domingo, 16 de outubro de 2016

Contos INFANTIS - LÍNGUA PORTUGUESA

CONTOS INFANTIS



No tempo que os bichos falavam



Houve um tempo em que os bichos falavam como, por exemplo, os ratinhos que moravam num buraco da parede da cozinha de um lindo palácio.

Os ratinhos estavam muito agitados e preocupados, pois o rei havia colocado um gato grande e forte para tomar conta dos petiscos reais e o tal gato, que não era de brincar em serviço, já tinha devorado vários ratos.

Horácio, muito esperto, considerado o líder dos ratos, subiu em uma caixa de fósforos e falou para os outros que o rodeavam:

- Meus amigos, assim não é mais possível, não temos mais paz e tudo porque o rei resolveu trazer aquela fera para cá. Precisamos fazer alguma coisa, e logo, porque senão esse gato vai acabar com a nossa raça!

Era uma assembléia de ratos e todos estavam empenhados em solucionar o problema que os afligiam: um gato grande e forte que o rei havia mandado colocar na cozinha. Já tinham perdido vários amigos nos dentes afiados da fera: o Provolone, o Roquefort, o Camembert e o pobre Tatá, o mais amado de todos. 

Planejaram, planejaram e não conseguiram chegar a nenhuma conclusão que agradasse a todos. Uns achavam que deveriam matar o tal gato: outros diziam que era impossível: “Como matar uma fera daquelas?”

O líder estava quase convencido de que a sina de seu povo era morrer entre os dentes do gato. Com lágrimas nos olhos, Horácio já ia descendo da caixa de fósforos quando Frederico, um ratinho muito tímido que nunca falava, resolveu dar opinião:

- Como vocês sabem, eu não gosto muito de falar, por isso serei rápido, mas antes vocês vão responder a uma pergunta: por que esse gato é tão perigoso para nós, se somos tão ágeis e espertos?

E Horácio respondeu:

_Ora, Frederico, esse gato é silencioso, não faz nenhum barulho. Como é que vamos saber quando ele se aproximar?

Exatamente como eu pensei. Perdoem-me a falta de modéstia, mas acho que a idéia que tive é a melhor de todas as que ouvi. Vejam só, é simples: vamos arrumar um sino, pode ser até aquele que pegamos dá árvore de Natal. Lembraram? Aquele que achamos bonitinho e que faz barulho enorme?

Os ratos se lembravam, mas não estavam entendendo nada. Para que serviria um sino?
Frederico tratou de explicar:

- A gente pega o sino e coloca no pescoço do gato. Quando ele se aproximar, vamos ouvir o barulho e fugir. Não é simples?

Todos adoraram a idéia. Era só colocar o sino que todos ouviriam o gato se aproximar. Todos os ratos foram abraçar Frederico e estavam na maior alegria quando, de repente, um ratinho que não parava de roer um apetitoso pedaço de queijo, resolveu perguntar:

- Mas quem é que vai colocar o sino no pescoço do gato?

Os ratinhos pararam instantaneamente de conversar e um olhou par o outro à procura de uma resposta. Porém, ninguém teve coragem de se oferecer e todos saíram desanimados e de cabeça baixa. Como não haviam pensado naquilo antes?

Era o fim da alegria dos ratinhos! Teriam de se conformar em morrer entre os dentes afiados do perigoso gato ou pensar em outra solução para resolver o problema.

Filosofia da história:
Não adianta ter boas idéias se não temos quem as coloque em prática, ou ainda, inventar é uma coisa, colocar em prática é outra coisa.

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A menina do leite



A menina era só alegria. Era a primeira vez que iria à cidade, vender o leite de sua
querida vaquinha. Colocou sua melhor roupa, um belo vestido azul, e partiu pela estrada com a lata de leite na cabeça. Ao caminhar, o leite chacoalhava dentro da lata. A menina também não conseguia parar de pensar:

"Vou vender o leite e comprar ovos, uma dúzia." 
"Depois, choco os ovos e ganho uma dúzia de pintinhos." 
"Quando os pintinhos crescerem, terei bonitos galos e galinhas." 
"Vendo os galos e crio as galinhas, que são ótimas para botar ovos." 
"Choco os ovos e terei mais galos e galinhas." 
"Vendo tudo e compro uma cabrita e algumas porcas." 
"Se cada porca me der três leitõezinhos, vendo dois, fico com um e ..." 

