sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Usar o computador estimula a memória e o raciocínio. O desafio de aprender a usar o equipamento melhora o humor e a auto-estima dos mais velhos.


O desafio de aprender a usar o equipamento melhora o humor e a auto-estima dos mais velhos.
Paulo Pacheco e Maria de Lourdes Dorneles tiveram o primeiro contato com o computador há três meses e já estão no segundo nível do curso de informática para idosos 

Foto: Diego Vara / Agencia RBS


Geyce Vargas/Especial




Reduzir a perda de memória e melhorar o racicínio, que vão declinando com a idade, é mais do que possível. Uma das atividades que mais desafiam as pessoas mais velhas é aprender a usar o computador e, na sequência, a internet.

– Frequentemente os idosos são estimulados a usar a internet. Já ouvi idosos comentar “dá para ver as fotos da viagem da fulana na internet”, dá para pagar a conta pela internet”, “minha neta comprou um pacote de viagem pela internet muito barato”, “meu netinho pediu baixar um joguinho”... Então eles querem aprender também. E isto é muito estimulante – explica a Carla Schwanke, doutora em Gerontologia Biomédica e professora do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS.



Uma pesquisa realizada pelo Centro de Saúde e Envelhecimento da Universidade de Western Australia analisou o uso do computador de mais de cinco mil pessoas com idades entre 65 e 86 anos durante oito anos. Entre os resultados, um chamou mais a atenção: o risco de demência diminuiu 40% nessas pessoas.

Paulo Pacheco, 63 anos, trabalhou como vigilante durante muito tempo. O contato com o computador aconteceu pela primeira vez há três meses.

– Eu não sabia nem ligar. Foi incrível aprender a usar o mouse. Fiz o primeiro nível do curso e agora vou começar o segundo módulo. Sempre tive vontade de aprender a usar o computador – conta.

A saúde ficou delicada e Pacheco parar de trabalhar. Foi durante a recuperação, na Sociedade Porto Alegrense de Auxílio aos Necessitados (Spaan), que ele teve seu primeiro contato com o equipamento.

– Quando eu estiver totalmente recuperado, quero voltar a trabalhar e agora que eu sei usar o computador posso conseguir oportunidades melhores.



Companheira de Pacheco nas aulas de dança, Maria de Lourdes Lopes Dorneles, 64 anos, também frequentou as aulas de informática.

– A gente vai aprendendo vários segredinhos. Achei que seria difícil, mas aprendi super rápido. No começo, eu tinha medo, mas lembrei das aulas da datilografia que fiz quando era jovem e hoje já consigo usar todos os dedos para digitar. Estou ansiosa para aprender a usar a internet.

Depois que dominam os programas, a terceira idade tende a fazer uma das coisas que mais dá prazer: se aproximar dos familiares e amigos. Nancy Orego foi além. Aos 67 anos, ela coordena um grupo de veteranos e usa o Facebook para conversar com as colegas, agendar eventos e fazer pesquisas.

– Organizamos viagens e eventos. A internet é muito boa para pesquisar os lugares para onde vamos.

Segundo Schwanke, os idosos descobrem possibilidades de utilização do computador e da internet. Se antes eles ficavam sozinhos em casa durante horas, agora podem interagir com quem está distante e com quem vê todos os dias.

– Ainda assim, eles precisam manter o contato presencial. O computador facilitou a comunicação e isso dá a sensação de acesso, melhora o humor, a auto-estima, a memória e a qualidade de vida. Na semana passada, vi um grupo de idosos em uma aula de computação e perguntei o que estavam fazendo. A resposta foi “lendo poemas”. Então, é um universo novo a ser explorado – explica a professora.




DIÁRIO GAÚCHO

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