domingo, 21 de junho de 2015

Psicologia e Desenvolvimento da Aprendizagem

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM


A aprendizagem é um aspecto cognitivo, que envolve o ser humano em sua totalidade, sabemos que fatores como natureza, alimentação e vivência são requisitos importantes para o processo do desenvolvimento da aprendizagem do indivíduo.
Para Santos(2006, p. 4)


O desenvolvimento humano se estabelece através da interação com o indivíduo com o ambiente físico e social.
Se caracteriza pelo desenvolvimento mental e pelo crescimento orgânico.
O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais.
As estruturas mentais são formadas de organizações de atividades mentais que vão se aperfeiçoando e se solidificando, até o momento que todas elas, estando plenamente desenvolvidas caracterizando um estado de equilíbrio superior em relação a inteligência, a vida afetiva e as relações sociais.


Todas as fases de desenvolvimento como fetal, nascimento, infância, adolescência e fase adulta estão em constante aprendizado e reorganizando suas estruturas mentais, sociais e físicas, e justamente por isso que é importante conhecermos todas essas vivências e experiências juntamente com seus estágios e seus processos de desenvolvimento na opinião de estudiosos como Wallon, Vygostisk e Piaget, com diferentes esquemas estruturais para o desenvolvimento da aprendizagem e todas elas com suas peculiaridades distintas que complementam a interação do indivíduo na sua totalidade.
A aprendizagem é um processo que vem de dentro para fora, ou seja, o indivíduo processa a informação e tenta repeti-la, então a aprendizagem se dá a partir da troca de experiências e vivências, seja ela social, física ou emocional.
Segundo Henri Walon, o estudo dos aspectos mentais de desenvolvimento da criança é fundamental para o seu processo educacional, como psicólogo tratou de pesquisar sobre o desenvolvimento o indivíduo a partir do seu nascimento com a perspectiva da emoção, afeto e movimento.
Segundo Galvão (1995, p.19):


Preocupado em afirmar a especificidade da psicologia como ciência, Wallon busca experimentar seus fundamentos epistemológicos, objetivos e métodos. Dialoga com as principais correntes no pensamento filosófico ocidental, procurando identificar a origem das contradições que atingem a psicologia de sua época. Opõe-se as concepções reducionistas que limitam a compreensão do psiquismo humano a um ou a outro termo da dualidade.

Walon foi um humanista, preocupado sempre com o desenvolvimento integral da criança, não se absteve de ir a além do que a psicologia da época conhecia, dividiu então sua pesquisa em cinco estágios:


- Estágio Impulsivo Emocional: Se dá no período de 0 a 1 ano, inicia a partir de movimentos não estruturados e impulsivos, a coordenação e estruturação dos seus movimentos e diálogo com o corpo;
- Estágio sensório motor e projetivo: Se dá no período de 1 a 3 anos, se dá a partir da fala e gesto, e utiliza objetos para o desenvolvimento motor e cognitivo;
- Estágio do personalismo: Se dá no período de 3 a 6 anos, neste estágio se dá a partir da interação de si mesmo com o outro, trocas de experiências, imitações.
- Estágio categorial: Se dá no período de 4 a 11 anos, neste momento a criança já entende sua individualidade e se senti seguro para explorar o mundo físico com atividades em grupo e com assimila atividades com vários níveis de abstração.
-Estágio da puberdade e adolescência: Se dá a partir dos 11 anos. Nesta fase a criança passa de um estágio de firmação de caráter, seu desenvolvimento motor, afetivo e intelectual estão afiados e prontos para novas transformações. O corpo novamente se transforma e se torna um período bastante complexo.
Segundo Galvão (1995, p.44):


Na sucessão dos estágios há uma alternância entre as formas de atividades que assumem a preponderância em cada fase. Cada nova fase inverte a orientação da atividade e do interesse da criança: do eu para o mundo, das pessoas para as coisas. Trata-se do principio da alternância funcional.


Para Levi Semenovich Vygostsky, a sua teoria, muito conhecida no meio educacional, afirma ser determinante para o desenvolvimento a aquisição de conhecimentos do indivíduo e a relação dele com outras pessoas. Vygostsky considera o homem um ser histórico e produto de um conjunto de relações sociais, destaca em seus estudos que é preciso considerar dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. O real consiste em tudo aquilo que o indivíduo já sabe e o que ele já conhece. O potencial é aquilo que ele pode fazer ou o que pode aprender com o determinado objeto.
O que se destaca na teoria desse autor é o que chamamos de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que é a distancia entre seu desenvolvimento real, que se acostuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível do seu desenvolvimento potencial.
Segundo Dalla Valle (2007, p. 35):


A zona de desenvolvimento proximal, como o próprio nome sugere, sempre está próxima do que a criança já sabe (real), e isso reafirma uma prática há muito difundida nas nossa escolas: devemos sempre, como professores, partir do que a criança já tem.(...) Para traçarmos um paralelo com as práticas diárias dos professores de crianças pequenas e, em linhas gerais, trazermos o pensamento de Vygostsky para a escola, temos que trabalhar com três vertentes: interação, linguagem e zona de desenvolvimento proximal.