A menina estava tão distraída em seus pensamentos, que tropeçou numa pedra, perdeu o equilíbrio e levou um tombo. Lá se foi o leite branquinho pelo chão. E os ovos, os pintinhos, os galos, as galinhas, os cabritos, as porcas e os leitõezinhos pelos ares. 

Moral da história: 

Não se deve contar com uma coisa antes de conseguí-la.

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O peixinho dourado



Em terras distantes daqui, morava um casal muito pobre com seus quatro filhos. O homem era pescador, mas estava atravessando um período ruim e há dias não conseguia pescar nada. Uma madrugada, a mulher acordou e comunicou que naquele dia não havia nada para cozinhar e ele teria de trazer algo para colocar na panela e fazer um ensopado para a família, do contrário morreriam de fome.

O marido pegou a sua vara de pescar e dirigiu-se à beira do rio. O homem tentou durante toda a manha pescar algo, mas não conseguiu nada! Já quase na hora do almoço, desanimado, pensava em como voltaria para casa sem nada nas mãos, quando sentiu a vara repuxar-se. Firmou os pés e as mãos e puxou para fora da água um pequeno e lindo peixinho dourado, que brilhava como ouro na ponta da vara.

O homem pegou o peixinho e concluiu que o mesmo era maravilhoso! Digno de enfeitar um aquário numa bela casa! Mas não tinha alternativa, a família esperava pelo ensopado! Embora o peixe fosse muito pequeno daria para dar um sabor melhor à sopa rala que a mulher iria preparar. Pelo menos assim não voltaria para casa de mãos vazias. Quando ia, porém colocar o peixinho no saco ouviu um triste lamento:

_ Por favor, pescador! Poupe a minha vida! Sou o rei dos peixes e darei a você tudo o que desejar se atender ao meu pedido.

Assombrado, o homem mal podia acreditar que o peixe falara com ele e assustado retrucou:

_ Não posso fazer isso, minha família está passando necessidades e preciso levá-lo para alimentar meus filhos.
O peixe quase sem vida balbuciou:

_ Se me libertar darei a você tudo o que me pedir para beneficiar sua família.

O homem impressionado com o que ouvira e percebendo que se demorasse a libertar o peixe, o mesmo morreria em suas mãos, jogou-o de novo na água do rio. Vendo o peixe mergulhar e desaparecer, lamentou a sua insensatez, pois, agora voltaria sem nada para casa.

Qual não foi a sua surpresa ao ver surgir na superfície das águas o peixinho dourado com os olhos fixos nele dizendo:

_ Obrigado pescador, por ter poupado a minha vida. Em troca vou cumprir a minha promessa. O que você deseja para si e sua família? Tudo o que me pedir lhe será concedido!



O homem não acreditou novamente no que ouvia, mas, como se estivesse num sonho viu-se declarando:

_ Eu gostaria que tivesse alimento em minha casa! Fartura para minha família não passar mais necessidades.

O peixinho pareceu brilhar ainda mais, com um dourado incomum ao comunicar ao pescador:

_Vá para casa e encontrará o que me pediu.

O homem retornou para seu casebre, triste e abatido, pois, não havia acreditado em nada do que vira ou ouvira. Os acontecimentos da manhã pareceram-lhe mais uma ilusão, provocada pela fome que torturava seu estômago.

Ao chegar próximo à sua casa, refletindo em como comunicar à sua família o fracasso, qual não foi sua surpresa ao ver a esposa correndo em sua direção, acenando alegremente.

_ Marido! Marido! Você precisa ver o milagre que aconteceu! Venha ver! Os armários estão repletos de alimentos! Não sei como aconteceu isso! Uma fartura como nunca se viu em nossa casa!

