004 para operar em um parque de onde retira água dos lençóis subterrâneos, a empresa realiza uma operação de desmineralização da água – o que é proibido pela Constituição.
Fonte: GGN
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