Um ex-socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) questiona o atendimento de uma médica a um idoso que morreu, em São José, Grande Florianópolis. Segundo o profissional que trabalhava no órgão, na época do caso, a especialista não seguiu protocolos básicos de atendimento. O caso aconteceu em 5 de março deste ano e os dois profissionais deixaram a instituição.
O paciente, de 61 anos, ligou para a emergência. Segundo a reportagem da RBS TV, duas unidades do Samu foram acionadas, uma de atendimento básico e outra avançada. Conforme a família, elas chegaram quase juntas, cerca de meia hora depois.
A filha, Deise da Silveira conta que entrou o pai ofegante, suando, pálido e com a pele fria. O homem chegou a descer parte das escadas do prédio, mas não conseguiu e ficou na metade. Uma vizinha, que é enfermeira, ajudou no socorro durante a espera da equipe de emergência. As duas mulheres contam que o idoso teve uma parada cardíaca. "Aí eu senti, ele estava sem pulso, não estava respurando. Eu dei um soco no peito dele e fiz um pouco de massagem, aí ela fez a respiração e um senhor que estava ali nos ajudou, e ele voltou", recorda Geiziani Clasen.
A filha e a enfermeira afirmam que, quando a unidade avançada chegou, a médica viu o paciente acordado e ficou alterada. "Ela olhou pra mim e falou assim: 'pode levar tudo de volta porque não é suporte avançado. Vocês tem que aprender muito na vida para saber o que é uma parada", comenta.
Protocolos não teriam sido seguidos
O ex-socorrista Cristian Santiago Prim disse à reportagem da RBS TV que a médica não seguiu os protocolos padrões de atendimento a este tipo de paciente. A equipe teria deixado o local sem antes estabilizar o paciente. Manoel da Silva Tinoco Neto morreu depois de dar entrada no Instituto do Coração, dez minutos após ser levado para a unidade de saúde. Prim afirma que havia muito trânsito no trajeto porque era final de tarde.
"Nós chegamos em uma parada, tem que seguir o protocolo: massagem cardíaca, o médico vai entubar, o enfermeiro vai pegar acesso. Esse é o protocolo a ser seguido. Só se sai a partir do momento que o paciente está estabilizado. Independentemente de onde o paciente vai parar. Se ele parar na porta do hospital, tu fazes todo o procedimento ali antes de levá-lo para o hospital. Isso não foi feito", comenta.
Além disso, a equipe médica do hospital não teria sido informada da chegada do paciente, de acordo com o socorrista que dirigia a ambulância, o médico do Instituto de Cardiologia e o supervisor do Samu. Prim afirma que a médica não ligou para a central do serviço, para informar o estado de saúde do paciente e receber a orientação de onde ir.
Samu afirma que todas medidas foram tomadas
"A gente toma sempre as medidas administrativas dentro da instituição, que foram tomadas. A questão da conduta médica, realmente cabe ao Conselho Regional de Medicina", disse o supervisor do Samu Alfredo Schmidt Hebbel.
Em nota, o Conselho informou à RBS TV que, por enquanto, não há nenhum registro desse caso. A partir do momento que a denúncia for protocolada, será aberta uma sindicância. Conforme a reportagem, a médica Cibele é formada em medicina há um ano e meio e trabalhava no Samu há 11 meses.
O advogado dela, Erial Lopes de Haro, explica que "ela pediu demissão por ato próprio, sem nenhuma pressão e porque está estudando. Os protocolos clínicos, técnicos foram todos rigorosamente cumpridos". Sobre o porquê de a médica não ter regulado a ocorrência, o advogado respondeu que "talvez ela tenha priorizado o atendimento em detrimento de protocolos burocráticos da instituição".
Fonte: G1
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