Completamente espantado, mas muito feliz ao constatar que os acontecimentos daquela manhã haviam sido reais e não fruto de sua imaginação, o marido relatou à sua mulher tudo o que havia sucedido culminando com o surpreendente desfecho do pedido atendido.

A mulher ficou muito entusiasmada e ordenou ao esposo:

_Neste caso, este peixinho dourado, o rei dos peixes, deve a vida a você e por isto não fez mais que sua obrigação ao atender o seu pedido! Já que ele disse que você pode pedir o que quiser, volte lá e peça uma mesa e cadeiras para almoçarmos descentemente, enquanto preparo o almoço que vai ficar maravilhoso com tudo o que temos no armário.

Ao ver a mulher correr de volta para casa, o homem não teve alternativa a não ser dar meia volta e retornar à beira do rio. Lá chegando chamou timidamente:

_Peixinho dourado! Peixinho dourado!

Achou que estava fazendo um papel ridículo, ali parado na beira do rio, tentando se comunicar com um peixe e já ia voltar para casa quando viu as águas se agitarem e surgir a cabecinha dourada do peixe que disse com sua bela voz.

_Pois não pescador! Em que posso servi-lo?

Envergonhado o homem disse:

_Eu queria agradecer os alimentos que você providenciou para minha família, mas sabe o que é? É que não temos móveis em nossa casa e minha esposa pede que nos providencie uma mesa e cadeiras para que nós e nossos filhos possamos nos alimentar com mais conforto.

Novamente o brilho do rei dos peixinhos pareceu aumentar e ele disse antes de mergulhar novamente:

_Vá pescador! Seu desejo e o de sua esposa serão concedidos!

Desta vez, o homem não duvidou, pois já tinha tido provas suficientes dos poderes do peixinho dourado e correu de volta para casa!

Ao adentrar sua humilde casa não acreditou no que viu! Mas logo, sua mulher veio recebê-lo radiante de alegria contando que além da mesa com as cadeiras, o peixinho dourado tinha mobiliado toda a casa com móveis bonitos e modernos. Havia jogo de sala, quarto, cama, um guarda-roupa para cada filho, além de TV, som, DVD, e até um play station de última geração para as crianças. A família extremamente contente sentou-se à mesa e almoçou muito bem!

Após o almoço, a esposa chamou o marido e comentou que era uma pena terem móveis tão lindos dentro de uma casa tão feia e que precisava urgentemente de uma reforma. Ela estava preocupada com os dias de chuva e que as goteiras poderiam estragar os belos móveis e sugeriu que o marido fosse à beira do rio pedir ao rei dos peixes que reformasse a casa deles.

O marido ficou muito envergonhado, mas concordou com a mulher e foi conversar com o peixinho dourado. Chegando lá, chamou e o rei dos peixes que logo atendeu:

_ O que posso fazer por você pescador?



O homem muito constrangido respondeu:

_ É que minha mulher está muito encantada com os móveis que o senhor nos deu, mas teme que eles se estraguem na época das chuvas, pois nossa casa é cheia de goteiras e rachaduras e o reboco já está caindo em vários lugares. Será que pedir uma reforma em nossa casa seria pedir demais?

_Não! Pode voltar para casa que seu desejo e o de sua esposa estão concedidos!

O homem voltou correndo e ficou assombrado quando encontrou no lugar de sua velha casinha uma bela mansão com piscina e tudo mais.

A mulher e as crianças muito felizes vieram ao encontro do homem que perguntou:

_E aí mulher, está contente? O peixinho nos deu um belo presente!

A mulher concordou:

_Sim! É uma bela casa, mas como vamos morar nesta casa tão bonita se nem boas roupas temos? Eu, você e as crianças não temos trajes de banho para aproveitarmos a piscina e nossas roupas são todas velhas, rasgadas ou remendadas. Acho que você terá de voltar e procurar o peixinho dourado e pedir-lhe roupas para toda a família.

O homem concordou que realmente e família estava necessitada de roupas e resolveu conversar novamente com o rei dos peixes.