Isso não quer dizer que devemos somente deixar as crianças se desenvolverem sozinhas, mas nesse ponto somos apenas mediadores, servimos de ponte para que o processo de aprendizagem aconteça de fato.
Jean Piaget desenvolveu em seus estudos o processo da aquisição do conhecimento por parte das crianças. Para o autor o conhecimento é uma construção diária que parte do contato com outras crianças com os objetos de estudo, que parte do fator físico/ mental/ afetivo. Sua teoria chama-se Epistomologia Genética, onde afirma que o conhecimento resulta das interações que se produzem a meio caminho entre sujeito e objeto.
Piaget afirma que o indivíduo passa por diferentes estágios, sendo desde o momento que nasce até a fase adulta, estes estágios são “estágios de desenvolvimento”. Vejamos:
1º Estágio: Sensório-motor (0 a 2 anos): A criança conquista seu mundo através de percepção e dos movimentos que a cerca.
2º Estágio: Pré-operatório (2 a 7 anos): Inicia-se a fase oral, onde desenvolverá os aspectos intelectuais e afetivo social da criança;
3º Estágio: Período das operações concretas (7 a 11 ou 12 anos): A criança apresenta capacidade de reflexão, adquire autonomia e organiza seus próprios valores morais;
4º Estágio: Período das operações formais (A partir dos 12 anos em diante): É a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato, é capaz de lidar com conceitos de liberdade, justiça etc. e capacidade de reflexão espontânea.
A teoria de Piaget apresenta ainda alguns conceitos muito importantes para a educação e para nosso contexto de aprendizagem. São eles: equilibração, adaptação, acomodação, assimilação e desequilíbrio.
Seria impossível em tão poucas linhas falar sobre todo o desenvolvimento da aprendizagem desses autores, são inúmeras obras e estudos realizados a cerca desse tema tão complexo e ao meso tempo surpreendente. Falar sobre desenvolvimento humano, sobre desenvolvimento da aprendizagem é interessante e inevitável para nós auxiliares na construção do conhecimento.
Partindo agora para minhas experiências pessoais posso dizer que o processo de aprendizagem realmente ocorre quando colocamos em prática.
Cada indivíduo traz com sigo a sua complexidade, os fatores como cultura, sociedade e ambiente transformam e moldam a sua personalidade, então seria errôneo dizer que todos aprendem da mesma maneira.
Certa vez, na alfabetização, alunos entre 6 e 9 anos, me deparei com um aluno de 7 anos muito educado e atencioso, mas tinha um problema de déficit de atenção, conhecia todas as letras do alfabeto mas não sabia ler. Então me questionava porque isso acontecia, dado ao fato de que ele tinha todos os requisitos para ser um bom aluno, o que aplicava em sala não surtia resultado para ele, mas percebi que o garoto era muito dado a jogos e brincadeira. Foi quando me surgiu a ideia de desenvolver um jogo, “o jogo das letras”, fiz todo o silabário duplicado e em formato de cartões com imãs colados atrás e cartões grandes com imagens de frutas e objetos, eu entregava para ele a figura e ele tinha que colar o imã as suas respectivas sílabas, por exemplo: macaco, e ele separava as sílabas e colava. Bom, na primeira tentativa foi frustrada, então no segundo dia eu separei as silabas e dei a ele, então ele colocou-as em ordem e formou a palavra, fiz várias atividades com o aluno e depois de dois dias ele começou a ler sem tantas dificuldades.
O que pude perceber é que o aluno simplesmente não entendia como as palavras se formavam, e ao lê-las em ordem foi percebendo que a junção das sílabas fazia sentindo.
O ensinar e aprender é uma experiência mútua, desde que tenha um objetivo como, o querer fazer. Com essa experiência percebi como o indivíduo é singular e ao mesmo tempo desafiador, mesmo assim não posso deixar de enfatizar sobre a importância dos pais dentro do âmbito escolar. O fato de conhecer os pais do aluno me deu mais uma ferramenta para construir essa processo de aprendizagem sobre a alfabetização, eles me forneceram um diálogo aberto e enriquecedor a cerca do aluno, talvez se isso não tivesse acontecido não teria chegado a esse resultado em tão pouco tempo.
O papel dos pais na escola é fundamental nos dias de hoje, vivemos em um mundo violento, com drogas e novas tecnologias e a criança cada dia tem mais acesso as informações fora dos muros escolares, isso se torna atraente aos olhos do aluno, já que é tudo “novidade”. A escola e pais tem que andar juntos no que diz respeito a educação e aprendizagem do filho, assim fica mais difícil o desvio para outras informações.
O pai faz o papel de facilitador nesse processo de ensino aprendizagem, ele cobra, corrige e anda sempre em constancia com o professor. Auxiliando nas atividades e estando sempre na escola no papel de conferente e fiscalizador das ações.


REFERENCIAS:
DALLA VALLE, Luciana de Luca. Metodologia da Alfabetização, Curitiba – PR: Ibpex, 2007.


GALVÃO, Isabel. Henri Wallon, Uma concepção dialética do desenvolvimento Infantil. Petrópolis – RJ: Vozes, 1995.

SANTOS, Rosangela Pires dos. Psicologia do Desenvolvimento da Aprendizagem, São Paulo – SP: Ieditora, 2006.

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