Tomar dois litros de água por dia é a chave para uma vida saudável. Você provavelmente já ouviu alguém dizendo isso. O consumo da água está ligado diretamente à saúde, mas isso não necessariamente pode ser uma verdade indiscutível. Uma análise da composição dos rótulos das marcas de água mineral comercializadas no Paraná revelou uma grande discrepância no teor de sódio entre elas. O levantamento foi feito pela Go4! Consultoria de Negócios, a partir de uma preocupação com a saúde, de acordo com o consultor da empresa, Peter Takagi. “A gente se preocupa com tantos aspectos da nossa alimentação, como agrotóxico, gordura trans e até o sódio nos alimentos, mas damos pouca atenção à água. Por essa razão, resolvemos verificar essa questão”, conta.
Cuidado
Consumo controlado de sal mantém o organismo equilibrado
O consumo excessivo de sódio pode causar desequilíbrio no organismo. “Quando a gente consome muito sal, a gente sente mais sede porque a água ajuda a colocar o corpo em equilíbrio. Isso, a médio ou longo prazo, pode causar hipertensão e problemas cardiovasculares”, explica a nutricionista Gisele Raymundo. O professor Edgar Teixeira, 52 anos, sofre de pressão alta moderada. Ele cuida da saúde fazendo exercícios, tomando medicamentos e controlando a alimentação. “Principalmente na ingestão de sal. Aos poucos, fui diminuindo a porção de sal do dia a dia. Hoje eu já não coloco mais sal na salada, por exemplo.” Entretanto, ele nunca havia atentado para o sódio ingerido na água mineral. “Não se divulga muito, não se fala disso. Você pede uma água com gás ou sem gás e não vê a composição dela. Acho que essa informação precisava ser mais pública”, opina. Além de observar a ingestão de sódio na água, a nutricionista recomenda uma alimentação mais saudável. “Quanto mais natural for a sua comida, melhor você vai comer. Em vez de comprar uma lasanha congelada, faça uma lasanha em casa. Você vai comer muito menos conservantes e, como consequência, muito menos sódio.”
Das 12 marcas verificadas, seis são produzidas no Paraná e seis são de outros estados. Na média geral, as marcas locais apresentam teor de sódio inferior. A marca Fontana Oro, de Cascavel, apresenta a menor quantidade: apenas 0,2 miligramas por litro (mg/L). Já a Serra da Graciosa, de Curitiba, tem o maior teor do estado: 9,501 mg/L. Apesar da diferença grande entre as composições químicas, o salto é ainda maior se comparado com outras fontes. A água São Lourenço, comercializada pela Nestlé, apresenta 30,17 miligramas de sódio por litro e a fonte Ijuí, do Rio Grande do Sul, uma das fontes da marca Crystal, da Coca-Cola, tem a maior concentração de sal: 103,6 mg/L. A diferença ocorre pela formação geológica próxima às fontes, segundo Takagi.
Nenhuma delas ultrapassa o limite recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é de 600 mg/L. Mesmo assim, uma água com mais sódio pode desequilibrar uma dieta saudável na conta total, na opinião da nutricionista Gisele Raymundo. Ela explica que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma pessoa adulta é de 2.400 mg de sódio por dia, o que equivale a 5 ou 6 gramas de sal, mas a maioria dos alimentos consumidos hoje em dia já são ricos no mineral – e o alimento não precisa ser necessariamente salgado. “Produtos como a Coca-Cola são doces, mas têm sódio na forma do ciclamato de sódio e da sacarina monossódica, que são adoçantes. O pão tem sódio na forma do benzoato de sódio, que é um dos conservantes usados, e por aí vai”, explica. “A água com muito sódio pode contribuir para chegar perto desse total”, completa.
GAZETA DO POVO
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