Chamou-o e fez o pedido. O peixinho declarou:

_Pode voltar para junto de sua família, o desejo de vocês foi satisfeito!

O homem agradeceu e correu para casa. Quando chegou à mansão encontrou a esposa e os filhos em belos trajes de banho se refrescando na piscina, sorrindo e brincando de espirrar água uns nos outros.

A mulher comunicou ao marido que toda família havia ganhado roupas de frio, de verão, trajes de banho, ela ganhara belos vestidos e ele, muitos ternos e roupas de casa e passeio.

Muito contentes eles passaram o dia se divertindo na piscina. Ao cair da tarde, já cansados de brincar, foram fazer um lanche e a esposa lembrou-se de algo que não lhe tinha ocorrido antes. Chamando o marido disse:

_Querido, como vou fazer para dar conta de limpar e cuidar desta casa tão grande? E ainda tomar conta das crianças e preparar as nossas refeições? Certamente nos dias de vento esta piscina ficará cheia de folhas e galhos das árvores. Como farei para cuidar de tudo? Ah, já sei! Corra à beira do rio e peça ao peixinho dourado para arranjar uma empregada para me ajudar.

O marido, sem alternativa, fez o que a mulher lhe pediu. Na beira do rio, chamou o peixinho e muito constrangido disse:

_Oh, meu amigo peixinho, minha esposa pediu para agradecer tudo o que nos deu, mas pediu também que você compreendesse que ela sozinha não conseguirá cuidar da nossa mansão, da piscina, das crianças e gostaria que o senhor arrumasse para ela um ajudante.

O peixinho mais uma vez disse ao homem que voltasse para junto de sua família que o seu desejo lhe fora concedido.

Ao chegar em casa o homem encontrou a mulher muito feliz e descansada, pois agora além de um ajudante para limpeza da casa, eles tinham uma cozinheira, uma lavadeira, e até uma babá para as crianças.

Muito felizes, se recolheram a uma feliz rotina de fartura e descanso até que alguns dias depois a mulher muito preocupada, procurou o marido e disse:

_Acho que você precisa procurar o peixinho dourado e pedir a ele dinheiro para mantermos a casa. Precisamos pagar água, luz, comprar alimentos e pagar aos empregados. Como vamos cuidar de uma casa tão grande com tantos empregados, sem dinheiro?

O homem vendo que a mulher tinha razão foi procurar novamente o rei dos peixes. Na beira do rio ele chamou:

_Peixinho dourado! Ô peixinho dourado!

Logo o peixinho apareceu iluminando a superfície da água com seu brilho incomum:

_O que desejas pescador?

Muito envergonhado o homem pediu:

_Sabe o que é peixinho dourado? Eu e minha família estamos muito felizes e agradecidos por tudo o que você nos deu, mas agora estamos precisando de dinheiro para pagar aos empregados e as contas da casa. Será que o senhor poderia nos ajudar?

O peixinho brilhou mais ainda e declarou antes de mergulhar.

_Volte para casa e procure atrás da porta da cozinha, você encontrará o que me pedes!

Certo de ter sido atendido, o homem fez como o peixinho tinha mandado e atrás da porta encontrou um saco de dinheiro que ele usou para saldar as contas da casa e guardou o restante para cobrir as despesas dos meses vindouros.

A partir daquele dia, o homem passou a viver muito feliz, descansado e curtindo a família, mas a esposa um dia reclamou:

_ Marido, estou cansada de ficar nesta casa o dia inteiro sem ter o que fazer. Se ao menos tivéssemos um carro para passearmos, irmos ao shopping e comer fora. Porque você não vai até o peixinho dourado e pede a ele um carro? Afinal, o dinheiro que temos no banco é para as despesas da casa e educação das crianças.

O marido tentou resistir dizendo que já estava satisfeito e não tinha coragem de pedir mais nada ao rei dos peixes, mas a mulher tanto insistiu que cedeu e foi para beira do rio.

_ Peixinho dourado! Ô peixinho dourado!

