Pênis com curvatura muito acentuada deve ser avaliado por urologista.
Na doença de Peyronie, o tecido elástico normal de parte do órgão é substituído por um tecido cicatricial – placa ou nódulo – e o membro fica muito “torto”.
Relativamente desconhecida da maioria das pessoas, a síndrome ou doença de Peyronie geralmente manifesta-se com o surgimento de fibroses no pênis que podem dar origem a deformidades, como curvatura muito acentuada, afinamento do membro, redução do seu tamanho ou mesmo acinturamento do pênis. Apesar da revolução sexual dos anos 1960 e do acesso relativamente fácil às informações sobre saúde e sexualidade, muitos jovens não sabem exatamente o formato de um pênis normal, o que, às vezes, pode levar a uma demora no diagnóstico dessa condição.
Embora a doença de Peyronie seja mais frequentemente detectada em homens com idade avançada, em geral dos 50 aos 70 anos de idade, sua ocorrência também pode se dar em jovens adolescentes. Pesquisas mais recentes sugerem que não existe uma faixa etária mais “exclusiva” para sua incidência e que a estatística é de que cerca de 10% dos adultos com mais de 40 anos poderão apresentar em seus pênis as cicatrizes responsáveis pela mudança no formato do órgão que acabam lhe conferindo a curvatura indesejada. Entre eles, apenas uma parcela, de fato, tem necessidade de visitar um médico urologista por conta dessa situação.
Ao mesmo tempo, por ignorar que são portadores de deformidade (a curvatura peniana ou “pênis torto”), muitos pacientes já chegam ao especialista depois de haver sofrido traumas prejudiciais ao seu desenvolvimento sexual e psicossocial. Isso pode acarretar obstáculos futuros para a manutenção de uma relação sexual, inclusive contribuir para o surgimento de disfunção erétil, como a popularmente conhecida “impotência”. Alguns pacientes que se queixam de estarem “impotentes”, na verdade, não percebem que esses sintomas estão relacionados à doença de Peyronie.
É comum que, na juventude, o homem se preocupe muito quanto ao tamanho e formato de seu órgão sexual, especialmente com relação a seu tamanho, dadas todas as questões culturais que estão implicadas aí, como a associação recorrente entre essas características e a potência sexual do indivíduo. É preciso destacar que pequenas variações quanto à curvatura devem ser consideradas normais. O limite da normalidade é que o formato do órgão não se torne um estorvo capaz de atrapalhar o sujeito psicológica e funcionalmente.
"...o maior problema de ser portador da doença de Peyronie, além da questão estética, é a dificuldade ou mesmo a inviabilização da penetração durante o ato sexual. "
Do ponto de vista funcional, o maior problema de ser portador da doença de Peyronie, além da questão estética, é a dificuldade ou mesmo a inviabilização da penetração durante o ato sexual. Além da dificuldade da penetração, também causa desconforto a facilidade com que o membro “sai” ou “escapole” durante o intercurso. É comum que esse pênis facilmente se dobre ou se comprima contra o períneo ao se deslocar do interior da vagina durante o ato sexual, o que pode causar muito desconforto e constrangimento tanto ao homem quanto à sua parceira, provocando dores e tornando a relação uma experiência frustrante para o casal.
EREÇÃO
A ereção é o nome dado ao fluxo sanguíneo temporariamente aumentado e armazenado no pênis, que faz com que o membro fique elevado e aumentado em seu tamanho. A chamada vasocongestão nessa e em outras áreas corresponde à resposta sexual masculina primária à estimulação sexual.
O membro masculino é composto de três massas cilíndricas de tecido erétil, ou seja, passível desse intumescimento causado pelo aumento do fluxo sanguíneo na região: dois corpos cavernosos, localizados lado a lado e no alto, o corpo esponjoso uretral, que transmite a uretra. As extremidades distais dos corpos cavernosos formam a glande ou “cabeça” do pênis. Os corpos cavernosos expandidos se estendem pela linha mediana até o ponto de entrada da uretra prostática, sendo recobertos por um tecido de músculo esquelético que é denominado de bulbo cavernoso.
"...o pênis só apresenta curvatura durante o estado da ereção, que é quando os tecidos estão esticados."
É preciso destacar que o pênis só apresenta curvatura durante o estado da ereção, que é quando os tecidos estão esticados. Para que a ereção seja “reta” ou mais uniforme no comprimento e diâmetro do membro, é imprescindível que todos os tecidos que formam o pênis tenham aproximadamente a mesma capacidade elástica. No caso dos pacientes mais jovens, um pênis curvo ou torto pode ser devido a uma menor elasticidade dos tecidos por sobre a túnica albugínea ou menor elasticidade da própria túnica.