Por um momento pensou que o peixinho não viria à tona conversar com ele, mas logo o brilho dourado do peixinho se manifestou e ele emergiu das águas com toda sua majestade. O homem fez o pedido e mais uma vez foi atendido.

Ao retornar a casa encontrou na garagem não um, mas dois carros novinhos, um para si e outro para esposa. Parecia que nada mais lhe faltava para sem gloriosamente felizes, a esposa passeava com os filhos ou sozinha, ia às compras, ao salão de beleza; e o pescador passou a pescar somente como esporte.

Até que um dia ao chegar em casa da pescaria com os amigos, encontrou a esposa sentada no sofá da sala, muito triste e abatida, e quis saber o que estava acontecendo:

_Ora marido, é que eu estou cansada de ser uma pessoa comum, igual a todo mundo. Eu queria que fôssemos especiais, diferentes e que todos nos prestassem homenagem. Porque você não vai ao rei dos peixes e pede a ele para nos dar um título de rei e rainha? Aí sim, eu seria feliz de verdade!

O marido se negou a ir, disse que não tinha coragem de pedir mais nada ao peixinho que já tinha lhes dado tanto e que tratassem de ser felizes com o que tinham. Mas a mulher tanto insistiu, chorou e implorou que o homem querendo ver a esposa feliz, concordou em ir procurar o rei dos peixes. Profundamente constrangido ele chamou o peixinho e fez o pedido:

_Sabe o que é senhor? É que minha esposa está muito agradecida por tudo o que nos deu, mas ela queria que eu pedisse para eu ser rei e ela rainha, assim nossa felicidade estaria completa.

O peixinho demorou a responder e o homem começou a tremer de medo, temendo ter sido muito ousado, mas logo relaxou ao ouvir o peixinho declarar:

_Volte para junto de sua esposa, seu desejo será satisfeito!

O homem agradeceu e correu para dar a notícia à mulher, mas não foi preciso. Ao chegar, encontrou-a sentada num trono majestoso com uma coroa de ouro e pérolas na cabeça. Ao lado do trono da esposa havia outro preparado para ele, forrado de veludo vermelho, macio e confortável, com uma coroa de ouro e pedras preciosas esperando para que ele a colocasse sobre sua cabeça.

Coroados os dois, reinaram felizes lado a lado e a felicidade parecia completa até que um dia muito desanimada, sentada no trono ao lado do marido, com a mão no queixo, a esposa chamou:

_Marido!

_Sim querida!

_Você não acha enjoado termos que ficar aqui lado a lado, dia após dia, com estas coroas pesadas na cabeça? E nem somos tão importantes assim! Será que você não poderia ir até o peixinho dourado pedir para você ser Deus, e eu, a mãe de Jesus? Assim, seríamos sem dúvida as pessoas mais importantes do mundo!

O marido achou um absurdo e disse isto à esposa, mas ela tanto insistiu, chorou, implorou que ele depositou a coroa no trono e saiu para conversar com o rei dos peixes. Profundamente envergonhado, chamou bem baixinho, na esperança que o peixinho não ouvisse e fosse poupado de fazer tal pedido, tão constrangedor!

_Peixinho dourado! Sussurrou o homem.

_Peixinho dourado!

Mas logo a cabeça do peixinho apareceu na superfície da água e respondeu:

-Sim, homem! O que posso fazer por você?

O homem gaguejou:

_É que..., para mim nada, estou muito contente com o que tenho, mas minha esposa pede ao senhor que a faça plenamente feliz fazendo com que eu seja Deus e ela, a mãe de Jesus, a fim de sermos realmente, as pessoas mais importantes deste mundo! Este é o pedido!

O peixinho brilhou ainda mais intensamente, fixou os olhos nos olhos do homem, e disse:

_Volte para junto de sua esposa, lá você encontrará tudo o que merecem!

Proferindo estas palavras, o peixinho mergulhou, não dando ao homem tempo de agradecer. Radiante ele correu para casa, certo de ter sido novamente atendido.

Quando estava quase chegando, viu espantado a esposa e as crianças correndo desesperados em sua direção, vestidos com suas antigas roupas, surradas e remendadas. Ao se aproximar, a mulher segurou-o pelos ombros e sacudiu-o gritando:

_Marido, o que você pediu ao rei dos peixes? Veja o que aconteceu! Puxou-o para frente da casa e assombrado, viu sua antiga e pobre casinha, quase caindo aos pedaços. E a mulher continuou:

_Tudo desapareceu! Nossa casa, nossos carros, os empregados, a piscina, as roupas, os tronos, as coroas e os belos móveis. Não temos mais nada! O que aconteceu?

Triste, mas conformado, o homem abraçou a esposa e os filhos e disse:

_Agora compreendo o que o peixinho dourado quis mostrar quando pediu que eu voltasse para casa e encontraria tudo o que merecíamos. Realmente, só lamento não termos sido gratos pelo que tínhamos e espero que nossos filhos não tenham que pagar pelos nossos erros. Que no futuro, eles possam alcançar com seu trabalho, tudo que acabaram de perder. Agora, devemos aprender uma lição para vida: “Quem tudo quer tudo perde”!

Filosofia da história:
Devemos ser gratos por tudo o que recebemos das mãos de Deus e entregar o que nos foi supérfluo e o que não nos fizer muita falta em benefício dos pobres e em obras de religião e caridade.

“Não gostar do que tem e querer o que não tem – é a história de todos os homens”
(François-René de Chateaubriand / 1768-1848)





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A menina e a tempestade



Uma garota costumava ir a pé todos os dias para escola. Numa tarde de tempestade, ela começou a demorar muito: os ventos sopravam cada vez com mais força, os trovões e raios sacudiam a vizinhança.

A mãe, preocupada, telefonou para escola, e informaram que a menina já havia saído. Ao ver que ela não chegava, colocou uma capa de chuva e saiu, imaginando que a filha devia estar paralisada de medo, escondida talvez na casa de um vizinho, chorando, e esperando a tempestade passar.

Para sua tranquilidade, assim que dobrou a esquina, viu a menina andando lentamente, em direção a casa, mas ela parava cada vez que caía um raio, olhava para o céu, e sorria.

A mãe chegou correndo, colocou a menina debaixo de sua capa, e perguntou por que ela tinha demorado tanto.

- Você não está vendo os flashes? – disse a criança – Deus está tirando fotos de mim!

Filosofia da história:
Deus protege os que Nele confiam cegamente.

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A amiga de sempre



Era uma vez um menino muito solitário, mas esperto. Ao chupar uma deliciosa manga, resolveu enterrar o caroço no quintal de sua casa num cantinho perto do muro. O tempo passou, o caroço brotou e a árvore cresceu forte, bela e frondosa. O menino, que se chamava Pedro, vigiou o crescimento da planta e, à medida que a árvore se desenvolvia, crescia também a amizade dos dois. O menino passava horas, entretido, conversando com a amiga. Os dois discutiam sobre tudo: seus problemas, alegrias, tristezas e vitórias.

Com o passar do tempo, Pedro armou um balanço no galho mais forte da árvore e passava o dia se divertindo na sombra fresca de sua amiga. Na época de frutas, se deliciava com seus frutos saborosos, assim, os anos de sua meninice passaram como num piscar de olhos.

Ao chegar à adolescência, as visitas de Pedro à árvore diminuíram e só os pássaros vinham fazer companhia à árvore solitária.

Um dia, depois de meses sem procurar por sua amiga, Pedro sentou-se encostado no tronco e confidenciou o motivo de seu sumiço. Estava apaixonado por uma colega de escola e queria convidá-la para sair, mas não tinha dinheiro e nem emprego, como fazer?

A árvore, preocupada com a situação, teve uma ideia e achou a solução. Disse a Pedro que ia se esforçar ao máximo para cobrir-se de flores, que se transformariam em frutos doces e suculentos que o garoto poderia vender na feira e arranjar dinheiro. Assim ele convidaria a garota para sair.