Normalmente, no caso dos jovens, essa menor elasticidade é congênita, mas ela pode aparecer associada à doença de Peyronie também. Na segunda hipótese, o tecido elástico normal da túnica albugínea é substituído por um tecido cicatricial (um nódulo, ou uma placa). Se no pênis saudável, com a ereção, a membrana elástica expande e se alonga simetricamente, resultando numa ereção reta, na doença de Peyronie, por conta da existência de placa ou nódulo – cicatriz palpável na maior parte dos casos – a membrana tem menor elasticidade e o pênis entorta ao se tornar mais ereto. Pode ocorrer ainda de a doença se evidenciar como uma constrição da túnica, o que leva ao indesejável efeito de afinamento do órgão.
TRATAMENTOS
A boa notícia é que a doença de Peyronie tem tratamento. Em quase metade dos pacientes, a doença pode involuir espontaneamente. O tratamento clínico tem sido tentado, mas os seus resultados ainda são controvertidos e ainda não sabemos verdadeiramente se esse tratamento surtirá efeito. Eles podem ser clínicos, ou seja, através do uso de medicamentos, ou cirúrgicos, num procedimento para correção da curvatura peniana. Para um melhor diagnóstico, escolha do método terapêutico a ser utilizado e consequente obtenção do melhor resultado torna-se indispensável uma avaliação rigorosa com um médico urologista especializado. Nisso residem as chances de êxito no tratamento da doença.
Os melhores resultados, frutos de tratamento clínico, são alcançados na fase inflamatória da doença, que pode ou não vir associada à sensação de dor no pênis e, quando as placas fibrosas ou deformidades penianas – seja a curvatura, redução do tamanho peniano, ou seu afinamento – ainda não se consolidaram, estando ainda não estáveis por conta do aparecimento de novas placas. Entre os principais medicamentos usados nessa linha terapêutica, temos o paraaminobenzoato potássio (potaba), a vitamina E, a colchicina e três injetáveis: o verapamil, o interferon e o xiaflex (injetável) – este último ainda em caráter de teste para Peyronie.
É importante que o paciente converse atentamente com seu urologista, fazendo todas as perguntas que sentir necessidade até estar seguro em relação ao seu atendimento e à metodologia de tratamento que venha a ser proposta. Por conta de todos os tabus envolvendo o órgão sexual masculino, a doença de Peyronie é muito pouco conhecida e o resultado é que poucas pessoas conhecem ou procuram falar a respeito, um silêncio que deve ser rompido.
Em alguns casos, após a avaliação do especialista, chega-se à situação em que não há indicação de tratamento clínico com medicamentos e pode ser necessário o tratamento cirúrgico. As técnicas cirúrgicas comumente utilizadas para tratamento da doença de Peyronie levavam a uma diminuição do tamanho do pênis, por retirar tecido da parte longa do pênis para “compensar” ou igualar a parte curta. Esse procedimento corrige a curvatura peniana mas pode levar à insatisfação dos pacientes por conta da redução do tamanho do órgão. Há, no entanto, outras técnicas que buscam proporcionar o máximo possível de recuperação do tamanho do pênis (a partir da recuperação do tamanho do pênis que havia sido diminuído pela doença).
As cirurgias em geral são rápidas, com mínimo desconforto, cicatriz discreta e rápida recuperação, sendo realizadas com anestesia local e sedação, para que o paciente durma durante o procedimento. A alta hospitalar pode ser dada no mesmo dia e o paciente pode retornar às suas atividades normais de trabalho ou estudo em até três dias (não para as atividades físicas).
CURIOSIDADES
* Em alguns casos, o paciente já apresenta a curvatura no pênis desde jovem. Isso pode ocorrer por desproporção congênita entre o crescimento do corpo cavernoso. Essa condição congênita difere da doença de Peyronie e é chamada “pênis curvo do jovem”. O tratamento cirúrgico para o pênis curvo congênito é semelhante ao da doença de Peyronie.
* Nos pacientes que têm a doença de Peyronie, pode-se ou não sentir um nódulo ou uma área de cicatriz no corpo do pênis. Às vezes, essa condição é também associada à presença de dor e, em alguns casos, as ereções podem agravar esse quadro.
* A firmeza de uma ereção depende da manutenção de uma alta pressão nos corpos cavernosos, o que, por sua vez, depende das condições das veias penianas. O sistema de vazão do sangue deve se fechar para que ele não “retorne”. Quanto isso acontece, a ereção não se mantém.
* A “impotência vasculogênica” é um distúrbio sexual que está relacionado a essa condição, que pode ser resultado de um problema nas artérias do pênis, que vão ficando progressivamente obstruídas.
* São outros nomes populares da doença de Peyronie: síndrome de Peyronie, mal de Peyronie, curvatura peniana, curvatura no pênis, pênis torto, pênis curvo, calo no pênis, fibrose no pênis etc.
* O uso de aparelhos com o intuito de aumentar o tamanho do pênis pode agravar o trauma que resulta na formação da placa, o que só ajuda a piorar o quadro.
* A incidência da doença de Peyronie é maior entre portadores de diabetes mellitus.
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