Animado, Pedro concordou com a ideia. A árvore se esforçou muito e dali algum tempo seus galhos pendiam quase até o chão, carregadinhos de frutos que eram uma alegria para os olhos e o paladar. Muito animado, Pedro colheu-os e vendeu na feira do bairro por um bom preço. Na feira, fez amizade com os comerciantes que, percebendo que ele era um bom vendedor, convidaram-no para trabalhar com eles e Pedro então, conseguiu um emprego que lhe permitiu realizar parte de seus sonhos. Comprar um automóvel, por exemplo, um anel de brilhante para oficializar o noivado.

Passaram se muitos meses e Pedro trabalhando, estudando e de casamento marcado, sem tempo de visitar a árvore, acabou abandonando novamente a amiga, que esperava pacientemente pela visita do garoto.

Um dia Pedro aproximou-se tristemente da árvore e sentou-se por um momento em seu antigo balanço. A árvore, muito alegre com a visita, quis logo saber notícias do amigo e ficou sabendo que o motivo de sua preocupação era o casamento que se aproximava e ele não tinha ainda dinheiro suficiente para mobiliar o apartamento que construíra em cima da casa de seus pais.

A árvore, que detestava ver a tristeza nos olhos do amigo, logo apresentou a solução: sugeriu que ele cortasse o seu tronco e galhos que eram de madeira de boa qualidade e, com eles, fizesse os móveis que precisava para mobiliar a casa. Com folhas macias e perfumadas recheasse um colchão e travesseiros para colocar na cama do casal.

Pedro ficou exultante com a idéia e tratou logo de colocá-la em prática. Pegou o machado e cortou a árvore, deixando apenas um pedaço de tronco onde antes havia uma sombra frondosa.

O casamento se realizou, Pedro mudou-se com a esposa para a nova casa e muitos anos se passaram. O casal envelheceu junto e feliz, teve filhos que cresceram, casaram e foram cuidar de suas vidas. Depois de muitos anos, a esposa de Pedro faleceu e este ficou só, na casa que dividiu com a família. E, na sua solidão, lembrou-se da amiga de todas as horas que não tivera mais tempo de visitar devido à sua vida cheia de afazeres.

Tomando a bengala que usava desde que começou a ter dificuldades para caminhar, dirigiu-se ao fundo do quintal. O velho tronco continuava lá como se estivesse sempre esperando por ele. A amiga saudou-o como se estivesse estado lá no dia anterior:

- Olá, menino! Como vai você? Que novidades tem pra mim hoje?

Pedro, muito triste, percebeu a falta que sentira de sua amiga durante todos aqueles anos e, envergonhado, disse:

- Não me chame de menino, já há muito tempo deixei de sê-lo. Hoje sou um velho triste, solitário e arrependido por não ter dado valor a quem me deu tudo que tinha; seus frutos, suas folhas, sua madeira, enfim, toda sua amizade e eu só retribuí com esquecimento e ingratidão. Perdoe-me, minha amiga!!

A árvore retrucou, comovida:

- Não há nada a perdoar! Não se nega nada a quem se ama e, para mim, você sempre será um menino! Não tenho nada mais para lhe oferecer, mas ofereço-lhe meu tronco para repousar o seu corpo cansado, e minha amizade e companhia pelo resto de sua vida.

As lágrimas escorriam pelos olhos de Pedro que, apoiando-se na bengala, sentou-se com dificuldade no tronco da árvore e disse transbordante de alegria:

- Você me deu tudo que precisei durante a minha vida e continua fazendo isso. Tudo o que preciso neste momento é justamente da sua companhia e da sua amizade!

E, juntos, desfrutaram a alegria tranqüila do companheirismo.

Filosofia da história:
Devemos amar, respeitar e dar valor a quem nos ama e cuida de nós com carinho, principalmente à nossa família, e nunca nos esquecer de sermos gratos. Um “muito obrigado!” faz muita diferença e alegra o coração de quem recebe o agradecimento.

Final feliz pede bis, então... Conte outra vez!

http://horadoconto-tiageraldinha.blogspot.com/2011/09/educacao-em-pauta.htm

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